Mundo

Países da OCDE se reúnem após revelações dos Panama Papers

"O objetivo é refletir sobre as possibilidades de cooperação e de intercâmbio de informações", segundo OCDE


	OCDE: o objetivo é refletir sobre as possibilidades de cooperação e de intercâmbio de informações
 (Antoine Antoniol/Bloomberg)

OCDE: o objetivo é refletir sobre as possibilidades de cooperação e de intercâmbio de informações (Antoine Antoniol/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2016 às 14h08.

Representantes das administrações tributárias de todo o mundo se reuniram nesta quarta-feira na sede da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris, em busca de uma ação conjunta ante as revelações dos chamados "Panama Papers".

"Participantes de uma série de países, entre eles membros da OCDE e do G20, trocaram pontos de vista sobre os 'Panama Papers' e sondaram possíveis mecanismos de cooperação", informou um comunicado da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

"Cada administração tributária se ocupará de implementar o correspondente seguimento, conforme suas disposições legais e regulamentares e no marco dos acordos de intercâmbio de informação tributária que os governos têm firmados entre eles", acrescentou a OCDE, que afirma que "os debates são confidenciais" e que este organismo "não sabe de nenhuma informação específica sobre contribuintes".

Convocada na sexta-feira, essa reunião do JITSIC (União Internacional de Informação e Colaboração sobre Paraísos Fiscais) foi celebrada a portas fechadas.

O JITSIC, que agrupa responsabilidades de administrações fiscais de 46 países, tem como missão reagir aos riscos de fraude fiscal em escala internacional, mediante uma ativa colaboração e um intercâmbio rápido e eficaz de informações entre administrações.

"Fundamentalmente, trata-se de ter uma visão de conjunto sobre os mecanismos de evasão fiscal", explicou ao Australian Financial Review o responsável pelos serviços fiscais australianos, Chris Jordan, cujo país preside o JITSIC.

"Muitos países têm informações", assegura. "Trata-se de saber quem tem o que e como podemos trabalhar juntos", completa.

"O JITSIC, enquanto uma rede de administrações fiscais destinadas a compartilhar informação e lutar conjuntamente contra riscos comuns, está bem situado para assumir esse desafio", segundo a OCDE.

Na terça-feira, a Comissão Europeia apresentou na cidade francesa de Estrasburgo um novo plano para obrigar as multinacionais a aumentar sua transparência fiscal.

A nova norma obrigaria as companhias a proporcionar, para cada país, seus dados contáveis e fiscais, assim como informar dos impostos pagos em cada Estado-membro do bloco.

Os chamados "Panama Papers" revelaram como o escritório de advogados panamenho Mossack Fonseca criou empresas offshore que permitiram evadir o pagamento de impostos a personalidades do mundo todo.

As revelações já provocaram a queda do primeiro-ministro islandês, citado nos documentos, e compromete líderes de Argentina, Reino Unido, Rússia, Ucrânia e China, assim como atletas e milionários.

Escritórios revistados no Panamá

Horas antes do início da reunião da OCDE em Paris, a justiça panamenha revistou os escritórios da firma de advocacia Mossack Fonseca.

O prédio principal da Mossack Fonseca, especializada na criação de sociedades 'offshore', ficou cercado nesta terça-feira durante várias horas por jornalistas e policiais.

"A diligência de revista, instrução ocular e registro transcorre na devida forma e sem qualquer tipo de percalço ou impedimento", informou a procuradoria panamenha, anunciando revistas similares em filiais do grupo.

O sistema financeiro panamenho recebe a atenção do mundo depois que os documentos revelaram a existência de 214.000 companhias 'offshore' implicadas em operações financeiras em mais de 200 países e territórios do planeta.

As autoridades tributárias do Peru também revistaram na segunda-feira a filial da Mossack Fonseca em busca de informação e, em El Salvador, a procuradoria apreendeu na semana passada computadores e documentos do escritório de advogados local.

Texto atualizado às 14h08

Acompanhe tudo sobre:EscândalosEuropaFrançaFraudesMetrópoles globaisOCDEParis (França)

Mais de Mundo

Com Itália envelhecida, projeto quer facilitar ida de imigrantes para trabalhar no país; entenda

Premiê de Bangladesh cancela viagem ao Brasil após protestos em massa

Supremo de Bangladesh anula cotas de emprego que geraram protestos com mais de 100 mortos

Coreia do Norte lança mais balões de lixo e Seul diz que tocará k-pop na fronteira como resposta

Mais na Exame