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"Pai" do Protocolo de Kyoto se frustra com negociações

Em entrevista por telefone de Buenos Aires, esta semana, Estrada defendeu o tratado e disse que os esforços para desenhar outro que o substitua correm risco

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Anthony Lucas e Mariette le Roux

Publicado em 23 de maio de 2012, 18h12.

Bonn - As negociações sobre o clima vão a lugar nenhum, enquanto políticos oscilam entre a hesitação e a disputa, e o ritmo do aquecimento acelera-se perigosamente, disse à AFP um dos arquitetos do Protocolo de Kyoto.

"Me parece que as negociações estão retornando à estaca zero", lamentou Raul Estrada, o "pai" do único tratado internacional a especificar cortes nas emissões de gases de efeito estufa, enquanto Bonn, antiga capital da República Federal alemã, sedia até a próxima sexta-feira a primeira rodada de negociações para um novo acordo global.

Em entrevista por telefone de Buenos Aires, esta semana, Estrada defendeu o tratado e disse que os esforços para desenhar outro que o substitua correm risco.

"Jogamos os dados e avançamos três ou quatro casas. Depois, voltamos a jogar e retrocedemos. Esta é o exercício do clima", disse o ex-diplomata argentino que dirigiu a histórica conferência de 1997, que resultou no desenho do tratado japonês.

O protocolo vincula 37 países ricos ao compromisso de reduzir as emissões de carbono, mas não estabelece metas para as economias menos desenvolvidas.

Trata-se de um formato que, segundo críticos, está desatualizado, uma vez que Brasil, Índia e China são agora importantes emissores.

A primeira rodada de compromissos de Kyoto expira no final deste ano. Renová-lo é uma das muitas chaves que permitiriam abrir a porta para um acordo mais amplo a ser concluído até 2015 para entrar em vigor até 2020.

Kyoto "é uma excelente fonte de experiências para qualquer tratado sucessor", disse Estrada.

Altos oficiais reúnem-se durante 11 dias em Bonn para a primeira rodada de negociações com vistas a seguir a chamada Plataforma de Durban, conjunto de acordos resultante das negociações lançadas em dezembro do ano passado, na África do Sul, e que previu a costura de um acordo para conter as emissões em 2020.


"Há muito pouca ciência na discussão, a maior parte se trata de interesses ou argumentos políticos tentando usar coisas que foram decididas 20 ou 30 anos atrás", disse Estrada.

Com a fragilidade das discussões climáticas desde a caótica Conferência de Copenhague de 2009, Estrada disse que problemas domésticos políticos e econômicos levaram muitos países a evitar conter as mudanças climáticas com a urgência necessária.

Novas pesquisas previram recentemente que a temperatura terrestre aumentaria até 5ºC com base em níveis pré-industriais, muito acima do limite de 2ºC estabelecido pela Convenção-quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).

Ele apontou o dedo a países que fracassaram em viver sob os compromissos de Kyoto.

"Estou frustrada com aqueles governos com os quais nós adotamos o protocolo em Kyoto por unanimidade, não por consenso mas unanimemente, e depois não o ratificaram como os Estados Unidos ou, uma vez tendo ratificado o protocolo, agora não se sujeitam a ele, como Canadá e Itália", disse Estrada.

O tratado de Kyoto, que entrou em vigor em 2005, previa uma redução de 5% nas emissões de gases causadores do aquecimento global entre os países ricos em 2012 com base nos níveis de 1990.

Globalmente, no entanto, as emissões saltaram para níveis ainda maiores, conduzidas especialmente pelos gigantes emergentes que queimam sobretudo carvão para impulsionar seu crescimento.

Os Estados Unidos assinaram, mas não ratificaram o acordo, enquanto Rússia e Japão afirmaram que não pretendem assiná-lo depois da expiração do tratado, este ano.

O Canadá se tornou o único país a se retirar do Protocolo de Kyoto e recentemente informou que não alcançaria a meta de reduzir as emissões em 17% até 2020 com base nos níveis de 2005.

Estrada afirmou que o novo pacto de 2020 precisa incluir metas de emissões não só para os países, mas também para os setores industriais. "A quantidade de carbono que vai ser emitida por tonelada de ferro ou aço ou com 1.000 megaWatts, algo parecido", exemplificou.

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