Exame Logo

Oxfam é acusada de encobrir assédios sexuais no Sudão do Sul

Helen Evans, diretora de prevenção interna da ONG entre 2012 e 2015, confirmou a existência de "uma cultura de abusos sexuais em certos escritórios"

Denúncias: estas novas acusações surgiram depois das revelações sobre a utilização de serviços de prostitutas e potenciais abusos sexuais por parte de certos agentes da Oxfam (Andres Martinez Casares/Reuters)
A

AFP

Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 08h11.

A ONG britânica Oxfam enfrenta novas denúncias de assédio sexual e encobrimento desses casos no Sudão do Sul , depois que a subdiretora da ONG no Haiti renunciou afirmando que o comportamento de seus funcionários foi indigno e desonesto.

As novas revelações de Helen Evans, diretora de prevenção interna da Oxfam entre 2012 e 2015, ao Channel 4 falam sobre a existência de "uma cultura de abusos sexuais em certos escritórios", em particular estupros ou tentativas de estupro no Sudão do Sul, e agressões contra voluntários menores nas lojas da ONG no Reino Unido.

Veja também

Estas novas acusações surgiram depois das revelações sobre a utilização de serviços de prostitutas e potenciais abusos sexuais por parte de certos agentes da Oxfam no Chade e no Haiti.

Segundo uma investigação interna da organização sobre 120 pessoas em três países entre 2013 e 2014, ou seja, entre 11 e 14% do pessoal atuante foram vítimas ou testemunhas de agressões sexuais. No Sudão do Sul, quatro sofreram estupros ou tentativas de estupro.

"Diz respeito a atos de funcionários contra funcionários. Não realizamos uma investigação entre os beneficiários de nossos programas de ajuda. Mas fiquie extremamente preocupada com os resultados", comentou Evans.

Outro caso foi a agressão contra um menor por parte de um adulto cometida numa loja daOxfam na Grã-Bretanha, revelou.

Segundo o Channel 4, cinco casos de "comportamentos inapropriados" por parte de adultos contra menores foram revelados pela ONG em 2012-2013, e sete no ano seguinte.

Evans acusou altos diretores de não terem atuado na ocasião dos fatos.

O diretor-geral da Oxfam, Mark Goldring, considerou que "não há nada a acrescentar ao relatório".

Esta série de revelações causou indignação na Grã-Bretanha, onde a Oxfam recebeu 43,8 milhões de dólares do governo no ano passado.

A Oxfam, uma confederação de organizações humanitárias sediada no Reino Unido afirmou que iniciou imediatamente, em 2011, uma investigação interna. Quatro funcionários foram demitidos e outros três pediram demissão antes do fim da investigação, garantiu a ONG.

A atriz Minnie Driver que atuava como embaixadora da Oxfam anunciou sua renúncia ao posto.

Haiti

A subdiretora da ONG Oxfam, Penny Lawrence, renunciou na segunda-feira, após assumir "inteira responsabilidade" pelo escândalo gerado após a divulgação de que funcionários da organização contrataram prostitutas no Haiti.

Após relatar sua "tristeza e vergonha pela conduta de funcionários no Chade e Haiti (...), incluindo a relação com prostitutas", Penny anunciou sua renúncia e disse que assumia "inteira responsabilidade".

Lawrence explicou que os comportamentos inapropriados "do diretor (da ONG) no Chade e de sua equipe" já tinha sido "apontados antes de ir ao Haiti". "Não respondemos de forma adequada", admitiu.

Segundo o jornal The Times, após o terremoto de 2010 que devastou o Haiti, grupos de jovens prostitutas foram convidadas para casas pagas por esta organização na ilha. Uma fonte citada pelo veículo garantiu que viu imagens de orgias em que uma das trabalhadores sexuais usavam camisetas da Oxfam.

O jornal voltou ao caso na segunda, estimando que a ONG "ignorou as advertências" e nomeou seu diretor no Haiti, Ronald van Hauwermeiren, "apesar das preocupações (suscitadas) por seu comportamento com as mulheres" durante deu trabalho no Chade.

O presidente haitiano Jovenel Moise também denunciou o escândalo em seu país, taxando a situação como "uma violaçãoextremadamente grave à dignidade humana".

Em meio às acusações, o presidente da Oxfam Internacional, Juan Alberto Fuentes Knight, foi detido em seu país natal, Guatemala, por acusações de corrupção não relacionadas com as acusações de abuso.

Fuentes alega inocência e afirma que está cooperando plenamente com a investigação.

Acompanhe tudo sobre:Assédio sexualONGsReino UnidoSudão do Sul

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame