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Otan treina para uma ameaça da Rússia no clima hostil do Ártico

Simulações mobilizam cerca de 90 mil homens e mulheres e dezenas de navios, veículos blindados e aviões de combate

Soldados italianos durante exercícios simulados perto de Sorstraumen, no Ártico norueguês, em 10 de março de 2024 (Max Delany/AFP Photo)

Soldados italianos durante exercícios simulados perto de Sorstraumen, no Ártico norueguês, em 10 de março de 2024 (Max Delany/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 11 de março de 2024 às 19h51.

Atte Ohman, um jovem recruta finlandês, se prepara para desembarcar de um navio americano e participar de um ataque simulado a uma praia gelada da Noruega, como parte de um exercício da Otan para adaptar os seus soldados aos rigores do frio e da neve do Ártico.

"Tem um ditado que diz: se quer paz, deve se preparar para a guerra. É exatamente o que fazemos aqui", diz o jovem de 19 anos à AFP, ao pegar sua metralhadora.

A ação realizada no Ártico faz parte dos exercícios militares Steadfast da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), as mais importantes da aliança liderada pelos Estados Unidos desde a Guerra Fria.

Durante semanas, as simulações mobilizam cerca de 90 mil homens e mulheres e dezenas de navios, veículos blindados e aviões de combate.

Enquanto paraquedistas italianos saltam de helicópteros em direção à praia, navios suecos chegam ao local à medida que tropas francesas aguardam com seus esquis a postos.

A mensagem é clara: a Otan está pronta para se defender de uma Rússia cada vez mais agressiva, dois anos após sua ofensiva na Ucrânia.

Desde então, esta aliança militar se reforçou com a entrada da Finlândia e da Suécia, que se tornou o 32º membro na última quinta-feira, 7.

"Mostramos que estamos prontos para defender nossos territórios e é muito importante agirmos juntos para reforçar nossas capacidades", explicou o ministro sueco de Defesa, Pal Jonson, acrescentando que embora as tropas russas estejam "atoladas na Ucrânia" atualmente, Moscou declarou grandes ambições de "reconstituir e adaptar suas forças".

A possibilidade da Rússia atacar um membro da Otan não deve ser excluída. À medida que Moscou coloca sua economia em modo de guerra, as potências ocidentais enfrentam dificuldades crescentes em fornecer a Kiev as armas e munições que este exige.

O desafio do Ártico

O chefe das Forças Armadas da Noruega, Eirik Kristoffersen, afirma que o número de tropas estacionadas perto da fronteira do país representa menos de 20% do total anterior à invasão da Ucrânia.
"Mas na frente marítima e aérea, bem como do ponto de vista das forças nucleares, mantiveram intactas todas as suas forças na região", afirma.

O Ártico está agora no centro da competição entre Moscou e a Otan. Desde que o presidente Vladimir Putin chegou ao poder em 2000, as forças russas continuaram aumentando sua presença na área.

Tanto a Finlândia quanto a Suécia tentam pressionar seus novos aliados a competirem cada vez mais com a Rússia naquela região essencial.

O Ártico está se tornando um ponto estratégico e é por isso que "a Rússia está investindo muito aqui, e a China também está monitorando a área", explica o ministro da Defesa finlandês, Antti Hakkanen.

De acordo com o contra-almirante David Patchell, vice-comandante da Segunda Frota dos Estados Unidos, a mudança climática abrirá, segundo uma estimativa conservadora, o acesso a recursos importantes no valor de cerca de US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões na cotação atual) na região.

Simultaneamente, o degelo significará que o Ártico se tornará navegável e conectará os oceanos de todo o planeta.

"Devemos aprender a trabalhar no Ártico. Trabalhar nessas condições é um grande choque. Raramente vemos neve assim todos os dias", disse o cabo da Marinha americana, Joshua Maddox. "O maior desafio é psicológico, basta estar muito bem preparado", acrescentou.

"Se Putin decidir ir mais longe" e agir pior "do que já está fazendo", estarei lá "para desempenhar meu papel, para ajudar os outros países. É a nossa missão", disse seu colega na Marinha, o sargento Joshua Perezchoa.

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