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Otan pede à Rússia que "mude seu comportamento"

Em entrevista coletiva, o secretário-geral da Otan mostrou seu pleno apoio ao Reino Unido

Otan: países-aliados pedem à Rússia diálogo político para evitar "outra Guerra Fria" (Yves Herman/Reuters)

Otan: países-aliados pedem à Rússia diálogo político para evitar "outra Guerra Fria" (Yves Herman/Reuters)

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EFE

Publicado em 15 de março de 2018 às 13h44.

Bruxelas - O secretário-geral da Otan, o ex-primeiro-ministro da Noruega Jens Stoltenberg, afirmou nesta quinta-feira que os países-aliados não querem "outra Guerra Fria" e pediu à Rússia que "mude o seu comportamento" para o "diálogo político", após considerar que os envenenamentos registrados no Reino Unido são "um ataque muito sério".

"Quando as tensões aumentam é importante ter um diálogo político, porque não queremos outra Guerra Fria", afirmou Stoltenberg em entrevista coletiva hoje em Bruxelas, focada na apresentação do relatório anual da Otan, na qual o político norueguês se referiu ao ataque contra o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia.

O Reino Unido informou ontem aos outros aliados da Otan sobre o uso de uma substância "de grau militar" desenvolvida pela Rússia e afirmou como "altamente provável" que esse país esteja por trás do envenenamento de Skripal, que trabalhou para a espionagem russa antes de ser condenado em 2006 a 13 anos de prisão por trabalhar para o serviço secreto britânico.

"A substância utilizada é uma das mais tóxicas jamais desenvolvidas. É a primeira vez que um agente nervoso é utilizado em território aliado desde a fundação da Otan. Todos os aliados estão de acordo que esse ataque viola regras e acordos internacionais. Isso é inaceitável. Não acontece num mundo civilizado", acrescentou o ex-primeiro-ministro da Noruega.

Stoltenberg mostrou seu pleno apoio ao Reino Unido e considerou que o país "está respondendo de maneira proporcional".

"Concordo que é preciso dar uma resposta, pois diante de ações como essa há consequências", considerou o secretário-geral da Aliança.

Assim, Stoltenberg reiterou a "solidariedade" dos aliados com o Reino Unido e garantiu "o apoio necessário" diante de um "padrão de comportamento (da Rússia) nos últimos anos", com fatos como "a anexação ilegal da Crimeia e o apoio aos separatistas no leste da Ucrânia" e a presença militar na Moldávia e na Geórgia "contra a vontade desses países".

Stoltenberg também citou as tentativas de "anular eleições e instituições democráticas" e disse que "a Otan está respondendo para enviar uma mensagem clara à Rússia".

"Estamos construindo novas capacidades para nos defender contra qualquer ameaça, incluindo a híbrida, a cibernética e outros tipos de agressão. Vamos continuar e estamos avaliando constantemente o que podemos fazer mais", disse o secretário-geral.

Entre outras ações, Stoltenberg citou o posicionamento dos batalhões nos Balcãs e um "maior investimento em defesa para desenvolver sistemas de proteção contra ataques químicos e biológicos".

"Depois da Guerra Fria, trabalhamos para uma associação estratégica com a Rússia. Moscou tem que mudar de comportamento e verá que estamos dispostos a uma relação mais construtiva", acrescentou.

A Otan, acrescentou Stoltenberg, "não quer ser o espelho da Rússia", mas sua "visão continua sendo firme, defensiva e proporcional".

"Nós não queremos entrar numa nova corrida armamentista porque não há ganhadores nessa corrida. É cara, perigosa e não interessa a ninguém. Mas que não haja dúvidas de que a Otan deenderá os aliados contra as ameaças", garantiu o político norueguês.

Stoltenberg disse que o Reino Unido "não necessita de apoio prático" para a investigação dos ataques, mas ressaltou que "o apoio político é importante". EFE

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