Mundo

Os vencedores e os perdedores das eleições legislativas nos EUA

As eleições legislativas trouxeram mudanças significativas para o panorama político dos EUA. Veja aqui os destaques do pleito

O presidente americano, Donald Trump: republicano enfrentará um Congresso dividido pelos próximos dois anos (Carlos Barria/File Photo/Reuters)

O presidente americano, Donald Trump: republicano enfrentará um Congresso dividido pelos próximos dois anos (Carlos Barria/File Photo/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 12h32.

São Paulo – As eleições legislativas dos Estados Unidos trouxeram mudanças significativas ao panorama político do país e que terão efeitos pelos próximos dois anos. Enquanto o Partido Republicano conseguiu manter a maioria no Senado, o Partido Democrata ganhou tração e conquistou a maioria na Câmara dos Representantes, controlada pelo partido rival desde 2011.

Do ponto de vista objetivo, a disputa eleitoral resultou em ganhadores e perdedores claros. Contudo, também trouxeram à tona pontos importantes que ajudam a compor o retrato dos Estados Unidos dos dias de hoje e começam a traçar o caminho rumo à corrida presidencial de 2020. Veja abaixo:

Vencedores

Mulheres

Segundo estimativas, mais de 100 mulheres devem passar a ocupar assentos na Câmara dos Representantes, um número recorde e que consolidam 2018 como “o ano das mulheres” na política americana.

Entre elas, há nomes que conquistaram vitórias históricas, como Alexandria Ocasio-Cortez, que aos 29 anos se tornou a mulher mais jovem eleita para representante, e Ayanna Pressley, a primeira mulher negra a representar o estado de Massachusetts no Congresso.

Diversidade

Primeiro governador abertamente gay, mulheres muçulmanas na Câmara dos Representantes. Não faltam vitórias que mostram o poder das minorias e é fato que a eleição de candidatos de diferentes backgrounds fez desse pleito um marco histórico na vida política dos Estados Unidos.

Mais do que isso, mostraram a capacidade de mobilização das minorias como reação ao discurso conservador que levou Trump à presidência. “A polarização ajudou a unir muitos grupos”, notou Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM, “e isso é muito importante de se observar até pelos reflexos que essa mobilização poderá ter em outros países, como no Brasil”, notou.

Democratas

Os democratas conseguiram abocanhar a maioria na Câmara dos Representantes, que desde 2011 era controlada pelos republicanos. Segundo projeções da imprensa americana, 222 assentos da casa estão nas mãos dos democratas, enquanto 199 ficam com os republicanos. Para controlar a maioria, são necessárias 218 cadeiras.

Agora, além de ter o poder de dar fim à agenda conservadora na casa, dificultando a aprovação de projetos significativos de Trump, poderão, ainda, fechar o cerco do presidente em diferentes investigações sobre sua conduta. No limite, os democratas na Câmara podem dar o primeiro passo em direção a um possível processo de impeachment de Trump.

Mas, além dessas vantagens significativas, o capital político trazido pelo Partido Democrata é algo a se destacar. “Não foi a mais ampla das conquistas, mas os Democratas conseguiram vitórias em distritos importantes e também conseguiram mobilizar os eleitores”, avalia Denilde. “Há anos não se via uma eleição de meio de mandato capaz de levar tantas pessoas às urnas e grande parte deles votou contra Trump”, notou.

Democracia

Na visão de Yann Duzert, professor de negociação e resolução de conflitos da Fundação Getulio Vargas, o resultado das eleições legislativas reforça o equilíbrio entre os poderes nos Estados Unidos. “O presidente tem o Senado e a oposição a Câmara”, notou, “o legislativo, o executivo e a mídia, pilares necessários em qualquer democracia, funcionaram com a autonomia necessária”.

Perdedores

Partido Republicano

O partido conseguiu manter a maioria no Senado, mas registrou perdas significativas em distritos nos quais Trump se consagrou vitorioso nas eleições presidenciais de 2016. Além disso, a expectativa é a de que a derrota na Câmara deixará os republicanos remanescentes no Congresso ainda mais dependentes da figura de Trump, que não é uma unanimidade no partido.

Para Denilde, passadas as eleições legislativas, o momento para o Partido Republicano será de reflexão: “é preciso avaliar as derrotas nessa eleição e a mensagem dos eleitores. Embora a economia esteja bem, a agenda minoritária se sobressaiu e isso pode ter impactos significativos em 2020”, avaliou.

Empatou

Donald Trump

Embora Donald Trump tenha perdido a maioria na Câmara dos Representantes, essa derrota não é exatamente inesperada, uma vez que foram poucas as vezes em que um presidente americano conseguiu assegurar o controle em ambas as casas durante todo o mandato. A mensagem das urnas, contudo, foi clara no sentido de demonstrar insatisfação com os rumos do país desde a sua eleição.

Por outro lado, apesar de restar claro que o republicano terá de aprimorar suas habilidades políticas para transitar no Congresso, Trump sai fortalecido como figura central no Partido Republicano. E isso se deve ao fato às vitórias obtidas por candidatos que apoiou nas zonas rurais e a saída de cena de republicanos moderados e os não-alinhados com a sua figura.

Acompanhe tudo sobre:DemocraciaDonald TrumpLGBTMulheresPartido Democrata (EUA)Partido Republicano (EUA)

Mais de Mundo

Pelo menos seis mortos e 40 feridos em ataques israelenses contra o Iêmen

Israel bombardeia aeroporto e 'alvos militares' huthis no Iêmen

Caixas-pretas de avião da Embraer que caiu no Cazaquistão são encontradas

Morre o ex-primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, aos 92 anos