Charles e David Koch: irmãos se transformaram no alvo das campanhas democratas (Montagem/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 às 11h06.
Washington - Metade dos americanos não sabem quem são, mas os irmãos Charles e David Koch se transformaram no alvo favorito das campanhas democratas, que veem em seu império financeiro o principal responsável pela crescente radicalização republicana.
Os irmãos mais ricos do mundo atormentaram a equipe de reeleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 2012, fundaram a plataforma conservadora mais potente do país e merecem o ódio do líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, que chegou a acusá-los de tentar "comprar o país".
Fundos não lhes faltam: com uma fortuna de US$ 41,9 bilhões procedentes da indústria petrolífera, os magnatas Koch devem gastar US$ 290 milhões nas eleições legislativas de novembro, sendo mais de US$ 100 milhões em sua plataforma de apoio a republicanos "Americans for Prosperity".
Embora seus milhões estejam colorindo a política do país desde os anos 80, até agora só o setor mais liberal arremetia regularmente contra os irmãos, que ocupam o sexto posto na última lista dos mais ricos do mundo da revista "Forbes".
Esporeados talvez pelo temor a perder o controle do Senado, os grupos ligados aos democratas mudaram de estratégia neste ciclo até encher as televisões e rádios do país de anúncios que mencionam os Koch como causa e exemplo de um Partido Republicano que serve aos mais ricos às custas da classe média.
O mais original começou a ser transmitido na quinta-feira passada em todo o país e tem como protagonistas as "irmãs Koch", duas mulheres de classe média que não compartilham vínculos de sangue, mas o mesmo sobrenome dos dois magnatas que forjaram sua fortuna no petróleo e a investem no auge do movimento ultraconservador Tea Party.
"Somos duas mulheres de classe média que criamos famílias e trabalhamos duro toda nossa vida", diz Karen Koch, uma professora de 52 anos que tem dois filhos e vive em Michigan.
"Não temos milhões para gastar em campanhas políticas, mas temos nossas convicções e nossas vozes. Achamos que isso é importante. Se você está de acordo, junte-se a nós. Todos podemos ser uma nação de irmãs Koch", acrescenta Joyce Koch, uma avó de 71 anos que foi trabalhadora social em Nova Jersey.
A propaganda foi criada pela maior federação de sindicatos do país, a AFL-CIO, que faz campanha pelos candidatos democratas ao Senado em estados-chave, e recebeu o respaldo instantâneo do resto da maquinaria eleitoral progressista.
"Isto é uma lembrança que os irmãos Koch estão se transformando em uma carga para os candidatos que apoiam sua agenda extremista", disse à Agência Efe Jeff Gohringer, porta-voz da Liga de Eleitores para a Conservação, um grupo ecologista que denunciou em vários anúncios a oposição dos Koch às energias limpas.
"Quanto mais as pessoas sabem sobre os Koch, mais preocupações têm", acrescentou.
O problema, segundo vários estrategistas democratas, é que não são tantos os que sabem sobre os Koch. Segundo uma pesquisa divulgada em março pela Universidade George Washington, 52% dos americanos não sabe quem são os irmãos multimilionários, e outros 11% não tem opinião sobre eles.
"A maioria dos eleitores não sabe quem são os Koch, e seria melhor dedicar a quantidade de tempo que leva para educá-los para propor temas que sabemos que funcionam contra os republicanos", opinou um democrata que pediu anonimato à revista "Politico".
Mas ter dois magnatas com nome próprio com os quais ilustrar o argumento que os republicanos estão vendidos aos interesses das empresas privada é tentador demais, o que pode explicar o protagonismo "sem precedentes" que os irmãos têm nas campanhas deste ano, segundo a publicitária política Elizabeth Wilner.
Até mesmo o Comitê Democrata de Campanhas para o Senado (DSCC) criou um site, "Koch Addiction", sobre a relação dos republicanos com os irmãos.
Com 78 e 74 anos, respectivamente, Charles e David Koch não parecem preocupados com o renovado interesse democrata em como seus bolsos manejam o Partido Republicano, mas contra-atacaram com anúncios que lembram que seu conglomerado industrial dá trabalho a cerca de 60 mil americanos.
"É triste que políticos e grupos partidários prefiram atacar criadores de emprego americanos ao invés de celebrá-los", afirmou à "Politico" um porta-voz das Indústrias Koch, Steve Lombardo.