Os estragos das enchentes diluvianas que castigam o Peru há dias
Ao menos 85 pessoas morreram e outras 700 mil foram afetadas
Vanessa Barbosa
Publicado em 30 de março de 2017 às 17h28.
Última atualização em 30 de março de 2017 às 17h34.
São Paulo - A estação de chuvas no Peru começou mais violenta do que nunca, com níveis pluviométricos 10 vezes acima do esperado. Isso fez com que os rios da região transbordassem, provocando as piores enchentes da história recente do país.
Ao menos 85 pessoas morreram e outras 700 mil foram afetadas, desde o início do mês. O cenário é desalentador. Várias ruas, estradas, pontes e construções colapsaram.
Em meio aos estragos, muitos moradores de áreas afetadas nas regiões costeiras se mobilizam para retirar a espessa camada de lama que se acumulou nas casas. Um trabalho que além de penoso deixa a população extremamente vulnerável a mosquitos transmissores de dengue e zika e expostos a doenças como a leptospirose.
Voluntários ajudam os agentes da defesa civil na distribuição de produtos básicos para milhares de famílias que perderam praticamente tudo, e ainda auxiliam na busca por possíveis vítimas.
Em algumas cidades, o abastecimento de água foi temporariamente restringido devido aos problemas gerados pelas enchentes nas estações de abastecimento e tratamento locais. No campo, mais de 12 mil hectares de áreas cultivadas também foram afetados.
As fortes chuvas, que também afetaram em cheio a costa do Equador, isolando comunidades e bairros, foram atribuídas a um fenômeno climático local chamado "El Niño Costeiro".
"Com a água do mar mais quente do que o normal, a evaporação é maior. Mais umidade é injetada na atmosfera, o que aumenta a formação da nebulosidade e da quantidade de chuva. A esse aquecimento anormal da água do Pacífico na costa norte do Peru e no litoral do Equador, os meteorologistas peruanos deram o nome de El Niño Costeiro, pelos efeitos semelhantes aos provocados pelo fenômeno El Niño Global", explica a meteorologista Josélia Pegorim, em análise publicada no Climatempo.
Ela esclarece que o aquecimento da água do oceano Pacífico na costa norte do Peru e na costa do Equador ocorre com certa regularidade, assim como o esfriamento anormal. Mas o que particularmente chamou a atenção dos meteorologistas, segundo a especialista, é que há 18 anos não se observava um aquecimento tão intenso e rápido da água do mar na região.
A previsão é de que, pelo menos até abril, as chuvas devem continuar, mas com magnitude moderada. Segundo a Comissão Multisetorial Enfen, instituto meteorológico do Peru, "há uma alta probabilidade de chuvas muito fortes nas áreas média e baixa da costa, principalmente em Tumbes, Piura e Lambayeque até o mês de abril, embora essa possibilidade vá reduzindo conforme o término da estação chuvosa".