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Meio ambiente: os acontecimentos que marcaram 2010

Marcado pela rebeldia da natureza, que causou danos irreparáveis, 2010 também será lembrado como um tempo de luta pela preservação ambiental e de tecnologias inovadoras

Esforços reunidos pela biodiversidade (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 17h57.

Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h37.

São Paulo - Nunca se discutiu tanto sobre a importância de se preservar a variedade de formas de vida do planeta. Para conscientizar a população de que salvar essa riqueza requer o esforço de todos, a Assembléia Geral das Nações Unidas declarou 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Não é por menos. Uma pesquisa publicada na revista Science e divulgada durante a COP10 da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Nagoya, mostra que as populações de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e espécies de peixes apresentou queda de 40% nos últimos 40 anos. De acordo com o relatório "A Perda das Espécies", a cada semana, uma nova espécie é adicionada à lista de ameaçadas de extinção, risco que atinge um quinto dos vertebrados do mundo. ( Conheça os 10 animais mais ameaçados de extinção, segundo a WWF) Múltiplos fatores têm contribuído para o desaparecimento de animais, entre eles a conversão de terra agrícola, exploração excessiva, crescimento populacional, a poluição e o impacto de espécies exóticas invasoras.
  • 2. Desastres naturais causaram perdas irreparáveis

    2 /8(Getty Images/Getty Images)

  • Veja também

    São Paulo - Temperaturas extremas, furacões, erupções vulcânicas, enchentes, tempestades, deslizamentos, tsunamis, incêndios. Em todo o mundo, uma série de catástrofes naturais sucedeu-se ao longo do ano, deixando centenas de milhares de vítimas e um rastro sem precedentes de destruição. Embora os desastres naturais ocorram por todos os lados, segundo o Worldwatch Institute, seus impactos recaíram desproporcionalmente sobre as populações pobres, que vivem em áreas vulneráveis e dispõem de poucos recursos. No dia 12 de janeiro de 2010, um forte terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atingiu o já castigado Haiti, matando 250 mil pessoas e deixando cerca de 1,5 milhão desabrigadas. No mês seguinte, um tremor com magnitude de 8.8 graus sacudiu o Chile, levando destruição e morte a 80% do país. Estima-se que os prejuízos econômico beirem os 30 bilhões de dólares. Cinco meses depois, chuvas torrenciais sem precedentes causaram inundações devastadoras no Paquistão, deixando mais de 1,5 mil mortos e outras cinco milhões de pessoas desabrigadas. Mais recentemente, na Europa, a chegada do inverno vem provocando nevascas e temperaturas abaixo de zero, deixando vítimas do frio e de acidentes, além de paralisia em diversos serviços, como nos aeroportuários. Enquanto por lá a água congela, no Brasil, ela cai em enxurrada do céu. Desde o começo do ano, enchentes vêem destruindo casas e deixando milhares de centenas de desabrigados de norte a sul do país, além de vítimas fatais.
  • 3. Acidente da BP, nos EUA, deixou lições para o Pré-sal

    3 /8(Getty Images)

  • São Paulo - Foram noventa dias de angústia, mais de 660 milhões de litros de petróleo jorrados no mar – três mil a cada hora – com a explosão, em 20 de abril, da plataforma de exploração Deep Horizon, no Golfo do México. O acidente da British Petroleum, que entrará pra história como um dos piores desastres ambientais dos Estados Unidos, deixou uma mancha negra no mar e também algumas lições. Como um farol, ele lançou luz em sinal de advertência às iniciativas de exploração de petróleo em grandes profundidades e suas conseqüências catastróficas. Um alerta para o mundo e, principalmente, para o Brasil. No dia em os EUA começaram a respirar aliviados pela notícia de controle do vazamento, o Brasil anunciava o início da produção de petróleo nas profundezas do Pré-sal. O acidente ambiental ocorrido nos EUA, em abril, foi nefasto, sim, mas também se revelou uma oportunidade de mobilização política e técnica no Brasil para que um incidente similar não aconteça por aqui. Os especialistas brasileiros afirmam que o País precisa se preparar paras as novas extrações - que chegam a sete mil metros de profundidade, média acima das extrações em curso em outras regiões do Brasil, de até 5 mil metros. Nossa legislação ambiental deve se fortalecer para ser capaz de definir responsabilidades.
  • 4. Um ano quente e incendiário

    4 /8(afp)

    São Paulo - Desde meados do século 19, quando as medições de temperatura começaram a ser feitas, os maiores registros aconteceram no primeiro semestre de 2010. De acordo com dados da Organização Meteorólogica Mundial (OMM), este pode ter sido o ano mais quente da história. Ao longo do ano, mais de 20 países bateram recordes de temperatura. Em dez deles, os termômetros passaram fácil dos 45ºC. A alta recorde foi registrada no Paquistão, no dia 26 de maio: 53,5ºC. Na Rússia, a onda de calor sem precedentes provocou queimadas, incêndios florestais, colocando em risco a produção de grãos. Além dos prejuízos ambientais, as temperaturas extremas também afetaram a saúde da população e deixou os necrotérios russos em colapso. No Brasil, embora não tenha sido registrado nenhum recorde de temperatura, o clima quente e seco prejudicou as regiões do Norte e Centro-Oeste. Para piorar, queimadas ilegais se reverteram em verdadeiros incêndios florestais.
  • 5. Gigante hidrelétrica no Xingu gera polêmica e revolta

    5 /8(Agência Brasil)

    São Paulo - As discussões em torno da instalação da usina hidrelétrica de Belo Monte, na Bacia do Rio Xingu, que se arrastaram por quase quatro décadas, atingiram seu ápice em abril deste ano, quando o IBAMA decidiu liberar a licença para obras inicias do canteiro. Não tão fácil. O órgão determinou uma série de condicionantes socioambientais para conceder a permissão de construção da usina que será a terceira maior do mundo, atrás apenas de Itaipu Binacional e a chinesa Três Gargantas. Sob responsabilidade do Consórcio Norte Energia, vencedor do pregão em abril, Belo Monte vem tendo dificuldades para atender a todas as determinações. E apesar de ser encarada pelo governo Lula como projeto prioritário no setor de energia, a obra é criticada por ambientalistas e representantes de movimentos sociais e desperta a ira de povos ribeirinhos e indígenas ( na foto, em protesto na Câmara dos Deputados). Para os críticos, a instalação da usina terá uma impacto ambiental e social superior à estimativa oficial. Diz-se ainda que a sazonalidade de cheias no Rio Xingu pode comprometer a eficiência da hidrelétrica. Segundo o governo, a nova usina deve entrar em funcionamento em 2015 e terá uma capacidade total instalada de 11.233 megawatts (MW) e garantia assegurada de geração de 4.571 MW.
  • 6. Revisão do Código Florestal causa mal estar entre governo e ambientalistas

    6 /8(Wilson Dias/ Agência Brasil)

    São Paulo - Em pleno período eleitoral, um relatório com propostas para mudar o Código Florestal Brasileiro foi lançado pelo deputado da bancada ruralista Aldo Rebelo. As revisões propostas causaram alvoroço e dominaram as discussões sobre meio ambiente no país. Entre as mudanças propostas estão a anistia aos produtores rurais com propriedades irregulares que desmataram ilegalmente áreas de reserva de proteção até junho de 2008. O relatório também prevê a atribuição de mais autonomia aos estados para legislar sobre meio ambiente e a retirada da obrigatoriedade de reserva legal (fração destinada à preservação ambiental) em pequenas propriedades. O argumento é de que, sem essas modificações no código, muitos produtores brasileiros seriam enquadrados na ilegalidade, sendo proibidos de realizar atividades produtivas na sua propriedade. Estima-se que 90% dos agricultores não cumprem a legislação ambiental, seja porque já cultivavam as áreas antes das regras, seja porque não conseguem seguir à risca as normas atuais. Para os ambientalistas, entretanto, a reforma na legislação representa um retrocesso no processo de preservação das áreas verdes no Brasil. A revisão, segundo eles, é uma concessão descabida. aos ruralistas que poderia assumir um caráter de incentivo ao desmatamento. Após inúmeras tentativas de votação frustradas, a aprovação ou não das novas propostas para o Código Florestal vai ficar para o próximo ano.
  • 7. COP16 renovou as esperanças pelo clima

    7 /8(Getty Images)

    São Paulo - Cada vez mais intensas, as mudanças climáticas são inequívocas. Mas os esforços globais ainda estão aquém do necessário para evitar catástrofes maiores e um aumento médio no aquecimento da Terra de 2º C. Um dos principais focos da reunião da ONU pelo Clima, que aconteceu entre novembro e dezembro, era o de tentar a prorrogação do Protocolo de Kyoto, que determina cotas de redução de emissões de gases efeito estufa e previsto para expirar em 2012. Apesar da decisão frustrada sobre a extensão do acordo, (a discussão deverá ser retomada no próximo ano) a COP16 deu origem a alguns progressos. Dentre os mais relevantes, destaca-se a criação de um Fundo Climático Verde (Green Climate Fund) para ajudar os países em desenvolvimento a encontrar maneiras de reduzir emissões e se adaptar aos efeitos da mudança do clima. O fundo terá como administrador o Banco Mundial. Outro ponto positivo foi o reconhecimento da importância da implementação de elementos para compensar os países por protegerem as suas florestas, a exemplo do mecanismo REDD+. Resta agora continuar a pressão para influenciar países como EUA, Rússia e Japão a aceitarem novas metas para um segundo acordo de Kyoto. Se bem sucedida na empreitada, a comunidade internacional terá mais chances de alcançar um acordo global em Durban, na Africa do Sul no próximo ano.
  • 8. Os carros elétricos, enfim, chegam às ruas

    8 /8(Divulgação)

    São Paulo - O ano de 2010 foi marcado pelos carros verdes, que roubaram a atenção nos principais salões de automóveis. Não pela cor, mas por aquilo que os move. Assistimos ao lançamento dos primeiros carros elétricos e híbridos em larga escala. Na lista entram veículos de montadoras de peso, como o Nissan Leaf , o Mitsubishi i-MiEV (ambos a eletricidade), e os híbridos Porsche Cayenne e Honda CR-Z, eleito o carro do ano no Japão. A estréia no mercado brasileiro ficou a cargo do 400 Hybrid (foto), da Mercedes-Benz, lançado em junho. E apesar da falta de incentivo oficial para o desenvolvimento da mobilidade elétrica no país, algumas empresas já apostam na tecnologia menos poluente e na criação de infraestrutura de apoio. É o caso da subsidiária brasileira da EDP, holding de empresas de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica, que no último ano inaugurou 16 postos de abastecimentos de veículos elétricos, distribuídos por São Paulo, Vitória e Espírito Santo. Para ajudar no desenvolvimento de um mercado brasileiro de carros movidos a eletricidade e, também, o seu próprio negócio, a empresa pretende destinar, anualmente, 100 mil reais para idéias que possam ajudá-la a evoluir na economia de baixo carbono.
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