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Organização causa polêmica nos EUA ao vender acesso a Obama

Uma entidade criada pela campanha de Obama está prometendo encontros com o presidente americano para quem doar US$ 500 mil

Obama: a Casa Branca defendeu os esforços de Obama para reduzir a influência do dinheiro na política e negou que o acesso ao presidente esteja à venda (REUTERS/Jason Reed)
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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2013 às 08h35.

Washington - Uma organização criada pela campanha de Barack Obama para apoiar a sua agenda de Governo está prometendo acesso direto ao presidente dos Estados Unidos para quem doar US$ 500 mil (R$ 990 mil) e obrigou a Casa Branca a se manifestar para defender-se das críticas.

A polêmica surgiu depois que o jornal "New York Times" revelou que a "Organizing for Action" (OFA), criada em novembro do ano passado como uma organização sem fins lucrativos de apoio a Obama aproveitando o aparato e as bases de dados mais importante na sua reeleição, oferece a possibilidade de eventos com o presidente quatro vezes por ano.

Geralmente os políticos americanos usam organizações desse tipo, pensadas para promover assuntos sociais, para não estarem limitados às regulamentações tradicionais do financiamento dos partidos.

A novidade é que OFA escolheu uma figura que lhe permite prolongar o braço da campanha eleitoral de Obama em 2012, com seus dois milhões de voluntários, 17 milhões de endereços de e-mail e 22 milhões de seguidores no Twitter.

Após quatro anos de batalhas legislativas com um Congresso dividido, a equipe formada para a reeleição de Obama escolheu sua arma mais poderosa para promover a política da Casa Branca: a extensa rede de cidadãos que o apoiaram nas eleições.

Além disso, a OFA não tem que revelar nomes de doadores nem está submissa a limites de arrecadação.

Nesta quarta-feira, por exemplo, a organização enviou milhões de e-mails personalizados acusando os republicanos de não estarem dispostos a negociar para evitar os cortes automáticos de gastos públicos no valor de US$ 85 bilhões.

O problema, de moral e de princípios, apareceu depois que foi divulgado que a OFA quer arrecadar pelo menos US$ 50 milhões e prometeu aos maiores doadores um assento em seu conselho com a possibilidade de ter acesso a Obama trimestralmente.

"Isto cheira mal", disse em comunicado Bob Edgar, presidente da associação pela boa governança Common Cause, que pediu a Obama o fechamento da OFA.


"O acesso ao presidente nunca deveria ser colocado à em venda", reforçou Edgar, que questionou a independência destas organizações pensadas para apoiar políticas fora da estrutura dos partidos.

A OFA é dirigida por Jon Carson, o ex-chefe do escritório da Casa Branca que foi criado para aproximar a presidência do público, e conta com a participação do estrategista democrata Jim Messina e do ex-presidente Bill Clinton.

Em reunião privada no mês passado em Washington, Messina assegurou que "a OFA é a construção de um conselho nacional que será preenchido com as pessoas desta sala", referindo-se a influentes fortunas presentes no evento organizado pela organização, que é definido como um "movimento popular".

Messina argumentou, em declarações que o jornal "The Wall Street Journal" publicou nesta quinta-feira, que se os rivais de Obama podem criar organizações sem fins lucrativos para bloquear as iniciativas do presidente, não há motivo para que outros não possam fazer o mesmo. "Estamos avançando", afirmou.

Katie Hogan, porta-voz da OFA, alegou que a organização prometeu revelar o nome de seus doadores e que não aceita dinheiro de grupos de pressão: "Não prometemos acesso ao presidente. Quem participa da OFA, participa porque acredita na agenda do presidente".

Estes comentários contraditórios dos assessores preocupam até os defensores mais veementes do presidente, como o canal "MSNBC". Seu correspondente-chefe na Casa Branca, Chuck Tood, disse nesta semana que as insinuações da OFA são "a definição de venda de acesso (ao presidente)".

Aberta a polêmica, a Casa Branca não teve escolha senão sair em defesa própria. Na última segunda-feira, em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz Jay Carney defendeu os esforços de Obama para reduzir a influência do dinheiro na política e negou que o acesso ao presidente esteja à venda através da OFA.

"Há uma série de regras que regem a interação entre as autoridades governamentais e grupos externos e os funcionários da administração seguem essas regras", comentou Carney.

O porta-voz prometeu também que "nem a Casa Branca nem os funcionários do governo arrecadarão dinheiro para a OFA, embora possam aparecer em eventos da organização".

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A polêmica surgiu depois que o jornal "New York Times" revelou que a "Organizing for Action" (OFA), criada em novembro do ano passado como uma organização sem fins lucrativos de apoio a Obama aproveitando o aparato e as bases de dados mais importante na sua reeleição, oferece a possibilidade de eventos com o presidente quatro vezes por ano.

Geralmente os políticos americanos usam organizações desse tipo, pensadas para promover assuntos sociais, para não estarem limitados às regulamentações tradicionais do financiamento dos partidos.

A novidade é que OFA escolheu uma figura que lhe permite prolongar o braço da campanha eleitoral de Obama em 2012, com seus dois milhões de voluntários, 17 milhões de endereços de e-mail e 22 milhões de seguidores no Twitter.

Após quatro anos de batalhas legislativas com um Congresso dividido, a equipe formada para a reeleição de Obama escolheu sua arma mais poderosa para promover a política da Casa Branca: a extensa rede de cidadãos que o apoiaram nas eleições.

Além disso, a OFA não tem que revelar nomes de doadores nem está submissa a limites de arrecadação.

Nesta quarta-feira, por exemplo, a organização enviou milhões de e-mails personalizados acusando os republicanos de não estarem dispostos a negociar para evitar os cortes automáticos de gastos públicos no valor de US$ 85 bilhões.

O problema, de moral e de princípios, apareceu depois que foi divulgado que a OFA quer arrecadar pelo menos US$ 50 milhões e prometeu aos maiores doadores um assento em seu conselho com a possibilidade de ter acesso a Obama trimestralmente.

"Isto cheira mal", disse em comunicado Bob Edgar, presidente da associação pela boa governança Common Cause, que pediu a Obama o fechamento da OFA.


"O acesso ao presidente nunca deveria ser colocado à em venda", reforçou Edgar, que questionou a independência destas organizações pensadas para apoiar políticas fora da estrutura dos partidos.

A OFA é dirigida por Jon Carson, o ex-chefe do escritório da Casa Branca que foi criado para aproximar a presidência do público, e conta com a participação do estrategista democrata Jim Messina e do ex-presidente Bill Clinton.

Em reunião privada no mês passado em Washington, Messina assegurou que "a OFA é a construção de um conselho nacional que será preenchido com as pessoas desta sala", referindo-se a influentes fortunas presentes no evento organizado pela organização, que é definido como um "movimento popular".

Messina argumentou, em declarações que o jornal "The Wall Street Journal" publicou nesta quinta-feira, que se os rivais de Obama podem criar organizações sem fins lucrativos para bloquear as iniciativas do presidente, não há motivo para que outros não possam fazer o mesmo. "Estamos avançando", afirmou.

Katie Hogan, porta-voz da OFA, alegou que a organização prometeu revelar o nome de seus doadores e que não aceita dinheiro de grupos de pressão: "Não prometemos acesso ao presidente. Quem participa da OFA, participa porque acredita na agenda do presidente".

Estes comentários contraditórios dos assessores preocupam até os defensores mais veementes do presidente, como o canal "MSNBC". Seu correspondente-chefe na Casa Branca, Chuck Tood, disse nesta semana que as insinuações da OFA são "a definição de venda de acesso (ao presidente)".

Aberta a polêmica, a Casa Branca não teve escolha senão sair em defesa própria. Na última segunda-feira, em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz Jay Carney defendeu os esforços de Obama para reduzir a influência do dinheiro na política e negou que o acesso ao presidente esteja à venda através da OFA.

"Há uma série de regras que regem a interação entre as autoridades governamentais e grupos externos e os funcionários da administração seguem essas regras", comentou Carney.

O porta-voz prometeu também que "nem a Casa Branca nem os funcionários do governo arrecadarão dinheiro para a OFA, embora possam aparecer em eventos da organização".

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