Opositores atacam e cortam sinal de TV estatal do Paquistão
A televisão estatal do Paquistão foi atacada pelos opositores que pedem a renúncia do primeiro-ministro
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2014 às 08h49.
Islamabad - A televisão estatal do Paquistão foi atacada nesta segunda-feira pelos opositores que pedem a renúncia do primeiro-ministro, Nawaz Sharif, e que cortaram momentaneamente o sinal do canal, informou à Agência Efe uma fonte oficial.
Cerca de 400 manifestantes invadiram ao meio-dia (hora local) as sedes sociais da Paquistão Televisão (PTV) em Islamabad após escalar os muros e render os guardas de segurança, disse um porta-voz policial.
O "PTV" transmitiu imagens dos manifestantes entrando em suas instalações antes de o sinal ser cortado, de acordo com o jornal local "Express Tribune".
Pouco depois, soldados do exército desalojaram os manifestantes e a transmissão foi retomada.
Imran Khan, à frente do Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI) e um dos líderes do protesto contra o primeiro-ministro, negou que seus seguidores tenham participado do ataque à televisão.
A violência foi retomada esta manhã no país asiático com uma passeata dos manifestantes à residência oficial de Sharif, após os choques do fim de semana que deixaram três mortos e 500 feridos.
Os manifestantes derrubaram a cerca que protege o Secretariado do Paquistão, residência oficial e escritório do líder paquistanês, mesmo a polícia tendo usado material antidistúrbios.
Liderados por Khan e pelo clérigo Tahirul Qadri, milhares de pessoas acamparam em Islamabad nas duas últimas semanas para pedir a renúncia de Sharif por corrupção e fraude eleitoral.
O chefe do exército paquistanês, general Rahil Sharif, teve uma reunião com altos cargos militares após os enfrentamentos, no qual eles declararam apoio à democracia e expressaram preocupação pela situação.
Apesar disso, na nota de imprensa advertiram que o exército está "comprometido a cumprir seu papel em garantir a segurança do Estado".
Sharif, deposto em um golpe de Estado dos militares em 1999, tem uma difícil relação com os militares desde sua eleição por ter tentado se aproximar da Índia e o julgamento por traição ao ex-ditador militar Pervez Musharraf.
A ofensiva no Waziristão do Norte contra os insurgentes que começou em junho e que Sharif atrasou em favor do diálogo também foi uma fonte de tensão.
Analistas e observadores consideram que, mesmo que Sharif supere a crise, ficará enfraquecido pelo resto de seu mandato e que o exército tomará o controle da segurança e da política externa.