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Oposição venezuelana mostra cartas diante de eleições

Henrique Capriles tem o desafio de enfrentar o mito criado em torno do presidente falecido Hugo Chávez, onipresente no discurso do governista Nicolás Maduro

O líder opositor venezuelano, Henrique Capriles: uma pesquisa divulgada na terça-feira pela empresa Hinterlaces indica que Maduro tem 53% da preferência eleitoral, contra 35% de Capriles. (AFP/ Juan Barreto)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2013 às 16h53.

Caracas - Diante das presidenciais de 14 de abril, a oposição venezuelana mostra-se mais agressiva e coesa com seu candidato, Henrique Capriles , mas tem o desafio de enfrentar o mito criado em torno do presidente falecido Hugo Chávez, onipresente no discurso do governista Nicolás Maduro, opinam analistas.

Capriles, um advogado de 40 anos, se apresenta pela segunda vez como candidato presidencial da Mesa da Unidade Democrática (MUD), enfrentando Maduro, de 50 anos, presidente interino e designado por Chávez como seu herdeiro político, antes de seu falecimento, no dia 5 de março.

A oposição nunca conseguiu derrotar Chávez (1999-2013) em presidenciais e, embora as pesquisas também sejam adversas, Carlos Ocariz, responsável pelo comando da campanha opositora, batizada de Simón Bolívar, acredita que esta é a "maior oportunidade de vencê-las em 15 anos".

"Sabemos que será difícil, mas temos um excelente candidato e Maduro levou o país a um autêntico desastre", disse à AFP Ocariz, em alusão a algumas decisões recentes do governo, como a desvalorização do bolívar.

Capriles conseguiu para estas eleições presidenciais aglutinar pela primeira vez todos os partidos da MUD, formada por cerca de vinte organizações políticas de diversas matizes ideológicas, em uma única candidatura eleitoral.

Em uma corrida contra o relógio, o atual governador do populoso estado de Miranda (norte) se dedicou a percorrer vários povoados e cidades da Venezuela, a pouco mais de uma semana do início formal da campanha eleitoral, com um discurso mais frontal e agressivo contra seu adversário, diferentemente do adotado nas eleições de 7 de outubro, quando perdeu para Chávez por onze pontos.


Em suas constantes declarações, Capriles acusa o ex-vice-presidente e ex-chanceler de ser um mentiroso e incapaz, e afirma que Maduro não quer participar de um debate porque tem medo e sua mensagem não tem conteúdo.

Advertiu inclusive que não enviará "nem uma gota de petróleo a Cuba", diante dos 130.000 barris diários recebidos atualmente pela ilha comunista a condições preferenciais.

"Enquanto existir um venezuelano passando fome, daqui não sai nem uma gota de petróleo presenteada, e isso é contigo, Nicolás, que passou seis anos viajando pelo mundo presenteando os outros", disse Capriles, referindo-se ao seu rival.

"Já derrotei dois vice-presidentes, já derrotei dois, a terceira é de vez", disse Capriles, eleito em 2008 governador de Miranda contra o ex-número dois do governo, Diosdado Cabello, uma vitória repetida em dezembro passado diante de Elías Jaua.

Mas, apesar deste ímpeto renovado e de seus esforços para desvincular Maduro de Chávez, Capriles enfrenta a sombra do falecido líder, transformado praticamente em mito religioso pelo governismo, e a influência que deixou entre seus simpatizantes ao pedir para que votassem em Maduro.

"Acredito que será uma eleição e uma campanha muito estranha e difícil para a oposição, porque a concorrência não será realmente entre Maduro e Capriles, mas entre a vontade de Chávez e Capriles", disse o escritor e analista Tulio Hernández.

Para o cientista político Nicmer Evans, a utilização de Chávez na campanha eleitoral "é totalmente válida" porque acredita que a figura do falecido líder está viva entre o eleitorado.


"Existe uma tríade que joga neste momento. Há dois atores reais e uma figura mitificada, como a do presidente Chávez, que está vivo neste processo eleitoral", disse.

Em torno de Chávez, "há uma gestão muito religiosa. É visto como um mito, como um guerreiro épico e um ser sagrado", disse a socióloga Marycleen Steling, que não duvida que esta condição influencie marcadamente na política venezuelana.

Maduro, que se proclama um apóstolo de Chávez, se agarrou à figura do presidente para fazer sua campanha política, visitando locais que o presidente costumava ir e lendo seus discursos políticos e econômicos.

Segundo o cientista político Ricardo Sucre, se não conseguir vencer o chavismo nas eleições de abril, a MUD deverá se manter como um bloco de contrapeso: "Se ocorrer uma derrota, esta força política deve ser o contrapeso do governo. Trabalhou-se em função de uma alternativa", acrescentou.

Uma pesquisa divulgada na terça-feira pela empresa Hinterlaces indica que Maduro tem 53% da preferência eleitoral, contra 35% de Capriles. O estudo foi realizado com 1.100 pessoas em todo o país entre 11 e 16 de março.

A Hinterlaces havia previsto a vitória de Chávez em outubro, mas com uma vantagem mais ampla do que os onze pontos que foram registrados no final.

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Capriles, um advogado de 40 anos, se apresenta pela segunda vez como candidato presidencial da Mesa da Unidade Democrática (MUD), enfrentando Maduro, de 50 anos, presidente interino e designado por Chávez como seu herdeiro político, antes de seu falecimento, no dia 5 de março.

A oposição nunca conseguiu derrotar Chávez (1999-2013) em presidenciais e, embora as pesquisas também sejam adversas, Carlos Ocariz, responsável pelo comando da campanha opositora, batizada de Simón Bolívar, acredita que esta é a "maior oportunidade de vencê-las em 15 anos".

"Sabemos que será difícil, mas temos um excelente candidato e Maduro levou o país a um autêntico desastre", disse à AFP Ocariz, em alusão a algumas decisões recentes do governo, como a desvalorização do bolívar.

Capriles conseguiu para estas eleições presidenciais aglutinar pela primeira vez todos os partidos da MUD, formada por cerca de vinte organizações políticas de diversas matizes ideológicas, em uma única candidatura eleitoral.

Em uma corrida contra o relógio, o atual governador do populoso estado de Miranda (norte) se dedicou a percorrer vários povoados e cidades da Venezuela, a pouco mais de uma semana do início formal da campanha eleitoral, com um discurso mais frontal e agressivo contra seu adversário, diferentemente do adotado nas eleições de 7 de outubro, quando perdeu para Chávez por onze pontos.


Em suas constantes declarações, Capriles acusa o ex-vice-presidente e ex-chanceler de ser um mentiroso e incapaz, e afirma que Maduro não quer participar de um debate porque tem medo e sua mensagem não tem conteúdo.

Advertiu inclusive que não enviará "nem uma gota de petróleo a Cuba", diante dos 130.000 barris diários recebidos atualmente pela ilha comunista a condições preferenciais.

"Enquanto existir um venezuelano passando fome, daqui não sai nem uma gota de petróleo presenteada, e isso é contigo, Nicolás, que passou seis anos viajando pelo mundo presenteando os outros", disse Capriles, referindo-se ao seu rival.

"Já derrotei dois vice-presidentes, já derrotei dois, a terceira é de vez", disse Capriles, eleito em 2008 governador de Miranda contra o ex-número dois do governo, Diosdado Cabello, uma vitória repetida em dezembro passado diante de Elías Jaua.

Mas, apesar deste ímpeto renovado e de seus esforços para desvincular Maduro de Chávez, Capriles enfrenta a sombra do falecido líder, transformado praticamente em mito religioso pelo governismo, e a influência que deixou entre seus simpatizantes ao pedir para que votassem em Maduro.

"Acredito que será uma eleição e uma campanha muito estranha e difícil para a oposição, porque a concorrência não será realmente entre Maduro e Capriles, mas entre a vontade de Chávez e Capriles", disse o escritor e analista Tulio Hernández.

Para o cientista político Nicmer Evans, a utilização de Chávez na campanha eleitoral "é totalmente válida" porque acredita que a figura do falecido líder está viva entre o eleitorado.


"Existe uma tríade que joga neste momento. Há dois atores reais e uma figura mitificada, como a do presidente Chávez, que está vivo neste processo eleitoral", disse.

Em torno de Chávez, "há uma gestão muito religiosa. É visto como um mito, como um guerreiro épico e um ser sagrado", disse a socióloga Marycleen Steling, que não duvida que esta condição influencie marcadamente na política venezuelana.

Maduro, que se proclama um apóstolo de Chávez, se agarrou à figura do presidente para fazer sua campanha política, visitando locais que o presidente costumava ir e lendo seus discursos políticos e econômicos.

Segundo o cientista político Ricardo Sucre, se não conseguir vencer o chavismo nas eleições de abril, a MUD deverá se manter como um bloco de contrapeso: "Se ocorrer uma derrota, esta força política deve ser o contrapeso do governo. Trabalhou-se em função de uma alternativa", acrescentou.

Uma pesquisa divulgada na terça-feira pela empresa Hinterlaces indica que Maduro tem 53% da preferência eleitoral, contra 35% de Capriles. O estudo foi realizado com 1.100 pessoas em todo o país entre 11 e 16 de março.

A Hinterlaces havia previsto a vitória de Chávez em outubro, mas com uma vantagem mais ampla do que os onze pontos que foram registrados no final.

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