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Oposição venezuelana exige liberdade para radical López

Leopoldo López é acusado pelo governo de promover um golpe de Estado na Venezuela

Mulher de Leopoldo López pede libertação do líder: ele é um ambicioso economista de 42 anos formado em Harvard e líder do partido Vontade Popular (AFP)

Mulher de Leopoldo López pede libertação do líder: ele é um ambicioso economista de 42 anos formado em Harvard e líder do partido Vontade Popular (AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 18h51.

Integrantes da oposição protestam nesta sexta-feira para pedir a libertação do líder radical Leopoldo López, na véspera do fim do seu período de prisão preventiva.

Ele é acusado pelo governo de promover um golpe de Estado na Venezuela.

López "foi acusado no dia de hoje (sexta). Cabe ao tribunal marcar a audiência" pelos delitos de "incitação pública, danos à propriedade em grau de 'determinador', incêndio em grau de 'determinador' e formação criminosa", disse o procurador-geral Luis Ortega Díaz, em entrevista coletiva.

Leopoldo López é um ambicioso economista de 42 anos formado em Harvard e líder do partido Vontade Popular, da ala radical da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática.

A acusação formal foi feita algumas horas antes do início da manifestação com o lema "Libertem Leopoldo", que volta a desafiar o presidente Nicolás Maduro.

Os participantes querem caminhar por uma avenida que leva ao Palácio da Justiça, no centro de Caracas. O local é uma conhecida área do chavismo, por onde várias passeatas da oposição não conseguiram passar, o que provocou distúrbios com a polícia.

A marcha deve começar na Praça Brión de Chacaíto, onde López se entregou à polícia em 18 de fevereiro.

É uma "marcha pacífica para o Palácio da Justiça, para exigir que libertem Leopoldo López", ressalta o texto convocatório do Vontade Popular.


Dois meses de protestos

Terceiro ato popular esta semana, a mobilização também marca dois meses de protestos da oposição, iniciados por estudantes de San Cristóbal (oeste) contra a insegurança, mas que foram ampliados para outras cidades com críticas à crise econômica, à repressão policial e à detenção de dirigentes políticos.

O governo de Maduro - herdeiro político de Hugo Chávez - denuncia que os protestos são parte de um plano de golpe de Estado com o apoio de setores americanos e colombianos, assim como a ajuda de uma campanha midiática internacional anti-venezuelana.

Até o momento, os protestos deixaram 39 mortos, mais de 500 feridos, quase 100 denúncias de abusos policiais e uma centena de detidos, incluindo López e dois prefeitos. Outra líder opositora, a deputada María Corina Machado, teve seu mandato cassado pela Assembleia Nacional e pelo Tribunal Supremo de Justiça.

As manifestações diminuíram em número e em intensidade, mas se mantêm em algumas cidades, principalmente na capital. Em Caracas, o município opositor de Chacao (leste) registra confrontos noturnos rotineiros entre manifestantes armados com pedras e bombas incendiárias e policiais da Tropa de Choque, que respondem com gás lacrimogêneo.

Mesmo preso, López promove "La salida"

De sua cela na prisão militar de Ramo Verde, López denuncia condições de isolamento, com pouco - mas "respeitoso" - contato com guardas militares, uma hora de exercício ao sol e uma pequena televisão.

A imagem de López de blusa verde, encostado em uma pequena janela e com as mãos nas grades, tem circulado nas redes sociais.


"A luta iniciada por mim (...) é para promover 'La salida' (a saída) democrática, pacífica e constitucional contra o que - já não há dúvida - é uma ditadura na Venezuela", disse López, em entrevista por escrito à rede CNN.

Os protestos eclodiram em Caracas por obra de López, que convocou, em 12 de fevereiro, uma marcha com o lema "La salida". É assim que o grupo político de López tem chamado a estratégia para forçar a renúncia de Maduro por pressão das passeatas.

Nesse dia, houve confrontos entre radicais, policiais e civis armados - apontados pela oposição como simpatizantes do governo - com registro de três mortos, os primeiros da onda que se seguiu.

Com diferentes acusações, entre elas homicídio e terrorismo (agora retiradas), a Justiça emitiu uma ordem de captura contra López. Depois de cinco dias foragido, ele se entregou, cercado pela multidão, em um comício na Praça Brión.

Na semana passada, um tribunal de Caracas rejeitou uma apelação apresentada pela defesa, alegando a inocência do líder radical. "Leopoldo López nunca cometeu um crime e muito menos esses pelos quais está sendo acusado", frisou Juan Carlos Gutiérrez.

Outro líder do Vontade Popular, Carlos Vecchio, também está na mira de uma ofensiva judicial lançada no calor dos protestos e que o levaram para uma vida quase clandestina. Há duas semanas, Vecchio fez uma inesperada aparição em um protesto e deu algumas declarações à imprensa.

"Na Venezuela, as instituições não existem. Não há Justiça, nem independência de Poderes. E o que resta é apenas para ser usado pelo regime contra os que pensam diferente. As instituições estão a serviço do regime", declarou Vecchio, na terça-feira, ao canal colombiano NTN24.

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