Presidente de Angola com reeleição garantida
Oposição, que ameaçava contestar o pleito, reconheceu a legalidade das eleições com 75% das urnas apuradas
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2012 às 15h46.
Luanda - A oposição política de Angola , que ameaçou contestar o resultado das eleições no país africano por causa de supostas irregularidades, reconheceu neste sábado a apuração provisória das urnas e abriu espaço à reeleição do presidente José Eduardo dos Santos, que já aparece com 74,46% dos votos no segundo pleito democrático após a guerra civil.
Segundo os resultados provisórios apresentados hoje pela Comissão Nacional Eleitoral, o governante Movimento Popular de Libertação Angola (MPLA) já teria alcançado cerca de 2,5 milhões de votos, o que representa 74,46% das cédulas, enquanto o principal partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), teria pouco mais de 607 mil, 17,94% dos votos, com 58,74% das urnas apuradas.
Na jornada eleitoral de ontem, a Angola elegeu os 220 deputados de seu Parlamento, os quais terão a missão de designar o presidente. De acordo com a nova Constituição aprovada em 2010, que eliminou a escolha direta do presidente da República no país, o cabeça da lista do partido que vencer as eleições se transforma no chefe de Estado.
Apesar de ter ameaçado a contestar a validade dos resultados do atual pleito, a Unita anunciou hoje que reconhece a apuração que, até o momento, legitima uma incontestável vitória de seus adversários do MPLA.
'A Unita faz parte do jogo democrático e, como tal, aceitará qualquer que seja o resultado eleitoral', afirmou o porta-voz da formação, Alcides Sakala, em declaração à 'Agência de Notícias de Angola'.
Ontem, no entanto, o líder da Unita, Isaias Samakuva, assegurou que contestariam os resultados 'porque, no caso da província de Luanda, a CNE não credenciou mais de 2 mil delegados opositores, o que significa que a Unita não pode assegurar a veracidade dos resultados em mais de mil mesas'.
Desta forma, a aprovação do principal partido da oposição lança dúvidas em torno da saúde democrática de Angola, que celebrou ontem seu segundo pleito após a guerra civil de 2002 e o terceiro desde sua independência de Portugal, em 1975.
Por outro lado, diversas organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), denunciaram a crescente pressão do governo e de sua polícia contra os opositores, dissidentes e jornalistas nos meses que antecederam as eleições.
Apesar da tensão envolvida, a jornada eleitoral de ontem foi marcada pela normalidade, pela efetiva organização e pelo comportamento cívico dos eleitores, segundo constatou uma observadora da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a cabo-verdiana Teresa Amado.
'Se o processo continuar desta forma, teremos um final bem positivo', ressaltou Teresa.
Se a vitória do MPLA for confirmada no final da apuração, o presidente Santos, que já está no poder do país desde 1979, alcançaria mais um mandato de cinco anos.
Nas eleições legislativas de 2008, o MPLA, que obteve mais de 80% dos sufrágios, foi o vencedor, mas os resultados foram contundentes. Apesar de também ter denunciado irregularidades, a Unita acabou aceitando a vitória do partido adversário em prol da paz e a estabilidade do país.
Apesar de todas suas divergências, o MPLA e a Unita se comprometeram a fazer mais para reduzir a pobreza e a desigualdade no país nesta campanha eleitoral. Neste aspecto, o rápido crescimento econômico da Angola, que se tornou o segundo maior produtor de petróleo da África após o fim da guerra (em 2002) que devastou o país durante 27 anos, pode favorecer essa principal preocupação.
O presidente Santos, que possui grandes chances de se reeleger, desempenhou um papel chave para a estabilidade no país, assim como para o rápido crescimento econômico, que registra aumentos anuais de mais de 20%.
Mas, mesmo com a opinião pública a seu favor, alguns grupos fazem questão de expressar seu descontentamento com Santos, que já chegou a ser chamado de 'mostro saqueador' em recentes protestos na capital do país. EFE
Luanda - A oposição política de Angola , que ameaçou contestar o resultado das eleições no país africano por causa de supostas irregularidades, reconheceu neste sábado a apuração provisória das urnas e abriu espaço à reeleição do presidente José Eduardo dos Santos, que já aparece com 74,46% dos votos no segundo pleito democrático após a guerra civil.
Segundo os resultados provisórios apresentados hoje pela Comissão Nacional Eleitoral, o governante Movimento Popular de Libertação Angola (MPLA) já teria alcançado cerca de 2,5 milhões de votos, o que representa 74,46% das cédulas, enquanto o principal partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), teria pouco mais de 607 mil, 17,94% dos votos, com 58,74% das urnas apuradas.
Na jornada eleitoral de ontem, a Angola elegeu os 220 deputados de seu Parlamento, os quais terão a missão de designar o presidente. De acordo com a nova Constituição aprovada em 2010, que eliminou a escolha direta do presidente da República no país, o cabeça da lista do partido que vencer as eleições se transforma no chefe de Estado.
Apesar de ter ameaçado a contestar a validade dos resultados do atual pleito, a Unita anunciou hoje que reconhece a apuração que, até o momento, legitima uma incontestável vitória de seus adversários do MPLA.
'A Unita faz parte do jogo democrático e, como tal, aceitará qualquer que seja o resultado eleitoral', afirmou o porta-voz da formação, Alcides Sakala, em declaração à 'Agência de Notícias de Angola'.
Ontem, no entanto, o líder da Unita, Isaias Samakuva, assegurou que contestariam os resultados 'porque, no caso da província de Luanda, a CNE não credenciou mais de 2 mil delegados opositores, o que significa que a Unita não pode assegurar a veracidade dos resultados em mais de mil mesas'.
Desta forma, a aprovação do principal partido da oposição lança dúvidas em torno da saúde democrática de Angola, que celebrou ontem seu segundo pleito após a guerra civil de 2002 e o terceiro desde sua independência de Portugal, em 1975.
Por outro lado, diversas organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), denunciaram a crescente pressão do governo e de sua polícia contra os opositores, dissidentes e jornalistas nos meses que antecederam as eleições.
Apesar da tensão envolvida, a jornada eleitoral de ontem foi marcada pela normalidade, pela efetiva organização e pelo comportamento cívico dos eleitores, segundo constatou uma observadora da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a cabo-verdiana Teresa Amado.
'Se o processo continuar desta forma, teremos um final bem positivo', ressaltou Teresa.
Se a vitória do MPLA for confirmada no final da apuração, o presidente Santos, que já está no poder do país desde 1979, alcançaria mais um mandato de cinco anos.
Nas eleições legislativas de 2008, o MPLA, que obteve mais de 80% dos sufrágios, foi o vencedor, mas os resultados foram contundentes. Apesar de também ter denunciado irregularidades, a Unita acabou aceitando a vitória do partido adversário em prol da paz e a estabilidade do país.
Apesar de todas suas divergências, o MPLA e a Unita se comprometeram a fazer mais para reduzir a pobreza e a desigualdade no país nesta campanha eleitoral. Neste aspecto, o rápido crescimento econômico da Angola, que se tornou o segundo maior produtor de petróleo da África após o fim da guerra (em 2002) que devastou o país durante 27 anos, pode favorecer essa principal preocupação.
O presidente Santos, que possui grandes chances de se reeleger, desempenhou um papel chave para a estabilidade no país, assim como para o rápido crescimento econômico, que registra aumentos anuais de mais de 20%.
Mas, mesmo com a opinião pública a seu favor, alguns grupos fazem questão de expressar seu descontentamento com Santos, que já chegou a ser chamado de 'mostro saqueador' em recentes protestos na capital do país. EFE