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Opep eleva produção de petróleo para nível recorde

Temor é de que mesmo a produção aumentada não dê conta de uma possível interrupção da Líbia

Campo de petróleo: guerra civil na Líbia interrompeu a produção de cerca de 1 milhão de barris por dia (Essam Al-Sudani/AFP)

Campo de petróleo: guerra civil na Líbia interrompeu a produção de cerca de 1 milhão de barris por dia (Essam Al-Sudani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2011 às 12h37.

Londres - A produção de petróleo dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) subiu acima de 30 milhões de barris por dia em fevereiro, o nível mais alto desde dezembro de 2008, informou a organização em seu relatório mensal. No entanto, o aumento da produção pode não ser suficiente para reduzir os temores sobre a interrupção da oferta de petróleo com a escalda da violência na Líbia, que levou o preços do óleo da Opep a ultrapassar US$ 100 o barril pela primeira vez desde o início da crise financeira, em setembro de 2008.

O recuo sazonal usual da demanda por petróleo do primeiro ao segundo trimestre deverá diminuir parte da pressão sobre os mercados da commodity, informou o relatório. A Opep espera que a demanda média por seu petróleo recue para 28,7 milhões de barris por dia no próximo trimestre, 1,3 milhão de barris diários a menos que o volume produzido em fevereiro e 400 mil barris diários abaixo da média registrada no primeiro trimestre.

No entanto, a demanda deverá se recuperar no início do verão no Hemisfério Norte, o que poderá causar problemas se os preços permanecerem altos, afirmou a Opep. "Se os níveis de preços continuarem altos, isso conduzirá a uma redução no uso do combustível de transporte na temporada de viagens de verão", destacou o relatório.

A guerra civil na Líbia interrompeu a produção de cerca de 1 milhão de barris por dia, afirmou nesta semana o ministro da Energia líbio, Shokri Ghanem, ao Wall Street Journal. Segundo ele, a Líbia está produzindo atualmente somente 500 mil barris de petróleo por dia. Mas o executivo-chefe da petroleira francesa Total, Christophe de Margerie, afirma que a produção de petróleo da Líbia caiu para entre 200 mil e 300 mil barris diários, de 1,6 milhões de barris por dia antes da crise. Margerie disse que a Total suspendeu suas operações no país na semana passada, quando retirou os funcionários que ainda estavam no campo Al-Jurf. A empresa interrompeu as operações em Mabruk "há muito tempo", disse o executivo.


A Opep declarou ainda que mantém um colchão de abastecimento suficiente para acomodar qualquer interrupção de fornecimento. A organização disse que antes do início da crise da Líbia a capacidade disponível total era de quase 6 milhões de barris por dia. A Arábia Saudita aumentou sua produção em cerca de 700 mil barris por dia, extraindo esse volume da sua capacidade disponível. Com a disponibilidade da oferta adicional, as refinarias europeias deverão ter tempo suficiente para se adaptar ao corte da produção de petróleo na Líbia, segundo o relatório.

AIE

Os números da capacidade disponível da Opep são consideravelmente mais altos que outras estimativas. A Agência Internacional de Energia (AIE), que representa os interesses dos maiores consumidores de energia, afirmou que a capacidade disponível da Opep antes do início dos conflitos na Líbia era de 5 milhões de barris por dia.

Uma análise feita pelo banco de investimentos Goldman Sachs nesta semana acusou a Arábia Saudita de informar uma produção de petróleo maior do que a verdadeira, o que implica que a capacidade disponível da Opep poder ser atualmente menor que 2 milhões de barris por dia. Isso significa que a Opep poder não ser capaz de cobrir futuras interrupções de oferta, segundo o banco. O Ministério de Petróleo saudita divulgou um comunicado no mesmo dia da apresentação da análise do Goldman dizendo que a capacidade disponível é de 3,5 milhões de barris diários.

A Opep manteve inalterada sua previsão para a demanda mundial por petróleo neste ano em 87,8 milhões de barris diários, um aumento de 1,4 milhões de barris por dia em comparação com a demanda mundial de 2010. As informações são da Dow Jones.

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