Diretor da OPAQ, Ahmet Uzumcu, posa com a medalha do Nobel: "nós esperamos que até o final de janeiro a destruição tenha começado", disse (Cornelius Poppe/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 12h14.
Oslo - O diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) disse esperar nesta terça-feira, à margem da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz à sua organização, que as operações de destruição do arsenal químico sírio comecem em janeiro.
A OPAQ recebeu oficialmente o Prêmio Nobel por seus esforços para eliminar as armas de destruição em massa de todo o planeta.
"Nós esperamos que até o final de janeiro a destruição tenha começado no navio americano", especialmente preparado para esta missão, declarou Ahmet Uzumcu em uma entrevista à AFP em Oslo.
Segundo os planos da OPAQ, os agentes químicos mais perigosos do arsenal sírio deverão ser transportados para fora do país antes do dia 31 de dezembro para serem neutralizados por hidrólise a bordo de uma embarcação da Marinha americana.
Devido a insegurança que complica o transporte dessas armas para o porto de Latakia, este prazo poderá ser ligeiramente ultrapassado sem que o prazo para a conclusão da destruição do arsenal químico sírio seja prejudicado, assegurou Uzumcu.
"Muita coisa vai depender da situação da segurança no terreno e, infelizmente, a situação de segurança se deteriorou nas últimas semanas", disse ele.
"Esperamos que a situação nos permita concluir a transferência a tempo. Pode haver alguns atrasos, mas estes atrasos não me preocupam. O que é importante para mim é que a operação ocorra da forma mais segura possível", acrescentou.
No total, 1.290 toneladas de armas químicas, precursores, ou ingredientes devem ser destruídos até o final de junho.
Uzumcu também espera que a destruição de outros agentes químicos de Classe 2, menos perigosos, comece "em fevereiro", sob a gestão de empresas comerciais privadas.
Quarenta e duas empresas manifestaram interesse em participar, de acordo com o diretor da OPAQ.
Artífice da Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas (CPAQ) de 1993, a OPAQ foi agraciada com o Nobel da Paz em 11 de outubro por seus esforços para destruir essas armas de destruição em massa.
Raro sucesso de desarmamento global, ela conta atualmente com 190 estados-membros, incluindo a Síria, que aderiu ao tratado em outubro, e supervisionou a destruição de mais de 80% das armas químicas declaradas no mundo.
Apenas seis estados - Israel, Coreia do Norte, Egito, Sudão do Sul, Mianmar e Angola - ainda não assinaram ou ratificaram a proibição.
"Nós sabemos que alguns deles estão perto de uma adesão", indicou Uzumcu na segunda-feira. Quanto aos outros, "eu sinceramente espero que eles reconsiderem e façam parte da convenção sobre as armas químicas", disse ele.
Os dois principais detentores de armas químicas, os Estados Unidos e a Rússia, ainda não destruíram por completo seus estoques, descumprindo o prazo de abril de 2012, mas estão no caminho certo para fazê-lo, de acordo com Uzumcu.
Durante a entrega do prêmio, o presidente do comitê Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland, afirmou que "com a escolha deste laureado, nós encorajamos os Estados que ainda não aderiram à convenção a fazerem isso".
Consistindo de uma medalha de ouro e um diploma, o Prêmio Nobel da Paz é acompanhado por um cheque de 8 milhões de coroas suecas (cerca de 900.000 euros).
A OPAQ usará esse dinheiro para criar a sua própria recompensa, anunciou Uzumcu.
"Claro, não vamos competir com o Prêmio Nobel da paz", indicou. "Vai ser uma premiação modesta, simplesmente para recompensar aqueles que contribuíram para os nossos objetivos".
Os Prêmios Nobel de literatura, química, física, medicina e economia também serão entregues nesta terça-feira em Estocolmo.