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ONU pede mais firmeza contra tráfico humano

ONU pede mais firmeza para acabar com o tráfico humano, que classificou como a escravidão do século XXI


	Organização das Nações Unidas: maioria das vítimas é de mulheres
 (Johannes Simon/Getty Images)

Organização das Nações Unidas: maioria das vítimas é de mulheres (Johannes Simon/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2014 às 08h55.

Viena - Um crime que combina bilhões de dólares de lucro e pouco risco para os autores. Esta mistura fez com que o tráfico humano tenha se tornado muito atraente para o crime organizado, e por isso a ONU pede agora mais firmeza para acabar com o que classificou como a "escravidão do século XXI".

"O problema deste negócio criminoso é que é realmente global", explicou o diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), Yuri Fedotov, em função do primeiro Dia Mundial contra a Tráfico Humano, celebrado nesta quarta-feira.

"Isso significa que ninguém é imune, é um fenômeno global. E o lucro chega a US$ 32 bilhões anuais. Além disso, não há grandes riscos para os criminosos", disse Fedotov em entrevista à Agência Efe em Viena.

O diretor-executivo lamentou não poder apresentar números concretos sobre as vítimas, mas garantiu que ultrapassam os "milhões de homens, mulheres e crianças".

O tráfico humano consiste em recrutar, transportar e deter uma pessoa pelo uso da força, com coerção ou mentiras para explorá-la, não só com para trabalho ou objetivos sexuais, mas também para mendigar e até para o tráfico de órgãos.

Segundo a UNODC, existem diferenças regionais sobre o tipo de abusos que as vítimas sofrem. Na Ásia e na África, os casos detectados são, na maioria, de exploração laboral, enquanto na Europa e nas Américas é mais comum a exploração sexual.

Para ressaltar o caráter transnacional do tráfico humano, Fedotov lembrou que em 2012 foram detectadas vítimas de 136 nacionalidades em 118 países de destino.

A maioria das vítimas é de mulheres, ao redor de 60%, e se a esse número forem somadas as menores de idade, o total de vítimas do sexo feminino ultrapassa os 75%, lembrou o diplomata russo.

"Estamos preocupados que haja uma crescente proporção de crianças entre as vítimas", destacou, já que elas representam 27% dos casos detectados.

Outro problema deste crime é a impunidade, facilitada pela complexidade transnacional, além de lacunas legislativas e a existência de funcionários que não possuem o preparo necessário para perseguir os criminosos.

"Estamos preocupados, especialmente, porque a taxa de condenações é muito, muito baixa em muitos países", diz Fedotov.

Em cerca de 40% dos países há nenhuma ou menos de dez condenações por ano por crimes relacionados ao tráfico de pessoas, segundo ela, que apesar disso se mostra esperançosa de que "com maiores esforços, mais recursos e mais conscientização, é possível vencer esta crise no futuro próximo".

Para melhorar a luta contra este crime e aumentar o conhecimento entre a população, a Assembleia Geral da ONU decidiu dedicar a ele um dia mundial, destacou.

"As vítimas não foram levadas para outro planeta, estão vivendo em nossa vizinhança", ressaltou, como também a necessidade de gerar mais conhecimento sobre este "crime horrível que significa uma clara violação dos direitos humanos".

Fedotov lembrou também que em inúmeros casos os traficantes de pessoas utilizam as mesmas rotas que as do narcotráfico, e inclusive muitas vezes são os mesmos cartéis que cometem esse crime.

"As vítimas de tráfico humano e as de tráfico ilegal de imigrantes não são criminosas, mas vítimas, e é preciso tratá-las como vítimas, protegendo completamente seus direitos".

Em relação à prevenção, Fedotov disse estar muito satisfeito com a cooperação do Comitê Olímpico Internacional em campanhas contra o tráfico humano, e acredita poder inclusive chegar a um acordo parecido com a Fifa, parceiro em uma campanha mundial contra o racismo.

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