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ONU pede a talibãs fim das restrições impostas às mulheres

"Nenhum país pode se desenvolver, ou sobreviver social e economicamente, quando metade de sua população é excluída", disse alto comissário das Nações Unidas

(AFP/Reprodução)
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AFP

Publicado em 27 de dezembro de 2022 às 13h33.

Última atualização em 27 de dezembro de 2022 às 13h47.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, exortou os talibãs, nesta terça-feira, 27, a acabar com as "terríveis restrições" impostas às mulheres no Afeganistão.

"Nenhum país pode se desenvolver — ou sobreviver — social e economicamente quando metade de sua população é excluída", disse Türk, em um comunicado.

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"Essas restrições inimagináveis impostas às mulheres e às meninas não apenas aumentarão o sofrimento de todos os afegãos, mas, temo, representarão um risco além das fronteiras do Afeganistão", advertiu.

O alto comissário alertou ainda que as políticas implementadas pelos fundamentalistas islâmicos, que voltaram ao poder em agosto de 2021, correm o risco de desestabilizar a sociedade afegã.

Nos últimos meses, os talibãs intensificaram o cerco às mulheres, excluindo-as de empregos públicos e proibindo-as de acessar parques, jardins, academias, ou banhos públicos.

As mulheres também não podem viajar sozinhas, ingressar nas universidades, ou cursar o ensino médio.

"Convoco as autoridades 'de facto' a garantirem o respeito e a proteção dos direitos de todas as mulheres e meninas: de serem vistas, ouvidas, e de participarem e contribuírem em todos os aspectos da vida social, política e econômica do país", insistiu Türk.

No último sábado, 24, o governo talibã proibiu as organizações não governamentais de empregarem mulheres, sob pena de perder sua autorização para operar no país.

Neste contexto, seis ONGs anunciaram que vão suspender suas atividades no Afeganistão. As organizações são: Save the Children, Conselho Norueguês para os Refugiados, Care International, Comitê Internacional de Resgate (IRC), Christian Aid e ActionAid.

Para todas essas proibições, as autoridades alegam que as mulheres não respeitaram o código de vestimenta, que as obriga a cobrirem o rosto e o corpo inteiro.

"Este último decreto das autoridades 'de facto' terá consequências terríveis para as mulheres e para todos os afegãos", enfatizou Türk.

"Proibir as mulheres de trabalharem para ONGs irá privá-las, assim como suas famílias, de sua renda e de seu direito de contribuírem positivamente para o desenvolvimento de seu país e para o bem-estar de seus concidadãos", continuou.

A nova restrição imposta às ONGs "vai prejudicar significativamente, se não destruir, a capacidade dessas organizações de prestarem serviços essenciais, dos quais tantos afegãos vulneráveis dependem", lamentou Türk.

De acordo com as Nações Unidas e com agências de ajuda humanitária, mais da metade dos 38 milhões de habitantes do país precisa de assistência urgente durante o rigoroso inverno.

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