Ajuda humanitária: mesmo assim neste ano, a organização só conseguiu assistir 32% das pessoas que vivem em áreas sitiadas e 6,5% dos sírios que vivem em locais de difícil acesso (Tobias Schwarz / AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2016 às 12h13.
Genebra - A Organização das Nações Unidas (ONU) conseguiu entregar assistência humanitária a quase 450 mil pessoas na Síria desde o começo do ano, anunciou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da entidade (OCHA) nesta quinta-feira.
Os comboios da ONU também conseguiram acessar áreas definidas como "difíceis", por causa principalmente dos vários controles de segurança impostos por diferentes grupos.
Mesmo assim neste ano, a organização só conseguiu assistir 32% das pessoas que vivem em áreas sitiadas e 6,5% dos sírios que vivem em locais de difícil acesso.
Em entrevista coletiva, o chefe do grupo de trabalho da ONU sobre acesso humanitário, Jan Egeland, se disse "frustrado" pelo fato de que o ritmo da assistência não só não cresce como desacelera.
"O ritmo de entrega não está melhorando como deveria, mas sim desacelerando. A mensagem é clara para aqueles que têm influência sobre o governo: o governo deve cumprir suas promessas e deve nos permitir ajudar as pessoas. As necessidades crescerão rapidamente se não conseguirmos entrar onde devemos", afirmou.
Ele especificou que, apesar de "todas as partes em conflito" estarem colocando impedimentos para a distribuição de assistência, o maior responsável pelos bloqueios é o regime de Bashar al Assad.
"Se das 18 áreas sitiadas 15 estão sob cerco do governo ou de suas milícias amigas (em referência ao grupo libanês Hezbollah), está claro que a maioria dos problemas está relacionada ao governo", sentenciou.
Egeland contou o caso recente de cinco comboios com ajuda humanitária que estavam prontos e não puderam partir por falta de permissão.
"Dos cinco, quatro não foram autorizados pelo governo e um por forças opositoras", detalhou ele, acrescentando que, se tivessem entrado, os materiais beneficiariam 287 mil pessoas.
Perante esta situação, Egeland disse que "espera e reza" por rápidas mudanças em um futuro próximo que permitam acelerar a distribuição de ajuda humanitária e poder cumprir, assim, o objetivo de assistir 1,1 milhão de pessoas até o final deste mês.
"Se não houver mudanças rápidas não poderemos cumprir o planejado", confessou.
Ele explicou que na semana passada três crianças de Madaya morreram depois que uma bomba que elas estavam usando como brinquedo explodiu.
Egeland disse que o próximo objetivo é retirar 500 pessoas das localidades de Madaya, Zabadani, El Fua e Kefraya. Segundo ele, caso isso seja possível "será uma evacuação médica inédita".
Ele afirmou que não existe distinção entre civis e combatentes e que todos serão hospitalizados em locais com controle e supervisão da Cruz Vermelha internacional.
"As evacuações médicas, assim como as revisões nas áreas sitiadas, deveriam ser rotineiras", concluiu.