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ONU denuncia abusos sexuais de soldados na África

A ONU denunciou um novo escândalo de abusos sexuais cometidos por soldados estrangeiros contra crianças na África

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein (FABRICE COFFRINI/AFP)

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein (FABRICE COFFRINI/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2016 às 19h16.

Genebra - A ONU denunciou nesta sexta-feira, em Genebra, um novo escândalo de abusos sexuais cometidos por soldados estrangeiros contra crianças na República Centro-Africana, e pela primeira vez nomeou cinco países que teriam militares envolvidos nestes casos.

Os supostos delitos teriam ocorrido principalmente em 2014, mas não se tinha noção deles até as últimas semanas, explicou o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, que se declarou alarmado pelas novas acusações.

Uma equipe da ONU no país africano falou com várias crianças e adolescentes, que declararam ter sofrido abusos sexuais ou exploração de parte de soldados estrangeiros.

Segundo quatro meninas, com idades entre os 14 e os 16 anos no momento dos fatos, os agressores pertenciam a contingentes da força da União Europeia (Eufor-RCA), que não faz parte do contingente sob o comando da ONU, a Missão das Nações Unidas na República Centro-africana (Minusca).

Três das jovens acreditam terem sido abusadas por membros das tropas georgianas da Eufor-RCA.

Também há suspeitas sobre soldados de "outro país" que operam na Eufor, mas a ONU não quis fornecer mais informações antes de obter alguma comprovação.

Uma das meninas entrevistadas afirmou ter praticado sexo oral com soldados franceses em troca de uma garrafa de água ou um pacote de biscoitos.

A ONU já anunciou a abertura de uma investigação sobre as novas acusações de abusos sexuais por soldados da Minusca.

"Os soldados não foram identificados" no momento, informou uma fonte europeia, que disse que as acusações envolvem "pelo menos dez soldados".

O ministério da Defesa da Geórgia prometeu "fazer tudo o possível para assegurar que aqueles que cometeram esses crimes sejam responsabilizados".

Cerca de 150 soldados georgianos participaram da Eufor-RCA, que contava com cerca de 700 homens entre fevereiro de 2014 e março 2015, com a missão de restaurar a segurança em Bangui.

A UE, que leva estas acusações "muito a sério", prometeu fornecer aos investigadores todas as informações "potencialmente relevantes" sobre o caso.

Segundo a ONU, dois irmãos, uma menina e um menino que tinham 7 e 9 anos, respectivamente, na época dos fatos denunciados, relataram terem sido vítimas de abuso sexual em 2014, supostamente cometidos por membros das tropas francesas Sangaris.

O ministro da Defesa francês, Jean Yves Le Drian, anunciou que apresentou à justiça as novas acusações.

Soldados franceses

Em 2014, um primeiro escândalo envolvendo soldados franceses veio à tona. Os incidentes ocorreram dentro ou no entorno de um campo de refugiados em M'Poko, perto do aeroporto de Bangui, sob a proteção da Eufor e das Sangaris.

Essas forças europeias não pertenciam ao contingente sob o comando da ONU.

No início de janeiro, o escândalo atingiu soldados que faziam parte da missão Minusca. Segundo a investigação, estes soldados pertencem a cinco países: Bangladesh, Marrocos, República Democrática do Congo, Níger e Senegal. As vítimas seriam cinco meninas.

O chefe da Minusca, o gabonês Parfait Onanga-Anyanga, prometeu "sanções duras" depois de considerar como "absolutamente inaceitável que um soldado de manutenção da paz esteja envolvido nestes atos horríveis".

Na França, cinco soldados tiveram de depor perante a justiça em dezembro por outros casos de supostos abusos que ocorreram entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014.

No entanto, nenhum dos soldados foi formalmente acusado e as audiências não contribuíram para o avanço da investigação, de acordo com uma fonte próxima à investigação francesa.

Durante os interrogatórios, os soldados disseram ter entregue rações alimentares às crianças sem pedir nada em troca, indicou.

Uma funcionária da ONU de nacionalidade francesa foi quem fez as denúncias.

Outra investigação está em curso na França sobre o suposto estupro de uma mulher centro-africana no verão de 2014 por um militar francês.

Texto atualizado às 20h15

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