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ONU considera possível firmar acordo de paz no Iêmen em breve

Desde o início do conflito, a ONU tenta mediar diálogos entre as partes para deter os confrontos

Iêmen: "É momento de as partes se darem conta de que não pode haver paz sem concessões" (Khaled Abdullah/Reuters)

Iêmen: "É momento de as partes se darem conta de que não pode haver paz sem concessões" (Khaled Abdullah/Reuters)

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EFE

Publicado em 31 de outubro de 2016 às 14h55.

Última atualização em 31 de outubro de 2016 às 14h58.

Nações Unidas - O enviado especial da ONU para o Iêmen, Ismail Ould Sheikh Ahmed, defendeu nesta segunda-feira que é possível obter um acordo de paz no país nas próximas semanas, apesar de as partes em conflito terem rejeitado a última proposta.

"É momento de as partes se darem conta de que não pode haver paz sem concessões, nem segurança sem um acordo", disse o diplomata em um discurso no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Ahmed disse que viajará para Sana, no Iêmen, e Riad, na Arábia Saudita, para se reunir mais uma vez com os líderes dos grupos em conflito e avaliou que a paz pode estar próxima desde que haja comprometimento com a "boa fé" e o interesse nacional.

A mensagem do mediador chega depois de o governo dos rebeldes houthis e seus aliados terem rejeitado o último "roteiro" em direção à paz proposto pela ONU e após a fracassada trégua de 72 horas.

No entanto, o enviado especial disse que o plano e os acordos diplomáticos já discutidos anteriormente deveriam permitir avanços para um pacto completo nas próximas semanas. Ahmed destacou que a proposta tem apoio internacional e oferece uma solução global para o conflito, com garantias para representação de todas as partes.

A proposta prevê que o presidente exilado do país, Abdo Rabbo Mansour Hadi, entregue o poder a um vice-presidente, designado por consenso com os houthis. O grupo rebelde, então, deveria se retirar de várias cidades, incluindo a capital, Sana, para se formar um novo governo de união nacional com sede na cidade.

O diplomata criticou o fato de a população iemenita estar sendo prejudicada por "decisões políticas pessoais e temerárias", e disse confiar que as partes podem assinar um acordo político para colocar um fim na crise que atinge o país.

Desde o início do conflito, a ONU tenta mediar diálogos entre as partes para deter os confrontos e organizou várias rodadas de negociações de paz. A última, acompanhada de uma trégua, foi encerrada sem sucesso em agosto.

A coalizão liderada pela Arábia Saudita deu início, em março de 2015, a uma ofensiva militar contra os houthis e em apoio ao presidente do Iêmen, que se encontra exilado no país vizinho.

Segundo dados da ONU, desde então, 7 mil pessoas morreram e outras 3 milhões tiveram que deixar suas casas.

O chefe humanitário da ONU, Stephen O'Brien, afirmou que a situação segue se deteriorando no país, com mais de 80% da população (mais de 21 milhões de pessoas) precisando de algum tipo de ajuda.

Segundo O'Brien, o Iêmen está um "passo de uma crise de fome". Além disso, 14 milhões de pessoas vivem situação de insegurança alimentar - 2 milhões delas sofrem de destruição, entre elas 370 mil crianças. Outro problema é um surto de cólera que irrompeu o país, com 61 casos confirmados e outros 1.700 possíveis.

Tudo isso se soma aos continuados bombardeios por parte da coalizão árabe, que causam uma multidão de vítimas civis, e que atingiram instalações como hospitais e escolas, assim como ataques por parte dos houthis, os atentados do Estado Islâmico e outros grupos terroristas que aproveitam a situação para se expandir.

Os membros do Conselho de Segurança da ONU, durante um debate, pediram as partes para cessar as hostilidades e acertar uma solução negociada ao conflito, com base nas propostas de Ahmed.

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