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ONG pede que Dory "não seja procurada"

ONG faz campanha para evitar a compra desenfreada de peixes blue tang, a espécie de Dory, que poderia causar problemas ambientais


	"Procurando Dory": campanha quer evitar a compra em massa de peixes da espécie para não causar impactos ambientais graves
 (Divulgação/Pixar)

"Procurando Dory": campanha quer evitar a compra em massa de peixes da espécie para não causar impactos ambientais graves (Divulgação/Pixar)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2016 às 08h23.

A peixinha é fofa, engraçada, esquecida. Que criança depois de assistir às desventuras de Dory no novo filme da Pixar não vai querer ter uma toda sua para cuidar?

Pois esse é o medo de uma ONG criada por causa da onda sem precedente de compra de peixes-palhaços após o sucesso do primeiro filme da franquia - Procurando Nemo.

Agora, a sequência Procurando Dory, que estreia nesta quinta-feira, 30, no Brasil e já é líder de bilheteria nos Estados Unidos, é focada na peixinha de linda coloração azul.

E os ambientalistas temem que, se houver uma procura semelhante, populações do animal podem ser impactadas.

De acordo com a ONG Saving Nemo Conservation Fund, depois do lançamento do primeiro filme, em todo o mundo houve um aumento de 40% nas vendas do peixe-palhaço, o Nemo (gênero Amphiprion), e os ativistas relatam que chegou a haver um aumento da busca pelos animais nos corais onde eles vivem, no Oceano Pacífico.

Mas já existia a criação desses animais em cativeiro e hoje os exemplares que são encontrados à venda em lojas de aquarismo vêm praticamente todos desses criadores, o que tira a pressão sobre a natureza.

Com a Dory, ou blue tang (Paracanthurus hepatus), porém, a situação é bem diferente.

Hoje quem tem uma Dory no aquário com certeza está com um indivíduo que vem da natureza, desses mesmos corais no Oceano Pacífico. E a pesca não é exatamente sustentável.

"É uma situação complexa. Peixes ornamentais como os das espécies da Dory e do Nemo vivem em recifes de corais no litoral de países pobres do Pacífico, como Ilhas Cook, Filipinas, em que as populações são muito dependentes dos recursos marinhos. A coleta é feita quase sem controle, em alguns casos eles usam cianeto para pegar os peixes e vendem por preços baixos para grandes exportadores", afirma Miguel Mies, pesquisador associado do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP) e especialista no cultivo em cativeiro de espécies ornamentais.

Segundo Mies, a Dory ainda não está em risco de extinção, mas ele acredita que já esteja ocorrendo um aumento dessa coleta na natureza para atender a procura num ritmo maior do que seria considerado saudável para a espécie.

"A espécie da Dory é de uma família de peixes mais complexos, cujo cultivo está longe de estar dominado. Ainda não se sabe como reproduzi-la em cativeiro", diz o pesquisador.

Em casa

Lidar com um blue tang em casa também é muito mais complicado. O animal, que pode chegar em seu tamanho máximo a 15 centímetros, requer grandes aquários, de 300 litros, e um tratamento mais cuidadoso.

Segundo William Sugai, gerente da loja Ecoanimal, que vende a espécie, se o aquário não for muito bem cuidado, o bicho pode facilmente morrer. Ele diz não acreditar, porém, que possa haver um aumento da venda, pelo menos não no Brasil, por causa do preço.

"É um peixe caro, em torno de R$ 800. Até seria bom a venda crescer, por causa da crise, mas acho que vai ser um fiasco", diz.

Um peixe-palhaço, por exemplo, custa R$ 60. Em outros países, no entanto, o valor é bem mais em conta. Nos EUA, a Dory custa em média US$ 50, o que mostra que pode haver uma pressão pela sobrepesca.

Na dúvida, melhor seguir o que diz a campanha do Saving Nemo: "Assista ao filme, mas não procure a Dory."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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