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Onda de greves na França testará reformas de Macron

Os sindicatos temem que, se o governo ganhar essa batalha, terá as mãos livres para impor outros projetos. Por isso querem conquistar a opinião pública

Emmanuel Macron: encontro com Obama foi em Paris (Philippe Wojazer/Reuters)
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AFP

Publicado em 1 de abril de 2018 às 13h04.

A onda de greves que toma conta da França desde a última segunda-feira, em particular na companhia pública de trens SNCF, testa a vocação reformadora do presidente Emmanuel Macron , menos de um ano depois de sua chegada ao palácio do Eliseu.

Os ferroviários da SNCF fazem uma greve intermitente que pode perturbar seriamente a vida cotidiana dos franceses durante três meses.

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Os sindicatos protestam contra um projeto de reforma do governo que quer pôr fim a seu estatuto especial. Criaram um novo conceito de mobilização, com uma greve de dois dias a cada cinco, totalizando 36 dias de paralisação alternados até o final de junho.

A SNCF aconselhou seus usuários a não usarem trem de segunda-feira à noite até a quinta de manhã, pois o movimento "será muito inoportuno" para os 4,5 milhões de viajantes diários, segundo o presidente do grupo, Guillaume Pepy.

Na terça-feira, os ferroviários se somarão a outros setores em greve: os funcionários da limpeza e do setor da energia.

No mesmo dia, os funcionários da Air France farão greve pela quarta vez em um mês para pedir um aumento geral de salário de 6%, embora não haja relação direta com as reformas de Macron.

A isso se somam os movimentos de estudantes, contrários a uma lei que modifica o acesso à universidade por meio de um sistema de seleção.

Desde maio de 2017, várias manifestações de relativo sucesso - os próprios ferroviários, funcionários públicos, aposentados - não alteraram o desejo reformador do executivo.

O método Macron, classificado de "brutal" pelos sindicatos, consiste em tentar reformar rapidamente todos os setores para surpreender os sindicatos. "Ao abrir continuamente novas frentes, torna obsoleta a oposição à primeiro delas, pois já abriu uma segunda frente", explica o cientista político Philippe BraudDesemprego persistente

"A França é a única grande economia europeia que não derrotou o desemprego em massa" (8,9% ao final de 2017), argumentava Macron em agosto do passado, para justificar sua agenda reformista.

Os sindicatos sabem que apostam alto nesse disputa envolvendo a SNCF, empresa muito endividada e que enfrentará em breve a abertura à concorrência europeia.

Os sindicatos temem que, se o governo ganhar essa batalha, terá as mãos livres para impor outros projetos. Por isso querem conquistar a opinião pública francesa.

Segundo uma pesquisa da Ifop para o Journal du Dimanche, 53% dos franceses consideram a greve injustificada, mas há duas semanas esse percentual era de 58%.

Isso demonstra que a causa dos grevistas "progride enquantoentramos no momento mais difícil do conflito", estima Frédéric Dabi, diretor adjunto da Ifop.

Ao mesmo tempo, contudo, 72% dos franceses estão convencidos de que o governo não recuará.

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