OMS: “Todos temos lições a aprender com a pandemia", o diretor-geral Adhanom Ghebreyesus (reuters/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2020 às 06h27.
Última atualização em 19 de maio de 2020 às 06h54.
O encontro anual dos 194 países que fazem parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) chega ao fim nesta terça-feira em meio a um debate sobre as lições que a pandemia do novo coronavírus irá deixar para a comunidade internacional.
Na assembleia, que este ano é realizada por videoconferência, os países-membros da OMS estão interessados em investigar as ações tomadas para conter o novo coronavírus e apoiam, quase que de maneira unânime, a condução de uma investigação independente da resposta internacional. Proposta pela União Europeia, a medida contou com o apoio de mais de cem países, sendo necessários dois-terços dos votos da assembleia para que seja implementada.
“Todos temos lições a aprender com a pandemia. Todos os países e as organizações devem examinar sua resposta e aprender com sua experiência. A OMS está comprometida com a transparência, a prestação de contas e a melhoria contínuo”, disse o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Segundo ele, assim que for possível, essa iniciativa será lançada, com “transparência e responsabilidade”, mas lembrou do novo coronavírus “o risco continua alto”.
Embora a proposta tenha sido trazida à tona pela Austrália, apoiada pelos Estados Unidos, ela foi levada adiante pela União Europeia, mas em um tom menos agressivo contra um dos países-membros mais importantes em todo o episódio: a China. Antes, a resolução citava o país diretamente e queria centrar a tal investigação independente nos esforços chineses.
Em um tom diplomático e sem citar a China diretamente, o documento proposto pela União Europeia (e com o qual os australianos concordam) recebeu o apoio indireto de Xi Jinping. Sem mencionar a resolução, o presidente da China disse durante a assembleia apoiar uma “revisão compreensiva” das ações contra a pandemia e prometeu doar 2 bilhões de dólares à Organização das Nações Unidas para ajudar no combate ao vírus.
Enquanto o mundo olha com atenção para essa resolução e pondera os pontos fortes e fracos da estratégia internacional, o Brasil continua à deriva. Terceiro país mais afetado pela doença, o Brasil conta com um ministro interino, o general Eduardo Pazuello.
Ele participou da assembleia da OMS, mas omitiu a gravidade da situação no país durante a sua fala, afirmando existir “diálogo entre os três níveis do governo” e “ajustes nos protocolos do Ministério da Saúde baseados em evidências”. Ficaram de fora da sua manifestação as brigas entre o presidente Jair Bolsonaro com governadores e as tentativas forçadas de ampliar o uso da cloroquina.