No último século, de acordo com Bettcher, o tabaco provocou a morte de 100 milhões de pessoas (Chris Groom/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2012 às 12h31.
Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou nesta quarta-feira que segue firme na guerra contra a indústria do tabaco, acusada de usar a "intimidação" e de lançar "ataques cada vez mais agressivos" para debilitar as políticas públicas contra o cigarro.
"Temos que ser aliados nesta batalha contra a interferência da indústria do tabaco. A OMS rejeita terminantemente suas tentativas de intimidação e todas suas sujas artimanhas", declarou o diretor da Iniciativa Livre de Tabaco da OMS, Douglas Bettcher.
Em entrevista coletiva às vésperas do dia mundial sem tabaco, celebrado nesta quinta, Bettcher pediu unidade para resistir às artimanhas da indústria tabaqueira, que, por sua vez, tenta "atingir" grupos de consumidores cada vez mais jovens.
O consumo de tabaco no mundo permanece estável, com 20% da população mundial. Entre os homens, a prevalência é de 38%, enquanto entre as mulheres é de 10%.
"Em termos absolutos, o número de fumantes gira em torno 1,1 bilhão em nível mundial, destacando uma tendência específica ao aumento do consumo entre mulheres jovens da América Latina, Europa e algumas partes da Ásia", apontou outro analista da OMS na luta contra o tabaco, Armando Peruga.
Segundo Peruga, essas regiões citadas registram cada vez mais casos de adolescentes, entre 13 e 15 anos, "viciados em nicotina", sendo que o consumo do tabaco é diretamente responsável por doenças que causam a morte de 6 milhões de pessoas ao ano.
No último século, de acordo com Bettcher, o tabaco provocou a morte de 100 milhões de pessoas. Seguindo as projeções, o século XXI poderia registrar a morte de 1 bilhão de pessoas por causa do tabaco.
No entanto, as vítimas dessa indústria não são somente os fumantes, mas também todos aqueles que inalam a fumaça produzida por outros.
Um recente estudo citado por Peruga revela que 300 mil pessoas no mundo morrem anualmente por causas relacionadas à exposição da fumaça do tabaco e que, deste número, 120 mil são crianças menores de cinco anos.
Em termos de interferência da indústria com os processos legislativos nacionais, Peruga citou os esforços que as companhias de tabaco fazem para impedir que a Austrália introduza um novo pacote padrão para os maços de cigarros.
A partir de outubro, o governo australiano deve aplicar uma nova legislação que impedirá que as empresas utilizem cores ou desenhos atrativos em torno de seus logotipos. Dentro desta nova lei, os maços terão um padrão único para todas as marcas.
A Nova Zelândia e o Reino Unido já declararam publicamente sua intenção de adotar uma medida similar, em relação a apresentação dos maços de cigarros, em um prazo de dois anos.
"A indústria está desesperada porque estão perdendo suas opções de espaços para fazer propaganda de seus produtos", comentou Bettcher.
O representante da OMS também enunciou os esforços da indústria do tabaco para captar consumidores cada vez mais jovens e também as mulheres, ou seja, grupos que estão abaixo da média nos níveis de consumo.
"Mais e mais jovens começam a fumar em idades mais adiantadas (...). Em países subdesenvolvidos podemos visualizar tendências muito perturbadoras. A taxa de mulheres adolescentes que fumam é a mesma que a de homens jovens e, em muitos casos, chega a ser mais alta", precisou.
"A indústria do tabaco deve ser desprezada, já que não mostra nenhuma intenção de seguir as leis existentes e adotar melhores práticas relacionadas ao consumo de tabaco", completou Bettcher. EFE