OMS diz que varíola do macaco tem se espalhado despercebida pelo mundo
A OMS afirmou nesta quarta-feira, 1º, que casos confirmados da varíola do macaco passam de 550 em mais de 30 países
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2022 às 14h42.
Última atualização em 1 de junho de 2022 às 14h52.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) acendeu o sinal vermelho com relação à varíola do macaco . A instituição afirmou nesta quarta-feira, 1º, que foram confirmados mais de 550 casos da doença em mais de 30 países.
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a aparição da doença de forma repentina em tantos países indica que o vírus tem circulado sem ser detectado ao redor do mundo já por algum tempo —fora dos países da África onde, até então, a varíola do macaco era mais comum.
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"Nós não sabemos realmente se é muito tarde para contê-lo", disse durante coletiva de imprensa em Genebra. "O que a OMS e todos os Estados-membros estão tentando fazer é prevenir mais disseminação".
Ainda não foram encontrados casos oficiais da varíola do macaco no Brasil, mas há suspeitos cuja situação está em análise pelas autoridades. Países da região como Argentina e México já confirmaram infectados.
Uma das principais estratégias tem sido isolar os pacientes infectados e rastrear as pessoas com as quais tiveram contato. O diretor da OMS também pediu que países intensifiquem as estratégias de vigilância para detectar novos casos entre a população geral.
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A varíola do macaco tem sintomas que desaparecem após algum tempo, mas há casos graves registrados. Ainda assim, não foram detectadas mortes até o momento na América do Norte e Europa.
Uma preocupação é sobre como a doença vai se comportar caso atinja em massa grupos mais vulneráveis, como mulheres e crianças, disse a técnica da OMS Maria Van Kerkhove, que também trabalhou na resposta à covid-19.
A transmissão entre seres humanos identificada até o momento é pequena, embora as autoridades ainda careçam de mais informações.
A maior parte dos casos até o momento tem sido detectada em homens adultos e que tiveram relações sexuais com outros homens, mas Adhanom afirma que todas as pessoas estão suscetíveis e governos devem trabalhar para evitar o estigma contra um grupo específico.
O que é varíola do macaco?
A varíola do macaco, ou ortopoxvirosis simia, é uma doença rara cujo patógeno pode ser transmitido do animal para o homem e vice-versa.
Seus sintomas são semelhantes, em menor escala, aos observados em pacientes antigos de varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e dorsais durante os primeiros cinco dias.
Depois, aparecem erupções—no rosto, palmas das mãos e solas dos pés—, lesões, pústulas e finalmente crostas.
A doença foi identificada pela primeira vez em humanos em 1970 na República Democrática do Congo, em um menino de 9 anos que vivia em uma região onde a varíola havia sido erradicada desde 1968.
Desde 1970, foram registrados casos humanos de "ortopoxvirosis simia" em dez países africanos. No início de 2003, também foram confirmados casos nos Estados Unidos, os primeiros fora do continente africano.
Como é transmitida a varíola do macaco?
A infecção nos casos iniciais se deve ao contato direto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou membranas mucosas de animais infectados.
A transmissão secundária, de pessoa para pessoa, pode ser resultado do contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias, lesões na pele de uma pessoa infectada ou objetos recentemente contaminados com fluidos biológicos ou material das lesões de um paciente.
"Provavelmente é muito cedo para tirar conclusões sobre o modo de transmissão ou assumir que a atividade sexual é necessária para a transmissão", disse em entrevista anterior à AFP Michael Skinner, virologista do Imperial College London, Science Center (SMC).
A "varíola do macaco" geralmente se cura por conta própria, com sintomas que duram de 14 a 21 dias.
Analisando as epidemias, a taxa de mortalidade apresentou grande variação, mas se manteve abaixo dos 10%. Estima-se que a cepa da África Ocidental, a mesma que afeta casos britânicos, tenha uma taxa de mortalidade em torno de 1%.
(Com informações da AFP)