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OMS aprova uso de tratamentos experimentais contra o ebola

Comitê de Ética da OMS aprovou em reunião na segunda-feira o uso desses tratamentos, em primeiro lugar, nos países do oeste africano mais atingidos pela doença

David Nabarro: médico foi nomeado como coordenador da ONU para o ebola (AFP)
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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2014 às 19h33.

Diante da gravidade da epidemia de febre hemorrágica ebola , que já deixou mais de 1.000 mortos, a comunidade médica internacional aprovou nesta terça-feira o emprego de tratamentos ainda não testados em humanos.

O Comitê de Ética da Organização Mundial da Saúde ( OMS ) aprovou em uma reunião na segunda-feira o uso desses tratamentos, em primeiro lugar, nos países do oeste africano mais atingidos pela doença, no mesmo dia em que morreu um missionário espanhol repatriado da Libéria.

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Esta foi a primeira morte causada pelo vírus na Europa desde que a epidemia atual foi reportada.

"Diante das circunstâncias da epidemia e sob certas condições, o comitê concluiu que é ético oferecer tratamentos - ainda que não tenham eficácia comprovada, assim como os efeitos colaterais - como potencial tratamento ou de caráter preventivo", afirmou em nota a OMS.

Em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou planos para reforçar a resposta global à epidemia de ebola e colocá-la sob controle, ao mesmo tempo em que pediu que os governos evitem o pânico.

Ban nomeou o médico David Nabarro como coordenador da ONU para o ebola, encarregado de supervisionar a estratégia mundial de combate à doença.

"Temos que evitar o pânico e o medo. O ebola pode ser evitado", disse Ban a jornalistas no escritório central da ONU.

"Com recursos, informação, ação precoce e vontade, as pessoas podem sobreviver à doença", disse.

Morte de missionário espanhol

Até o momento não existe um tratamento de cura ou vacina contra o ebola, epidemia que levou a OMS a decretar uma emergência de saúde pública mundial.

Mas o uso do medicamento experimental ZMapp em dois americanos e um padre espanhol - que faleceu nesta terça-feira em Madri - infectados com o vírus quando trabalhavam na África provocou um intenso debate ético.

O medicamento, do qual existe pouca quantidade, parece apresentar resultados promissores nos dois americanos, mas o religioso espanhol morreu nesta terça-feira em um hospital de Madri.

Miguel Pajares, de 75 anos, "morreu às 09H28" (04H28 de Brasília), indicou à AFP uma porta-voz do hospital La Paz-Carlos III. Ele não resistiu à febre, apesar do tratamento experimental.

O missionário, primeiro paciente a ser repatriado à Europa, trabalhava no hospital São José de Monróvia, administrado pela ordem religiosa de São João de Deus.

Trata-se do quarto funcionário deste hospital, fechado desde 1º de agosto pelas autoridades da Libéria, a morrer em dez dias após contrair o vírus.

O comitê condicionou o uso dos tratamentos experimentais a uma "transparência absoluta sobre os cuidados, a um consentimento informado, à liberdade de escolha, à confidencialidade, ao respeito das pessoas e à preservação da dignidade e ao envolvimento das comunidades".

Também estabeleceu "a obrigação moral de obter e compartilhar as informações sobre segurança e eficácia das intervenções", que devem ser objeto de avaliação constante.

O número de mortes provocadas pelo vírus ebola superou a barreira de mil, com 1.013 óbitos e 1.848 casos registrados (confirmados, suspeitos e prováveis) em Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria, segundo o balanço mais recente da OMS.

O vírus ebola é transmitido pelo contato direto com o sangue e fluídos corporais humano ou animal infectado.

Antes mesmo do anúncio da aprovação da OMS, os Estados Unidos prometeram o envio à Libéria, um dos países mais atingidos pela epidemia, do soro experimental ZMapp, disponível em pequena quantidade, para tratar os médicos atualmente infectados.

A empresa americana Mapp Biopharmaceutical, que produz o medicamento, informou na segunda-feira que enviou o estoque para o oeste da África.

Médicos de todo o mundo participaram nos debates da OMS na segunda-feira em Genebra.

Segundo a organização, em apenas dois dias, entre 7 e 9 de agosto, 52 mortos por ebola foram registradas e 69 casos foram relatados.

Houve 11 novos casos e 6 mortes em Guiné, 45 novos casos e 29 mortes na Libéria, nenhum novo caso ou morte na Nigéria e 13 novos casos com 17 mortes em Serra Leoa.

Os profissionais da área de saúde são os mais expostos à doença. Sete médicos e um enfermeiro chineses que haviam trataram pacientes com ebola foram colocados em quarentena nas últimas duas semanas em Serra Leoa, segundo o embaixador da China em Freetown, Zhao Yanbo.

Firmeza das autoridades africanas

Frente a esta situação de emergência, a Libéria reforçou suas medidas de contenção da doença.

A presidente Ellen Johnson Sirleaf anunciou que a província de Lofa (norte) tinha entrado em quarentena, a terceira região abrangida por esta medida de exceção.

Lofa faz fronteira com Guiné e Serra Leoa, dois países atingidos pela epidemia.

Já Guiné-Bissau decidiu nesta terça-feira fechar a fronteira com a Guiné.

O Japão decidiu retirar os seus 24 trabalhadores humanitários que estão em Guiné, Libéria e Serra Leoa.

No Senegal, país vizinho da Guiné, o diretor do jornal "La Tribune", Felix Nzale, foi levado sob custódia policial na segunda-feira por publicar "informações falsas" sobre a presença do vírus ebola no Senegal.

Em Ruanda, os testes determinaram que um estudante alemão que veio de Ruanda não estava contaminado com ebola.

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