Zika: entidade já declarou o fim da emergência e optou por um programa de longo prazo (Marvin Recinos/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de fevereiro de 2017 às 10h20.
Genebra - Um ano depois de decretar emergência internacional por causa da proliferação do vírus da zika pelo mundo, a cúpula da Organização Mundial da Saúde (OMS) admite: "ainda está no escuro" diante de vários aspectos da doença, mesmo que muitas perguntas sobre o vírus tenham sido respondidas.
A constatação faz parte de um documento usado pela OMS em uma reunião com doadores em janeiro para atualizar a comunidade internacional sobre quais serão os próximos passos.
A agência de saúde da ONU estima que são pelo menos cinco as perguntas ainda sem respostas definitivas: Qual é o risco absoluto da síndrome congênita do zika? Quais os fatores de risco para a microcefalia? Qual é a extensão da infecção em áreas com o mosquito? Qual é o risco de transmissão sexual? E qual é o papel da imunidade natural em diferentes regiões com surtos que tenham ocorrido no passado?
Só que a entidade já declarou o fim da emergência e optou por transformar o cenário de urgência em programa de longo prazo. Ao Estado, pesquisadores da agência admitiram que a luta contra o zika será longa e onerosa para os governos.
Além de lidar com o mosquito vetor da doença, eles precisam preparar-se para ajudar famílias a lidar com crianças com má-formação e problemas que ainda nem sequer são conhecidos.
No caso do Brasil, dados recebidos pela OMS nos últimos dias apontam que o verão fez ressurgir o número de casos, ainda que em um volume menor que o do surto de 2015 e 2016.
Ainda assim, fontes dentro da própria OMS criticaram o fim da emergência, alertando que a decisão retirou o foco de doadores e foi prematura.
Vivendo um processo eleitoral para escolher uma nova direção e substituir Margaret Chan no comando, a entidade vive o debate sobre sua credibilidade, duramente afetada nos últimos anos.
Durante a campanha, muitos concorrentes disseram não concordar com o fim do status do vírus da zika e a forma de determinar emergências.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.