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Ômicron: ainda é cedo para pensar em imunidade coletiva

Os riscos de sobrecarga dos sistemas de saúde são altos. Embora mais benigna, o impacto da variante ainda não foi determinado

Profissional de saúde prepara uma dose da vacina da Pfizer/BioNTech contra a covid-19 (AFP/AFP)

Profissional de saúde prepara uma dose da vacina da Pfizer/BioNTech contra a covid-19 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 3 de janeiro de 2022 às 15h56.

Última atualização em 3 de janeiro de 2022 às 19h49.

A chegada assombrosa da variante ômicron ao cenário caótico da pandemia nos faz sonhar novamente com a perspectiva de imunidade coletiva, mas especialistas alertam que ainda é muito cedo para conclusões. 

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O ministro da Saúde da França, Olivier Veran, ousou declarar no fim de semana que "esta quinta onda pode ser a última", devido à velocidade com que a ômicron, uma variante altamente contagiosa do coronavírus, está se espalhando, de forma aparentemente menos perigosa.

Um cenário otimista, segundo Alain Fischer, responsável pela campanha de vacinação na França.

"Talvez estejamos testemunhando um início de evolução para um vírus mais banal, como muitos outros que já conhecemos", declarou nesta segunda-feira, 3.

A imunidade natural, junto com o efeito das vacinas, proporcionaria uma fase muito menos severa da pandemia global.

"Há esperança", diz o epidemiologista Arnaud Fontanet.

"O Sars-CoV-2 poderia se juntar a outros coronavírus humanos que causam resfriados e dor de garganta a cada inverno", explica ele.

"Ainda não estamos próximos. Podemos prever que novas variantes vão aparecer, mas nossa imunidade será fortalecida com o tempo, seja por infecção natural ou com doses de reforço da vacina", indica.

Mas antes disso haverá previsivelmente "um alto número de infecções na população", disse o diretor do Ministério da Saúde de Israel, Nachman Ash, no domingo.

Nova variante?

Os riscos de sobrecarga dos sistemas de saúde são altos. Embora mais benigna, o impacto da ômicron ainda não foi determinado. E se houver novas variantes, a imunidade coletiva pode ser prejudicada com mais mortes.

"Ainda espero que o vírus se torne semelhante aos dos resfriados, talvez nos próximos dois anos", disse Julian Tang, virologista e professor na Universidade de Leicester, citado pela organização britânica Science Media Center.

"Se quisermos começar a aprender as lições do passado recente desta pandemia, a primeira coisa a lembrar é que é muito imprevisível", disse o epidemiologista Antoine Flahault à AFP. Em sua opinião, o conceito de imunidade coletiva é "puramente teórico".

“Parece que a imunidade das vacinas protege de forma eficaz contra as formas graves da doença, mas não de forma igual a todos os vacinados”, explica.

“A imunidade adquirida naturalmente também parece fornecer uma espécie de proteção, principalmente contra as formas graves, embora nada esteja totalmente certo”, acrescenta.

Flahault, que atualmente dirige o Instituto de Saúde Global em Genebra, acredita que todas as possibilidades permanecem abertas, incluindo um impacto maior do que o previsto da variante ômicron ou simplesmente o surgimento de novas mutações.

"Estou convencido de que não será a última onda", disse Eric Caumes, ex-diretor do serviço de doenças infecciosas do hospital La Pitié Salpêtrière em Paris, no domingo.

“Mas talvez seja a última com essa intensidade”, diz.

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