Odebrecht: o relatório indica que no Equador, entre 2007 e 2016, a empresa fez pagamentos de US$ 35,5 milhões a "funcionários do governo" (Dan Kitwood/Getty Images)
EFE
Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 22h45.
Quito - Um movimento da oposição no parlamento do Equador, Creo, anunciou nesta sexta-feira que está recolhendo assinaturas para abrir um processo de impeachment contra o vice-presidente do país, Jorge Glas, supostamente envolvido no esquema do pagamento de subornos pagos pela Odebrecht.
O deputado Diego Salgado, um dos líderes do Creo, disse que a medida busca levar Glas a um impeachment na Assembleia Nacional pelo fato de o vice-presidente ter sido responsável por projetos em setores estratégicos, alguns envolvendo propina da companhia.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmou que a Odebrecht pagou aproximadamente US$ 788 milhões em subornos em 12 países da América Latina e da África, incluindo o próprio Brasil.
O relatório indica que no Equador, entre 2007 e 2016, a empresa fez pagamentos de US$ 35,5 milhões a "funcionários do governo", o que gerou um lucro de US$ 116 milhões.
Salgado disse que Glas, como responsável pelos projetos de setores estratégicos do país, deve informar tudo o que sabe sobre propinas aos servidores equatorianos pagos pela Odebrecht. O deputado exige também que o vice-presidente esclareça outro caso de corrupção envolvendo a estatal Petroecuador.
O representante do movimento Creo disse que precisa de 27 assinaturas para abrir o processo de impeachment contra o vice-presidente. Apesar de o Congresso ser dominado pelo governo, Salgado disse acreditar que irá receber o apoio necessário.
"Será complicado que isso prospere rapidamente", disse o deputado, lembrando, porém, das eleições presidenciais e legislativas marcadas para o próximo dia 19 de fevereiro, em que Glas tentará a reeleição como vice-presidente.
A Constituição do Equador prevê que o parlamento pode cassar o mandato do presidente ou do vice apenas por crimes contra a segurança do país, além de peculato, enriquecimento ilícito, genocídio, tortura, sequestro e homicídio por razões políticas.
O parlamentar pediu que a Comissão de Fiscalização da Assembleia Nacional convoque Glas a prestar depoimento nas investigações sobre o caso Odebrecht, uma solicitação em que também incluiu o presidente do país, Rafael Correa.