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Ocupação israelense de Jerusalém Oriental é limpeza étnica

Relator da ONU afirmou que ocupação israelense dos territórios palestinos se assemelha a uma espécie de limpeza étnica


	Novas habitações em assentamento judaico: estratégia de Israel tem o propósito de "encorajar a expansão de assentamentos israelenses ilegais", diz ONU
 (©AFP / Menahem Kahana)

Novas habitações em assentamento judaico: estratégia de Israel tem o propósito de "encorajar a expansão de assentamentos israelenses ilegais", diz ONU (©AFP / Menahem Kahana)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2014 às 11h22.

Genebra - A ocupação israelense dos territórios palestinos se assemelha a uma "anexação" e, no caso concreto de Jerusalém Oriental, a uma espécie de "limpeza étnica" pelos esforços de Israel para "modificar sua composição demográfica" em favor de seus cidadãos, disse nesta sexta-feira o relator da ONU Richard Falk.

"Trata-se de um esforço sistemático e continuo para mudar a composição étnica de Jerusalém e tornar mais difícil aos palestinos manterem sua residência", disse Falk, um jurista americano que está no final de um mandato de seis anos como relator especial da ONU sobre os direitos humanos nos territórios palestinos.

Em entrevista coletiva, Falk explicou que a estratégia de Israel em Jerusalém Oriental, território sobre o qual israelenses e palestinos reivindicam direitos, tem o propósito de "encorajar a expansão de assentamentos israelenses ilegais".

Mais de 11 mil palestinos "perderam seu direito de viver em Jerusalém desde 1996", disse Falk, que cita dados oficiais de Israel e explica que viver na cidade sem uma autorização de residência equivale a viver na insegurança.

A expansão dos assentamentos judaicos, em geral, é forte obstáculo nas perspectivas de uma saída política para o histórico conflito palestino-israelense, sobretudo se for levado em conta que seu ritmo se acelera, opinou Falk.


O relator afirmou que somente no ano passado, o número de assentamentos na Cisjordânia dobrou, segundo números oficiais de Israel.

Falk observou que cada vez que as negociações de paz retornam ocorre "uma intensificação da atividade (para a construção) dos assentamentos e do uso excessiva da força por parte dos corpos de segurança de Israel".

"Há uma relação inversa direta entre as negociações de paz e as realidades que a cada dia os palestinos enfrentam", acrescentou.

Falk, que durante seu mandato foi alvo de várias campanhas contrárias de instituições pró-Israel, opinou que a iniciativa para retomar as conversas de paz entre palestinos e israelenses parece ter sido um projeto pessoal do secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, que recebeu "um apoio mínimo" do presidente Barack Obama.

O relator sustentou que "Israel não parece cômodo com as negociações", apesar de que, enquanto elas durarem, servem para diminuir temporariamente as críticas.

No entanto, o relator considerou que a questão foi relegada na agenda internacional devido à atenção dada pelas principais potências à Síria, outras partes do Oriente Médio e, mais recentemente, à crise da Ucrânia e da Crimeia.

Para Falk, a maior esperança dos palestinos é o "movimento internacional não violento", estimulado por organizações civis palestinas, que se caracteriza pelo boicote (comercial) e outras iniciativas relacionadas com sanções, que recebem muito apoio e que relembram o movimento contra o apartheid na África do Sul.

*Atualizada às 11h21 do dia 21/03/2014

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