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Ocidente condena violenta reação por filme anti-Islã

Conselho de Segurança e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenaram em comunicados separados os ataques tanto em Benghazi quanto no Cairo

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2012 às 15h54.

Paris - Os ocidentais condenaram nesta quarta-feira o ataque que tirou a vida de quatro americanos, incluindo um embaixador, na Líbia, em meio a uma onda de revolta causada no mundo muçulmano, principalmente no Egito, pelo filme considerado ofensivo ao Islã produzido por um americano de origem israelense.

"Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes este ataque ultrajante e chocante contra a nossa missão diplomática em Benghazi que custou a vida de quatro americanos, entre eles o embaixador Chris Stevens", declarou o presidente americano Barack Obama em um comunicado.

Este evento reforça o "compromisso dos Estados Unidos com a liberdade, a justiça, e a parceria com os países e populações através do globo", acrescentou Obama, a um mês da eleição presidencial americana.

"Os Estados Unidos rejeitam os esforços para denegrir as crenças religiosas dos outros, e todos nós devemos, de forma inequívoca, nos opor a este tipo de violência sem sentido que custou a vida de altos funcionários", disse o presidente americano.

Ele ressaltou que havia pedido o reforço da "segurança em todas as nossas missões diplomáticas em todo o mundo", e uma equipe de fuzileiros navais especializados na luta contra o terrorismo deve ir rapidamente para a Líbia.

Conselho de Segurança e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenaram em comunicados separados os ataques tanto em Benghazi quanto no Cairo.

O Conselho "reafirmou que estes atos são injustificados muito além de suas motivações" e Ban Ki-moon declarou estar "profundamente entristecido pelo ataque em que morreu o embaixador americano e outros três diplomatas".


O atentado também foi denunciado pelos aliados europeus dos Estados Unidos, a começar por Paris e Londres, que lideraram a missão militar ocidental contra o regime de Muamar Kadhafi em 2001, assim como Alemanha, Itália e Canadá e organizações como a Otan e a UE.

"A França pede às autoridades líbias que esclareçam esses crimes odiosos e inaceitáveis, identifiquem os responsáveis e os levem à justiça", declarou o presidente francês, François Hollande, ao condenar "firmemente o ataque" ao consulado americano em Benghazi.

A Itália também reagiu: "Nós condenamos com o máximo de firmeza este gesto atroz", declarou o chefe de Governo italiano, Mario Monti. Ele disse estar convencido de que as autoridades líbias "não pouparão esforços para impedir que o novo governo líbio seja refém" de forças opostas à democracia.

Em visita ao Cairo, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, condenou "o ataque brutal e sem sentido ao Consulado Geral dos Estados Unidos em Benghazi".

"Esse tipo de ataque não levará a nada", acrescentou Hague. "Esses diplomatas não servem apenas ao seu próprio país, os Estados Unidos, mas também ao povo líbio. Eles trabalharam pela paz e pela estabilidade na Líbia".

Já em vários países muçulmanos, as condenações foram direcionadas, primeiramente, contra o filme "Os muçulmanos inocentes", que motivou o ataque ao consulado.

O filme, que pretende ser uma descrição da vida de Maomé e inclui cenas de homossexualidade e pedofilia, "é ofensivo ao Profeta e imoral", considerou o governo egípcio em um comunicado.


O governo pediu "ao grande povo do Egito que expresse sua ira com moderação", enquanto a Irmandade Muçulmana, principal força política do país, convocou manifestações pacíficas para sexta-feira em todo o país.

O Cairo também considerou "lamentáveis" os incidentes na embaixada dos Estados Unidos, onde manifestantes retiraram a bandeira americana para substituí-la por uma islamita.

O Irã também denunciou o filme. Seu Ministério das Relações Exteriores criticou o governo americano pelo "silêncio sistemático e contínuo frente a este tipo de ato".

A Presidência afegã afirmou que o filme é "desumano e ofensivo". O governo afegão indicou ter ordenado o bloqueio do YouTube para impedir a divulgação do filme. Mas esse anúncio foi desmentido pelo porta-voz do Ministério da Informação e da Cultura.

Em Túnis, cerca de cem militantes salafistas se reuniram no início da tarde em frente à embaixada dos Estados Unidos para protestar contra o filme.

Já o Vaticano condenou as ofensas injustificáveis e as provocações contra os muçulmanos, considerando a qualquer violência inaceitável, em clara referência ao atentado na Líbia depois da apresentação do filme.

O porta-voz do Vaticano, Francisco Lombardi, lamentou, em um comunicado, "os resultados trágicos" provocados por essas ofensas, e condenou "uma violência completamente inaceitável" depois do assassinato do embaixador americano em um atentado em Benghazi.

"O respeito profundo pelas crenças, pelos textos, pelos grandes personagens e os símbolos de diversas religiões é uma condição essencial para a coexistência pacífica dos povos", afirmou Lombardi, lamentando "as consequências gravíssimas das ofensas injustificáveis e provocações à sensibilidade dos fiéis muçulmanos".

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