Obama pede saída imediata de Kadafi
Governante dos EUA advertiu sobre o risco do governante Líbia se tornar "algo sangrento"
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 19h33.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se pronunciou nesta quinta-feira categoricamente favorável à saída do líder Muammar Kadafi do poder, ao afirmar que o ditador está "do lado errado da história" e "perdeu a legitimidade" para governar o país.
"Vou ser pouco ambíguo sobre isso. O coronel Kadafi deve deixar o poder", declarou Obama, que já tinha formulado a mesma exigência anteriormente, mas apenas em comunicados escritos.
Assim, o líder americano reiterou com ênfase sua postura contrária ao líder líbio, de quem exigiu sua saída em três ocasiões em menos de dez minutos durante uma entrevista coletiva conjunta com o presidente mexicano, Felipe Calderón.
O governante dos EUA advertiu, além disso, sobre o risco de "um ponto morto que, com o tempo, possa se transformar em algo sangrento" na Líbia.
Insistiu em que seu Governo maneja "uma ampla gama de opções", e não descartou a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, embora não deu indícios de inclinar-se pela via militar.
Obama indicou que seu país estuda várias ações a serem tomadas em relação à Líbia, e não descartou a criação de uma zona de exclusão aérea sobre o país norte-africano, mas minimizou a importância da possibilidade de uma intervenção militar. "O que queremos é ter a capacidade de intervir potencialmente rápido se a situação se deteriorar".
A grande prioridade do momento, segundo ele, é a ajuda humanitária. Para isso, Obama autorizou o uso de aviões militares e civis americanos para o transporte de cidadãos estrangeiros que se encontram na Tunísia após fugirem da Líbia.
As organizações humanitárias falam sobre dezenas de milhares de trabalhadores estrangeiros que fogem da Líbia em direção à Tunísia ou ao Egito.
Também de forma categórica, Obama lançou uma advertência aos funcionários próximos a Kadafi sobre as consequências que terá o uso da violência contra seu próprio povo.
"Aqueles que o rodeiam devem entender que a violência que cometem contra civis inocentes será observada e eles deverão prestar contas", alertou o presidente.
Uma possibilidade considerada é que Kadafi se mantenha acuado em Trípoli enquanto seu povo sofre de escassez alimentícia. Por isso, é necessário que a comunidade internacional estude alternativas para fornecer alimentos à população líbia.
As declarações de Obama ocorrem depois que o secretário de Defesa americano, Robert Gates, pareceu descartar na quarta-feira uma zona de exclusão aérea na Líbia, ao considerar que essa estratégia poderia requerer a eliminação das defesas antiaéreas líbias, o que equivaleria a um ato de guerra.
"Vamos dizer claramente. Uma zona de exclusão aérea começa com um ataque contra a Líbia para destruir suas defesas aéreas", assinalou o secretário de Defesa em discurso no Congresso.
As declarações de Obama coincidem também com a oferta de mediação da Venezuela para a crise na Líbia. O Governo de Caracas sugeriu a criação de uma comissão de paz para o assunto.
Os EUA descartaram a proposta, alegando que Kadafi "sabe perfeitamente o que deve fazer".
"Não é preciso que uma comissão internacional diga ao coronel Kadafi o que ele deve fazer pelo bem de seu país e de seu povo. Ele deve deixar o poder e deixar de atacá-lo", afirmou nesta quinta-feira o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley.
A aviação líbia leal ao coronel voltou nesta quinta-feira a bombardear o enclave petrolífero da cidade líbia de Brega, no leste do país, onde na quarta-feira 12 pessoas morreram nos combates, seis das quais foram enterradas nesta quinta-feira na cidade de Ajdabiya.
A situação nesta cidade, em poder da oposição rebelde que controla o leste do país e algumas localidades do oeste, era de tensões latentes ao longo desta quinta.