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Obama nomeia "czar anti-ebola"

O advogado Ron Klain se reportará diretamente à Conselheira de Segurança Doméstica de Obama e à Conselheira de Segurança Nacional

Obama: prontamente, alguns republicanos criticaram a indicação do presidente (AFP)
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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2014 às 20h01.

O presidente americano, Barack Obama , nomeou nesta sexta-feira o advogado Ron Klain para coordenar a resposta dos Estados Unidos à epidemia de ebola , em meio à ansiedade crescente provocada pela disseminação da doença fora da África.

O novo "czar anti-ebola", como foi apelidado pela imprensa americana, se reportará diretamente à Conselheira de Segurança Doméstica de Obama, Lisa Monaco, e à Conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice.

Antigo assessor democrata, Klain deve iniciar seu trabalho em breve, garantindo que "os esforços para proteger o povo americano, com a detecção, o isolamento e o tratamento de pacientes com ebola neste país sejam adequadamente integrados, mas não se desviem do compromisso agressivo para deter o ebola na origem, o oeste da África", informou a Casa Branca.

Klain foi assessor sênior de Obama e trabalhou como chefe de gabinete do vice-presidente Joe Biden e do ex-vice-presidente Al Gore.

Atualmente, ele preside a Case Holdings - fundada pelo diretor-executivo da AOL, Steve Case - e é conselheiro-geral da empresa de capital de risco Revolution LLC, voltada para tecnologia.

Prontamente, alguns republicanos criticaram a indicação de Obama, afirmando que ele indicou um amigo político sem qualquer experiência médica para lidar com uma potencial emergência sanitária.

"Sua indicação é chocante e, francamente, incapaz de responder às preocupações do povo americano", afirmou o congressista Tim Murphy, que presidiu uma audiência da Câmara dos Representantes sobre a desastrada resposta americana à crise.

"Instalar mais um indicado político que não tem experiência médica ou no controle de doenças infecciosas fará pouco para dar segurança aos americanos, que estão perdendo a confiança cada vez mais na estratégia da administração para tratar o ebola", prosseguiu.

Perguntado por jornalistas por que a Casa Branca escolheu alguém sem experiência médica para o trabalho, o porta-voz Josh Earnest afirmou: "Não estamos procurando um especialista em ebola, mas um especialista em implementação".

As autoridades de saúde americanas têm sido duramente criticadas após a confirmação de dois casos de infecção no país.

Os casos correspondem a duas enfermeiras, que trabalhavam no Hospital Presbiteriano de Dallas, no Texas, e cuidaram do cidadão liberiano Thomas Duncan, que morreu de ebola na instituição em 8 de outubro.

A primeira enfermeira contaminada, Nina Pham, chegou na noite de quinta-feira a um hospital especializado do governo americano em Maryland, e seu estado de saúde era satisfatório nesta sexta-feira.

"Ela está muito cansada", disse a jornalistas Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.

"Este vírus derruba você", prosseguiu.

Preocupação com viajantes

Enquanto isso, autoridades de saúde americanas ampliaram o número de passageiros de avião com os quais gostariam de contactar depois que outra enfermeira infectada pelo ebola, Amber Vinson, voou do Texas para Ohio e retornou, alguns dias antes de ser diagnosticada.

Os CDC informaram que estão em contato com as pessoas que embarcaram no mesmo voo de Vinson, em 10 de outubro, entre Dallas e Cleveland, assim como no voo de volta.

O alcance expandido se "baseou em informação adicional, obtida durante entrevistas com contatos próximos" da enfermeira, reportaram os CDC em um comunicado, sem dar maiores detalhes.

Vinson não apresentou outros sintomas além de uma febre baixa e os CDC a liberaram para viajar de volta para o Texas no dia 13 de outubro.

Agora, até 750 passageiros que estiveram no mesmo avião em cinco viagens diferentes estão sendo procurados, informou o Frontier Airlines, reforçando que as autoridades acreditam que o risco de transmissão de ebola é baixo.

À medida que o temor do ebola se espalha pelos Estados Unidos, o Pentágono fechou um estacionamento e um acesso nesta sexta-feira, depois que uma mulher que teria voltado da África recentemente vomitou do lado de fora do prédio.

A área foi isolada "como excesso de precaução" e a mulher, levada para um hospital, informou o Departamento de Defesa.

Surgiram dúvidas de se ela teria de fato ido à África e autoridades não encontraram evidências de que ela contraiu o vírus.

A mulher trabalhou para uma empresa lobista em Washington, a Total Spectrum, e a empresa informou que ela nunca foi enviada para a África a negócios.

"Ela nunca esteve na África, nem a lazer, nem a trabalho", disse à AFP uma representante da empresa, que pediu para não ser identificada.

No Texas, uma funcionária de saúde que manipulou amostras do liberiano falecido, isolou-se voluntariamente a bordo de um transatlântico em Belize, no Caribe.

Segundo autoridades americanas, citadas em um comunicado do governo de Belize, "a passageira não tem febre ou outros sintomas da doença".

Ela é considerada de "baixíssimo risco" de infecção e a empresa Carnival Cruise Lines informou que o transatlântico faz a viagem de volta a Galveston, no Texas, onde deverá atracar no domingo.

São Paulo - Ebola é uma doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
  • 2. A origem

    2 /13(Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)

  • Veja também

    A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
  • 3. A epidemia atual

    3 /13(Tommy Trenchard/Reuters)

  • Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
  • 4. Os sintomas

    4 /13(AFP)

    Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
  • 5. Transmissão

    5 /13(Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)

    O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
  • 6. O tratamento

    6 /13(Cellou Binani/AFP)

    Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
  • 7. Como se proteger

    7 /13(AFP)

    A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
  • 8. Epidemia global

    8 /13(Tommy Trenchard / Reuters)

    O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
  • 9. Vacina experimental

    9 /13(sxc.hu)

    Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
  • 10. Fronteiras fechadas

    10 /13(Gary Cameron/Reuters)

    Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
  • 11. Não há mercado para a vacina

    11 /13(AFP)

    Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
  • 12. Medicação

    12 /13(Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)

    Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
  • 13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde

    13 /13(Reuters)

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