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Obama louva a nova África, apesar das velhas marcas

Presidente dos EUA louvou as promessas de uma "nova" África no final de uma cúpula com 42 líderes do continente

Barack Obama participa de uma cúpula com 42 líderes africanos, em Washington (Jonathan Ernst/Reuters)

Barack Obama participa de uma cúpula com 42 líderes africanos, em Washington (Jonathan Ernst/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2014 às 22h51.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, louvou nesta quarta-feira as promessas de uma "nova" África no final de uma cúpula com 42 líderes do continente, na qual a Casa Branca quis ir além da imagem de pobreza, corrupção e epidemias com a qual geralmente a região é associada.

"A África ainda enfrenta grandes desafios", disse nesta quarta-feira Obama, que se apresentou na noite passada perante seus colegas africanos durante um jantar na Casa Branca como "o filho de um homem da África", o economista queniano Barack Hussein Obama, falecido em novembro de 1982.

Apesar de reconhecer os desafios pendentes, o presidente falou hoje de uma "nova e mais próspera África", com um enorme potencial humano.

O presidente americano celebrou que "a maior reunião" de líderes africanos já realizada nos Estados Unidos conclua com novos compromissos de investimento e financiamento no valor total de US$ 37 bilhões, dos quais US$ 14 bilhões correspondem a novos acordos empresariais.

O total inclui também US$ 12 bilhões em compromissos do Banco Mundial (BM) e outros organismos para respaldar a iniciativa da Casa Branca para a eletrificação da África e US$ 4 bilhões para melhorar a saúde maternal.

A insistência da Casa Branca nas promessas do continente, que abriga seis das dez economias de mais rápido crescimento do mundo e uma população majoritariamente jovem, não conseguiu ocultar a faceta menos amável de uma região assolada pelo pior surto do vírus ebola da história.

A epidemia, que já matou mais de 900 pessoas na África Ocidental, não fez parte da agenda oficial da cúpula de três dias, mas mesmo assim esteve muito presente.

A praga da corrupção, que custa ao continente bilhões de dólares por ano, segundo reconheceu hoje Obama, também marcou presença.

"Eu lhes diria que lutar contra a corrupção é uma parte definitiva, crítica" para impulsionar o crescimento econômico, disse o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, na segunda-feira em um encontro com os ministros de Comércio da região.

Nesse mesmo dia o vice-presidente americano, Joe Biden, se referia ao problema como "o câncer da democracia".

Membros da numerosa comunidade etíope em Washington aproveitaram também a ocasião para manifestar-se em frente a edifícios oficiais da capital americana em sinal de protesto pela violação dos direitos humanos em seu país.

Embora sem mencionar nomes concretos, Kerry criticou os líderes do continente que se perpetuam no poder, entre os quais se encontram o líder da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, o de Ruanda, Paul Kagame, o de Uganda, Yoweri Museveni e o de Camarões, Paul Biya.

O angolano José Eduardo dos Santos, que está há 35 anos no poder, decidiu não comparecer, apesar de ter sido convidado, e enviou seu vice-presidente.

Apesar de tudo, os EUA não quiseram encarar de frentes esses problemas e insistiram que o objetivo da cúpula em Washington era destacar a "significativa oportunidade que existe na África".

O encontro de três dias acolheu também hoje uma reunião com as primeiras-damas do continente liderada pela atual inquilina da Casa Branca, Michelle Obama, e sua antecessora Laura Bush, que pediram a suas colegas africanas para apostar nas meninas.

"Até que não demos prioridade a nossas meninas e entendamos que são tão importantes, e sua educação é tão importante quanto à de nossos filhos, teremos muito trabalho pela frente", comentou Michelle.

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