Obama e o quebra-cabeça político para fechar Guantánamo
Esta semana, Obama reforçou sua promessa de campanha de fechar o presídio, erguido em um enclave cubano por seu antecessor George W. Bush
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 17h49.
O fechamento da "infame" prisão de Guantánamo se mantém como uma das prioridades da Casa Branca, mas o complicado quebra-cabeça político envolvendo o presidente Barack Obama parece adiar essa ação por tempo indeterminado.
Esta semana, Obama reforçou sua promessa de campanha de fechar o presídio, erguido em um enclave cubano por seu antecessor George W. Bush após os atentados do 11 de Setembro.
Obama expressou seu "total apoio" aos enviados encarregados de "facilitar" a repatriação dos detentos de Guantánamo.
O presidente também pediu ao Congresso que "suspenda as restrições às transferências dos detidos" que comprometem significativamente a capacidade das autoridades americanas de reduzir a população carcerária, o que impossibilita o fechamento dos campos de detenção.
Mas doze anos depois de sua abertura, o presídio, chamado de "infame", "buraco negro" e "prisão suja", ainda tem 164 homens em suas celas. A grande maioria nunca foi acusada, nem julgada, e permanece presa de maneira "indefinida" por simples suspeitas de terrorismo nunca comprovadas.
"Nunca imaginei vê-la fechada", disse à AFP o advogado David Remes, que defende 15 presos.
"Não é uma questão de filosofia, mas os detidos não podem ser simplesmente transferidos por razões práticas", acrescentou.
Essas razões têm a ver com o fato de o Congresso americano ter proibido que os homens de Guantánamo sejam transferidos para os Estados Unidos, inclusive se forem exigidos pela Justiça.
Encontrar, nessa situação, um país que os aceite representa um desafio quando o país de origem do preso apresenta riscos de tortura, ou pelo contrário, de reincidência.
"O que fazer com os detentos de Guantánamo, já que não podemos julgá-los, transferi-los, nem pô-los em liberdade?", questiona o general Mark Martins, procurador-em-chefe da prisão em uma entrevista à AFP.
Guantánamo não é um "parque de diversões"
"Esse é um exemplo do que acontece quando a política se envolve nos assuntos que cabem apenas dentro da lei e da segurança nacional", disse recentemente o procurador-geral de Justiça, Eric Holder.
Holder também lamentou que as audiências do 11 de Setembro sejam realizadas em Guantánamo, e não em Manhattan, como havia reivindicado.
O porta-voz do Pentágono, Todd Breasseale, foi além e garantiu que a prisão é "muito cara, ineficaz e funciona fora dos interesses americanos". De acordo com a Casa Branca, o presídio custa US$ 1 milhão por ano e por prisioneiro.
Os governos de W. Bush e Obama admitiram que 84 detentos não representam risco para a segurança dos Estados Unidos e poderão ser transferidos. Entre eles estão 56 iemenitas. A repatriação desse grupo estava suspensa desde maio.
"Pelo menos 51% dos prisioneiros tiveram sua liberdade autorizada desde 2007, mas não podem ir para suas casas. Isso é indignante", criticou o advogado Clive Stafford Smith, em uma entrevista em Guantánamo.
"Não é um parque de diversões", que se fecha de um dia para o outro, disse à AFP o comandante John Filostrat, novo porta-voz da prisão.
Outros 71 casos estão sendo analisados, na tentativa de se esvaziar Guantánamo.
A operação é feita a conta-gotas há anos. "Apenas dois presos foram transferidos" desde maio, quando Barack Obama reafirmou seu compromisso, acrescentou Omar Farah, advogado do Centro pela Defesa dos Direitos Constitucionais.
"Nenhum iemenita deixou a prisão desde 2010", lembrou Farah.
A administração Obama negocia com o Iêmen a construção de um centro de reabilitação para receber os 88 prisioneiros dessa nacionalidade reclusos em Guantánamo - declarou a organização Human Rights First. Essa infraestrutura "permitirá que mais da metade da população de Guantánamo volte para casa", disse Dixon Osburn, que pertence à ONG.
Apesar de todos os esforços do governo Obama, enquanto houver presos que não possam ser repatriados nem transferidos para os Estados Unidos "Guantánamo não poderá fechar", afirmou o advogado David Remes, que também atua na defesa desses detentos.
"Se continuarmos transferindo detentos em pares, a cada seis meses, a próxima geração também terá de enfrentar esse problema", completou.
O fechamento da "infame" prisão de Guantánamo se mantém como uma das prioridades da Casa Branca, mas o complicado quebra-cabeça político envolvendo o presidente Barack Obama parece adiar essa ação por tempo indeterminado.
Esta semana, Obama reforçou sua promessa de campanha de fechar o presídio, erguido em um enclave cubano por seu antecessor George W. Bush após os atentados do 11 de Setembro.
Obama expressou seu "total apoio" aos enviados encarregados de "facilitar" a repatriação dos detentos de Guantánamo.
O presidente também pediu ao Congresso que "suspenda as restrições às transferências dos detidos" que comprometem significativamente a capacidade das autoridades americanas de reduzir a população carcerária, o que impossibilita o fechamento dos campos de detenção.
Mas doze anos depois de sua abertura, o presídio, chamado de "infame", "buraco negro" e "prisão suja", ainda tem 164 homens em suas celas. A grande maioria nunca foi acusada, nem julgada, e permanece presa de maneira "indefinida" por simples suspeitas de terrorismo nunca comprovadas.
"Nunca imaginei vê-la fechada", disse à AFP o advogado David Remes, que defende 15 presos.
"Não é uma questão de filosofia, mas os detidos não podem ser simplesmente transferidos por razões práticas", acrescentou.
Essas razões têm a ver com o fato de o Congresso americano ter proibido que os homens de Guantánamo sejam transferidos para os Estados Unidos, inclusive se forem exigidos pela Justiça.
Encontrar, nessa situação, um país que os aceite representa um desafio quando o país de origem do preso apresenta riscos de tortura, ou pelo contrário, de reincidência.
"O que fazer com os detentos de Guantánamo, já que não podemos julgá-los, transferi-los, nem pô-los em liberdade?", questiona o general Mark Martins, procurador-em-chefe da prisão em uma entrevista à AFP.
Guantánamo não é um "parque de diversões"
"Esse é um exemplo do que acontece quando a política se envolve nos assuntos que cabem apenas dentro da lei e da segurança nacional", disse recentemente o procurador-geral de Justiça, Eric Holder.
Holder também lamentou que as audiências do 11 de Setembro sejam realizadas em Guantánamo, e não em Manhattan, como havia reivindicado.
O porta-voz do Pentágono, Todd Breasseale, foi além e garantiu que a prisão é "muito cara, ineficaz e funciona fora dos interesses americanos". De acordo com a Casa Branca, o presídio custa US$ 1 milhão por ano e por prisioneiro.
Os governos de W. Bush e Obama admitiram que 84 detentos não representam risco para a segurança dos Estados Unidos e poderão ser transferidos. Entre eles estão 56 iemenitas. A repatriação desse grupo estava suspensa desde maio.
"Pelo menos 51% dos prisioneiros tiveram sua liberdade autorizada desde 2007, mas não podem ir para suas casas. Isso é indignante", criticou o advogado Clive Stafford Smith, em uma entrevista em Guantánamo.
"Não é um parque de diversões", que se fecha de um dia para o outro, disse à AFP o comandante John Filostrat, novo porta-voz da prisão.
Outros 71 casos estão sendo analisados, na tentativa de se esvaziar Guantánamo.
A operação é feita a conta-gotas há anos. "Apenas dois presos foram transferidos" desde maio, quando Barack Obama reafirmou seu compromisso, acrescentou Omar Farah, advogado do Centro pela Defesa dos Direitos Constitucionais.
"Nenhum iemenita deixou a prisão desde 2010", lembrou Farah.
A administração Obama negocia com o Iêmen a construção de um centro de reabilitação para receber os 88 prisioneiros dessa nacionalidade reclusos em Guantánamo - declarou a organização Human Rights First. Essa infraestrutura "permitirá que mais da metade da população de Guantánamo volte para casa", disse Dixon Osburn, que pertence à ONG.
Apesar de todos os esforços do governo Obama, enquanto houver presos que não possam ser repatriados nem transferidos para os Estados Unidos "Guantánamo não poderá fechar", afirmou o advogado David Remes, que também atua na defesa desses detentos.
"Se continuarmos transferindo detentos em pares, a cada seis meses, a próxima geração também terá de enfrentar esse problema", completou.