Obama aposta na aceitação da Turquia pela UE
Roma - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aposta em fazer a Turquia se sentir parte da "família" da União Europeia (UE) para propiciar que este país que tem influência "positiva" no mundo muçulmano fomente os laços com o Ocidente. Em entrevista publicada hoje no jornal italiano "Corriere della Sera", o presidente americano fala […]
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2011 às 19h39.
Roma - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aposta em fazer a Turquia se sentir parte da "família" da União Europeia (UE) para propiciar que este país que tem influência "positiva" no mundo muçulmano fomente os laços com o Ocidente.
Em entrevista publicada hoje no jornal italiano "Corriere della Sera", o presidente americano fala do futuro do Afeganistão e do momento atual das relações internacionais da Turquia, depois do ataque à embarcação que seguia para Gaza, que provocou a morte de nove pessoas e ferimentos em dezenas, tenha esticado a diplomacia com Israel.
Turquia é um "aliado da Otan e sua economia está em expansão. Além disso, o fato de ser uma democracia e um país de maioria islâmica o torna modelo importante para outros países muçulmanos. Por estas razões, consideramos positivo cultivar fortes relações com Ancara", comenta Obama.
"E esta é a razão pela qual, embora não somos membros da UE, sempre expressamos a opinião que seria sábia aceitar à Turquia na União. Reconheço que isto desperte sentimentos fortes na Europa e não acho que o ritmo lento ou a rejeição europeia seja o único ou predominante fator na raiz de algumas orientações observadas recentemente no comportamento turco", acrescenta.
Mas, como diz o presidente americano, a não aceitação da Turquia na UE influencia no modo como o povo turco vê à Europa: "Se não se sentem parte da família europeia, é natural que terminem olhando para outro lado para buscar alianças".
"Apesar de que algumas coisas vistas, como a tentativa de mediar um acordo com o Irã sobre o tema nuclear, foram desafortunados, acho que foram motivadas pelo fato de que a Turquia tenha uma longa área de fronteira com o Irã e não quer nenhum tipo de conflito", comenta Obama.
"O que nós podemos fazer com Ancara é mantê-la em nossos compromissos, mostrar-lhe as vantagens que tem para eles a integração com Ocidente, com respeito a sua qualidade específica, a de uma grande democracia islâmica, e não atuar com medo por isto", acrescenta.
O presidente dos Estados Unidos assegura que ainda resta muito trabalho por fazer para estabilizar o Afeganistão, com uma estratégia que "prevê um aumento das tropas no terreno para debilitar a recuperação dos talibãs e conseguir um maior compromisso na construção dos aparatos militares e de segurança afegãos".
"Antes da metade do ano que vem deveríamos começar a transição, mas isso não significa que será de uma tacada só. É mais, começaremos a ver tropas da Polícia afegã a tomar nosso lugar e, portanto, uma gradual redução de nossa presença, compensada por um maior esforço afegão", incide Obama.
"Será duro, será difícil, mas penso que é possível. Sobretudo se olharmos para o feito que os talibãs não têm o apoio do povo afegão: esta não é uma insurreição que tem o apoio popular. As pessoas ainda lembram quando eles estavam no poder. Mas o terreno é duro e o país, pobre. O Governo nacional tem ainda pouca capacidade, mas cresce", acrescenta.
O chefe da Casa Branca acredita que este é o motivo pelo qual se deve vencer não só no terreno militar, mas também ter êxito no treinamento das forças afegãs e no desenvolvimento econômico do país.