O plano da China para aterrissar na Lua
De volta à Terra, para a decolagem, a ideia é utilizar os mesmos motores usados na descida
Redação Exame
Publicado em 27 de março de 2024 às 12h59.
A Agência Espacial da China divulgou seus planos para aterrissagem na Lua. Se tudo correr como esperado, será na próxima década. A Nasa planeja fazer o mesmo em setembro de 2026, embora os atrasos observados até o momento indiquem que a o objetivo pode ser adiado.
Segundo informações do El País, até agora, a China já colocou três aparelhos na superfície lunar nos últimos anos e lançou com sucesso o satélite Queqiao-2 na semana passada - para melhorar a comunicação da Terra e apoiar as próximas missões na chamada face oculta e no polo sul da Lua.
A China recentemente mostrou seus modelos de nave lunar com nomes específicos. Sua cápsula principal, que levará três astronautas à Lua e os trará de volta, será chamada Mengzhou (traduzida como “Nave dos sonhos”). Já o módulo de descida até a superfície foi batizado de Lanyue (“Abraço à Lua”).
O módulo chinês é mais inspirado no sistema russo (que nunca foi utilizado) do que no americano. Será montado sobre um foguete de grande porte, encarregado de executar a maior parte da desaceleração sobre a Lua até chegar a uma baixa altitude sobre o solo. Lá, irá se desprender, permitindo que o Lanyue complete os últimos metros da descida.
Pequim parece ter adotado uma solução idêntica à dos russos há 60 anos: um grande foguete descartável em plena descida e motores comparativamente fracos para a fase final do pouso.
De volta à Terra, para a decolagem, serão utilizados os mesmos motores usados na descida. Novamente, a mesma solução adotada no módulo lunar soviético dos anos 1960. Para maior segurança, aquele levava dois motores; o Lanyue terá quatro.
Se o módulo lunar chinês inteiro permanecer estacionado orbitando a Lua, abre-se uma interessante possibilidade: reabastecê-lo de combustível e utilizá-lo em uma segunda expedição.
A agência espacial chinesa ainda não esclareceu esse tópico.Uma manobra de reabastecimento em órbita exige domínio de duas técnicas: encontro automático e transferência de líquido de uma nave para outra. Em 2020, a China demonstrou com seu robô Chang'e 5 que resolveu o primeiro desafio.
A agência espacial chinesa adiantou que o Lanyue poderá operar manualmente ou em versão automática. O país desenvolveu sistemas de pouso automático que permitiram a descida várias vezes, não apenas na Lua, mas também em Marte.
Vale lembrar que nenhuma sonda chinesa jamais se chocou com a Lua. O modelo da nave lunar do país também inclui um veículo de quatro rodas dobrado e acoplado ao exterior da cabine.