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O minúsculo país da América Latina que deve se tornar meca da riqueza

Empresas fazem descoberta de superbacias de petróleo e assinam contratos bilionários; Com apenas 600 mil habitantes, país vive hoje da exploração de minérios

Casas históricas em Paramaribo, na capital: vida pacata começa a se transformar (Getty Images/Getty Images)

Casas históricas em Paramaribo, na capital: vida pacata começa a se transformar (Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 30 de julho de 2021 às 12h18.

Última atualização em 30 de julho de 2021 às 14h00.

De frente para o mar do Caribe, o menor país da América do Sul vem passando por uma transformação. Grandes companhias petrolíferas vêm fazendo importantes descobertas de reservas de óleo e gás no litoral do país. Nesta quinta, 29, teve mais uma novidade, com a TotalEnergies e a APA Corporation anunciando a identificação de superbacias de petróleo.

As empresas já preveem investimentos bilionários. Não que isso seja uma novidade na região: a Guiana, vizinha do Suriname, é outra candidata a nova meca do petróleo, com uma reserva estimada em 10 bilhões de barris. A diferença é que o pequeno país de 600.000 habitantes já tem experiência na exploração da commodity para uso doméstico e possui uma companhia petrolífera própria, a Staatsolie, que pode lhe dar alguma vantagem competitiva.

A grande questão é o que vai acontecer com o Suriname depois que o dinheiro começar a fluir. Hoje, o país vive uma vida relativamente pacata, com campeonatos de pássaros cantores aos domingos, na capital, Paramaribo, e uma certa acomdação política depois de décadas de autoritarismo e disputas de poder.

A economia, no entanto, ainda tenta se equilibrar: o país está renegociando sua dívida externa, na casa de de 700 milhões de dólares, com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e deve amargar um crescimento pífio este ano, de 0,7%, enquanto procura arrumar a casa. A receita com os royalties de petróleo deve se concretizar nos próximos anos, quando a exploração tiver início.

Hoje, grande parte das receitas vem da exportação de alumínio, ouro e bauxita. A industrialização precária faz com que seja preciso importar quase tudo, de panelas a eletrodomésticos e automóveis, desfavorecendo a balança comercial. A infraestrutura também não ajuda, com portos de baixo calado e deficiências nas estradas.

Com tudo isso, a perspectiva é de uma explosão de crescimento nos próximos anos, com a exploração de superbacias de petróleo em contratos de 30 anos com as companhias do setor, o que deverá dar a elas mais tempo para investir no país. O novo fluxo de aportes poderá aliviar as contas externas e preparar o terreno para uma expansão econômica, caso o país faça a lição de casa direito.

As apostas não estão voltadas apenas para o setor de óleo e gás. Com uma cultura que mescla tradições de origem africana, indígena e holandesa e praias com visual caribenho, uma das esperanças é que o setor de turismo possa florescer com o fim da pandemia do coronavírus. A maior parte do território do país, que obteve a independência apenas em 1975, é formado por florestas. Não deverá faltar recursos para pavimentar os caminhos do crescimento. O principal desafio a ser vencido será domar a inflação, que deve chegar a quase 50% este ano, e diminuir o desemprego, hoje ao redor de 11% -- ainda assim, menor do que o do Brasil.

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