Mundo

O governo Maduro muda para ficar exatamente como está

Espera-se que a escolha do substituto de Delcy Rodríguez como presidente da Assembleia Constituinte aconteça nesta terça-feira

Escolhidos: quem quer que seja eleito estará bem alinhado com Maduro: ele indicou Rodríguez como presidente da constituinte antes mesmo de o restante do corpo da Assembleia ser eleito (Marco Bello/Reuters)

Escolhidos: quem quer que seja eleito estará bem alinhado com Maduro: ele indicou Rodríguez como presidente da constituinte antes mesmo de o restante do corpo da Assembleia ser eleito (Marco Bello/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2018 às 05h57.

Última atualização em 19 de junho de 2018 às 06h55.

O governo de Nicolás Maduro segue mudando para que tudo fique como está na Venezuela. É esperado que nesta terça-feira seja escolhido o substituto de Delcy Rodríguez como presidente da Assembleia Constituinte, depois que ela foi nomeada como vice-presidente da república na semana passada. Quem quer que seja eleito estará bem alinhado com Maduro: ele chegou a indicar Rodríguez como presidente da constituinte antes mesmo de o restante do corpo da Assembleia ser eleito.

A Assembleia Constituinte é aquela instituição formada ano passado por Maduro num surreal processo de indicações que visava substituir a Assembleia Nacional, eleita pela população e de maioria opositora.

Rodríguez substitui Tareck El Aissami, que ocupava o cargo desde janeiro de 2017 e que foi para Ministério da Indústria e Produção Nacional, nova pasta criada pelo líder para tentar tirar o país da grave crise econômica. A nova vice-presidente é uma das aliadas mais próximas de Maduro, foi ministra da Comunicação entre 2013 e 2014 e chanceler entre 2014 e 2017, quando manteve uma retórica agressiva pela Venezuela no Mercosul, chegando a afirmar que o Brasil era uma vergonha mundial.

Enquanto a Assembleia decide rumos e cargos políticos com um governo eleito em uma votação bastante combatida internacionalmente, a população sofre. Só este ano estima-se que mais de 400.000 venezuelanos tenham deixado o país em um êxodo que reflete a retração econômica e a hiperinflação, na casa dos 14.000% — é necessário trabalhar 5 dias em um regime de salário mínimo para se comprar uma dúzia de ovos.

Dados do Exército e da prefeitura de Boa Vista divulgados ontem mostram que o número de pessoas que fugiram da Venezuela para Roraima nos cinco primeiros meses de 2018 já é 55% maior do que em 2017 inteiro. Todos os dias mais de 400 venezuelanos cruzam a fronteira. As constantes trocas de cargo no núcleo do poder venezuelano devem seguir incentivando a migração. Os nomes mudam, mas a falta de preocupação com o sofrimento da população segue a mesma.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteCrise políticaExame HojeNicolás MaduroVenezuela

Mais de Mundo

Incêndio florestal na Califórnia destruiu área maior do que a de Los Angeles

Blinken preocupado com 'ações provocativas' da China nas imediações de Taiwan

Após críticas de Trump, FBI confirma que ele foi ferido por uma bala

Exército de Israel ordena novas evacuações no sul de Israel

Mais na Exame