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O governo de Kiev diz que não entregará Crimeia

O governo pró-russo da Crimeia intensificou também a guerra de propaganda e anunciou que seis mil militares já passaram para o lado pró-russo


	Arseni Yatseniuk: "A Crimeia não se entregará a ninguém", destacou o primeiro-ministro da Ucrânia
 (Konstantin Chernichkin/Reuters)

Arseni Yatseniuk: "A Crimeia não se entregará a ninguém", destacou o primeiro-ministro da Ucrânia (Konstantin Chernichkin/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2014 às 15h32.

Kiev - O novo governo da Ucrânia, recebido com firme respaldo da comunidade internacional perante a intervenção militar russa, disse nesta segunda-feira que nunca entregará a Crimeia, onde as tropas russas fazem com o controle, enquanto nas regiões pró-Rússia do país acontecem assaltos nas sedes oficiais.

"A Crimeia não se entregará a ninguém", destacou o primeiro-ministro da Ucrânia, o ex-opositor Arseni Yatseniuk, que ressaltou que não há motivos para a invasão da região com maioria de população russa étnica.

"Não houve, não há, nem haverá motivos para o uso da força contra os ucranianos nem para o desdobramento de um contingente militar russo", afirmou Yatseniuk, que assumiu a chefia do governo na semana passada, após a queda do regime de Viktor Yanukovich.

Enquanto a Rada Suprema (Parlamento) combinava de formar um grupo encarregado de negociar com Moscou uma regra pacífica, as notícias vindas da Crimeia informavam de um avanço das tropas russas que desde o fim de semana tinham rodeadas todas as unidades militares ucranianas.

A guarda da fronteira ucraniana na Crimeia assegurou que a pressão dos militares russos para que seus soldados passem para o lado do governo pró-russo local foi intensificada nas últimas horas.

Tropas russas bloqueiam a sede da direção regional dos guardas da fronteira do Mar Negro e Mar de Azov, os destacamentos de Simferopol e Kerch e os postos da guarda marítima de Kerch e Sebastopol, segundo as autoridades ucranianas.

Também fizeram com o controle total do porto de Kerch, conexão marítima entre Crimeia e Rússia através do estreito de Kerch.

O governo pró-russo da Crimeia - ao que Kiev não reconhece, pois foi designado na semana passada em uma sessão a portas fechadas do Parlamento local e com um comando de homens armados em seu interior - intensificou também a guerra de propaganda e, com o objetivo de descer a moral ucraniana, anunciou que seis mil militares já passaram para o lado pró-russo.

Um dos lugares que se renderam hoje após ser fustigados pelas tropas russas é a base aérea tática 204 das Forças Aéreas da Ucrânia, equipada com 45 caças e quatro aviões de instrução, em Balbek, aos arredores de Sebastopol.

Tropas russas, que tomaram praticamente o controle de toda a península da Crimeia, rodeiam os dois únicos postos da Guarda de Fronteiras ucraniana que seguem nas mãos de soldados leais ao governo de Kiev, entre eles o aeroporto de Simferopol, capital da autonomia rebelde.

Mas controlam o resto dos postos no limite da Crimeia e a sede do Serviço Estatal de Guarda Fronteiras (SEG) da Ucrânia nesta região.

Em Kiev, o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, advertiu a Moscou que "haverá outras consequências e outro preço para a Rússia", além das pressões econômicas e diplomáticas atuais, se não recuar suas tropas na Crimeia.

"O mundo não pode ficar impassível diante da situação na Crimeia e dizer que tudo está bem. O líder russo (Vladimir Putin) deve ser consciente do que está acontecendo", disse, depois de se reunir em Kiev com o presidente interino da Ucrânia, Oleksandr Turchynov.

Enquanto, nas regiões do leste e do sul da Ucrânia, onde a maioria da população é russa, se intensificam os assaltos aos prédios oficiais por parte de manifestantes pró-russos, a imagem e semelhança dos protestos europeístas que se desenvolveram durante três meses em Kiev e que culminaram com a queda de Yanukovich.

Grupos de assaltantes invadiram a sede da Delegação do Governo Central da Ucrânia em Donetsk e no Parlamento regional de Odessa (Mar Negro), no leste e o sul do país.

Em Donetsk, estado de origem do deposto presidente Yanukovich, uma centena de manifestantes tomou o pátio interior da Delegação, enquanto a polícia retirava os jornalistas pela porta de atrás. A polícia fez um corredor aos ativistas pró-Rússia para permitir que cheguem de forma ordenada ao edifício, segundo a imprensa local.

Em Odessa, os assaltantes entraram na câmera quando estava realizando uma sessão, armados com cassetetes e protegidos com capacetes, após romper algumas portas e janelas, e exigiram aos deputados regionais que desobedeçam às novas autoridades de Kiev. 

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