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O gigantesco projeto Moisés para a salvação de Veneza

Gastos com o projeto que tenta impedir a histórica cidade de afundar é de € 5,4 bilhões e envolve 3 mil trabalhadores

Parte do projeto que é feito para impedir as inundações e a maré alta de atingirem Veneza (Marco Sabadin/AFP)

Parte do projeto que é feito para impedir as inundações e a maré alta de atingirem Veneza (Marco Sabadin/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2013 às 18h52.

Veneza - Cinquenta empresas mobilizadas, cerca de 20 km de obras, 3.000 trabalhadores, 5,4 bilhões de euros em investimentos: o projeto de diques flutuantes Moisés é imenso, para salvar Veneza das marés altas e das inundações.

"Temos 18 km de obras em terra e mar, e quando o sistema for concluído protegerá Veneza de uma maré alta de 3 metros", explica a arquiteta Flavia Faccioli, membro do grupo Consorzio Venezia Nuova, que reúne cinquenta empresas de vários portes encarregadas do projeto.

O custo da obra, que emprega 1.000 pessoas no local e 2.000 na fabricação dos diversos elementos que constituem o Moisés, é de 5,4 bilhões de euros.

"Não há atraso no momento, já realizamos trabalhos de 3 bilhões de euros e o primeiro teste será realizado em julho", ressalta Faccioli, confirmando a data prevista do início das operações para 2014.

O Moisés é um sistema de 78 diques móveis divididos em quatro seções nos três acessos à lagoa de Veneza, a maior, dividida em duas partes com a construção de uma ilha artificial no meio.

Esses diques, que têm a forma de caixas gigantescas, são inseridos em imensos tanques feitos no fundo do mar. Em caso de maré muito alta, esses diques serão 'inflados' com ar sob pressão e deixarão os tanques para proteger a lagoa, e, quando o perigo for descartado, eles serão novamente enchidos de água para voltar ao fundo.

Na foz do Malamocco, uma das três entradas da lagoa junto com Chioggia e o Lido, há uma floresta de gruas, e os trabalhos seguem um bom ritmo.

"Construiremos simultaneamente 11 tanques", explica animado o engenheiro Enrico Pellegrini à imprensa e aos políticos locais, entre eles o prefeito de Veneza, Giovanni Orsoni, usando coletes laranja e capacetes de proteção verde.

O canteiro de obras possui dimensões faraônicas com materiais especiais, um cimento próprio e o aço, em grande parte, inoxidável, enquanto que os tanques são monumentais.

De 60 metros de comprimento, elas se impõem também por sua altura que pode atingir 27 metros, do tamanho de um prédio de sete andares, em função da profundidade do mar onde devem ser depositados.

"O maior tanque pesa 22.000 toneladas e será transportado, como os outros, com a ajuda de máquinas especiais fabricadas por uma empresa norueguesa. Cada máquina suporta até 350 toneladas, o equivalente a um Boeing 747", explica o engenheiro.

O transporte dos depósitos "levará de um a três dias" para que algumas centenas de metros até a "sincrolift, a maior plataforma desse tipo no mundo", acrescenta Pellegrini.

O "sincrolift" é uma espécie de elevador que serve para descer o tanque no mar, onde, quando for atingida a uma distância que o permita flutuar sozinho, será levado com a ajuda de uma barca ao local onde será depositado no espaço previsto, e receberá os diques, dois ou três por tanque.

"É uma obra extraordinária, uma das mais importantes da Itália e do mundo", comentou o prefeito. "Sem a intervenção do homem, a lagoa é um ambiente que está condenado a desaparecer", acrescentou Orsoni.

A vulnerabilidade de Veneza se agravou no decorrer dos anos com a elevação do nível do mar e a Sereníssima afundou 23 cm no século XX.

Veneza registra todos os anos vários episódios de "acqua alta" quando a maré alta no Adriático ultrapassa um metro e causa o transbordamento dos canais; a água invade, então, os locais mais famosos, entre eles a Praça São Marcos.

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