Lukashenko, presidente da Bielorrússia, ao tomar posse em Minsk: não nos importamos com apoio dos ocidentais, disse (AFP/AFP Photo)
Gabriel Aguiar
Publicado em 1 de março de 2022 às 20h06.
Última atualização em 2 de março de 2022 às 09h21.
A pequena Belarus poderia passar despercebida em meio às nações que pertenciam à finada União Soviética. Só que existe um detalhe: o ditador Aleksandr Lukashenko – “presidente” desde 1994. E não faltam polêmicas no histórico do comandante, como prisão de opositores; sugerir que vodka e sauna seriam a cura para a covid-19; e, mais recentemente, ajudar a invasão da Ucrânia.
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No último domingo, 27, Lukashenko conseguiu aprovar diferentes emendas à Constituição que, na prática, aumentam ainda mais seus próprios poderes, como imunidades judicial vitalícia para os ex-presidentes de Belarus (ainda que nenhum outro tenha ocupado o cargo desde o desmantelamento soviético); além de pôr fim à determinação de que o país seria livre de armas nucleares.
Essas mudanças provocaram preocupação de nações próximas e da própria União Europeia, que já confirmou o apoio ao Tribunal Penal Internacional para investigação de crime de guerra de Belarus e, consequentemente, de Aleksandr Lukashenko na participação do conflito ao lado da Rússia. De acordo com a Ucrânia, as forças armadas belorussas invadiram o país pela região norte de Chernihiv.
Não é a primeira vez que o ditador é acusado de violações e abusos de poder: há cerca de um ano, as autoridades do país denunciaram uma bomba no avião da low-cost Ryanair – que saiu de Atenas, na Grécia, e tinha como destino a Lituânia, mas acabou desviado para Belarus. Não havia nenhuma bomba além do jornalista Roman Protasevich, opositor do governo, que acabou detido.
Outro alvo das perseguições de Aleksandr Lukashenko foi o líder oposicionista Sergei Tikhanovsky, preso no ano passado, pouco depois de se candidatar às eleições presidenciais, e condenado a 18 anos por motins e incitação ao ódio (após seis meses de julgamento a portas fechadas). Depois do veredito, a esposa Svetlana Tikhanovsky assumiu a candidatura e teve de deixar o país.
Considerado o último ditador da Europa, o comandante de Belarus tem visto banido para os EUA e para a União Europeia, o que não impediu que fosse eleito três vezes como presidente do Conselho Interestadual da Comunidade Econômica Eurasiática, entidade que reunia nações da antiga União Soviética e que acabou substituído pela União Econômica Eurasiática no início de 2015.
Como nas parodias de “comandantes supremos”, a vida pessoal de Lukashenko também é cheia de polêmicas: a esposa Galina Rodionovna vive isolada em uma fazenda e sequer aparece na biografia presidencial. Desde então, teve um filho de relação extraconjugal – que é considerado o “herdeiro” do poder – e ainda é considerado namorado de Maria Vasilevich, Miss Belarus em 2018.
Fato é que nenhuma sanção do ocidente teve efeitos práticos para mudar as dinâmicas do governo belorusso. Pelo contrário: os castigos democráticos aproximaram ainda mais Aleksandr Lukashenko da Rússia, para quem Belarus exporta quase 50% da produção e de quem recebe energia. Mais que questões econômicas, o país de Vladmir Putin é considerado um irmão ideologicamente.
Para ter ideia do que isso significa, a pequena nação ainda mantém ativo o Comitê de Segurança do Estado (ou KGB, na sigla em russo), algo que nem mesmo Moscou foi capaz de fazer após a extinção da União Soviética. De acordo com opositores e organizações de direitos humanos, a agência segue ativa e essencial para manter o “presidente” no poder. E não importa o custo para isso.
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