Novos protestos em Moscou e Hong Kong pressionam Putin e Xi Jinping
Há algumas semanas, protestos sem líderes claros, desafiam o apoio público e questionam a suposta democracia vigente na Rússia e em Hong Kong
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2019 às 06h31.
Última atualização em 16 de agosto de 2019 às 06h49.
Protestos marcados para o próximo final de semana devem levar uma nova leva de tensão política e social aos gigantes Rússia e China . Há semanas, milhares de cidadãos de Moscou e Hong Kong estão saindo às ruas para protestar, entre outras causas, contra o autoritarismo de seus governos federais. Organizadores planejam outro grande protesto este sábado, 17, na capital russa. Já na cidade chinesa, o grupo pró-democracia Frente de Direitos Humanos Civis convocou novos atos para o próximo domingo, 18.
Na Rússia, os primeiros protestos começaram como resposta a uma atitude do governo que desqualificou a candidatura de nomes da oposição que queriam concorrer a postos na Câmara dos Vereadores de Moscou na eleição de 8 de setembro. No último sábado, 10, no quinto final de semana seguido de protestos, cerca de 50.000 pessoas foram às ruas. A polícia deteve 256 participantes. O jornal Moscow Times disse que foi o maior ato na Rússia desde 2012, quando pessoas protestaram diante do retorno de Vladimir Putin à presidência do país.
Neste sábado 17, os organizadores dos atos querem protestar, além dos problemas das eleições municipais, contra a atuação violenta da polícia nas últimas semanas para conter os cidadãos e contra as prisões em massa. Por enquanto, as autoridades de Moscou ainda não autorizaram os protestos, o que pode resultar em mais detenções.
Em Hong Kong, os protestos acontecem há mais de dois meses. Assim como na Rússia, os atos não têm líderes claros, são organizados principalmente pela internet, desafiam o apoio público de seus governos e questionam a suposta democracia vigente. A principal diferença está na proporção. No maior protesto já registrado este ano em Hong Kong, em junho, estima-se que 2 milhões de pessoas estavam nas ruas do território autônomo chinês.
O estopim do movimento popular em Hong Kong foi uma proposta de lei que permitiria extraditar cidadãos da ilha para a China continental. Desde que deixou de ser colônia inglesa em 1997, o território conta com autonomia em relação ao governo central de Pequim. Depois dos primeiros atos, a administração local suspendeu o projeto, esperando que isso fosse acalmar a população. Não deu certo. Hoje, os manifestantes protestam pedindo pela exclusão definitiva do projeto, por eleições democráticas e pela libertação dos cidadãos presos nos atos. Esse é o maior desafio que o governo chinês enfrenta desde a devolução de Hong Kong pelo Reino Unido.
A comunidade internacional teme que haja uma escalada no uso de força em Moscou e em Hong Kong. Os Estados Unidos, durante a semana, anunciaram que o governo chinês havia movido tropas para perto de Hong Kong. No caso dos dois países, a repressão violenta das autoridades, em vez de desmotivar os manifestantes, trouxe mais pessoas para as ruas.