Pranab Mukherjee, ministro das Finanças da Índia (WPA/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2010 às 14h34.
Nova Déli/ Mumbai - A reputação da Índia como bom lugar para se fazer negócios sofreu um golpe depois de o governo, já atingido por um escândalo, ter acusado banqueiros importantes do setor público de aceitar propinas no valor de centenas de milhões de dólares.
O escândalo é um dos maiores até hoje a atingir a Índia, potencialmente prejudicando a imagem da terceira maior economia da Ásia como destino de investidores estrangeiros, especialmente pelo fato de vir alguns dias depois de o primeiro-ministro Manmohan Singh ter precisado defender seu governo em mais um escândalo de corrupção envolvendo licenças de telecomunicações vendidas a preços baixíssimos.
O Birô Central de Investigações (CBI) prendeu na quarta-feira cinco funcionários de companhias de crédito administradas pelo Estado, entre eles o executivo-chefe da LIC Housing Finance, acusado de receber propinas para facilitar grandes empréstimos corporativos.
Três executivos seniores de uma sociedade anônima privada também foram presos, acusados de pagar as propinas.
O ministro indiano das Finanças, Pranab Mukherjee, disse em comunicado nesta quinta que pediu que todos os bancos, instituições financeiras e seguradoras analisem sua exposição a firmas citadas pelos investigadores federais do caso.
"A mensagem não é boa, nem para o mercado nem para a economia", comentou D.H. Pai Panandiker, chefe do instituto de estudos privado RPG Foundation, em Délhi.
"Tudo isso gera uma imagem muito negativa do país e provoca perda de confiança no sistema."
Mas analistas dizem que é pouco provável que os escândalos afastem os investidores da Índia, um dos quatro mercados emergentes BRIC no mundo e destino muito procurado para investimentos.
Os investidores estão ansiosos por trabalhar com um país com 1,2 bilhão de habitantes, uma população jovem e em rápido processo de urbanização. Estima-se que o crescimento econômico seja de 8,5 por cento em 2010-11 e fique entre 9 e 10 por cento ao ano depois disso, níveis com os quais apenas a China rivaliza.
A Índia ficou em 87o lugar no ranking de 2010 da Transparency International sobre países, com base em seus níveis de corrupção percebidos -- atrás da China, que ocupou a 78a posição.
As ações de empresas indianas tiveram queda forte desde que o escândalo veio à tona, levando a uma baixa no índice de ações de Mumbai.
"As gratificações foram enormes, mais de milhares de crores (centenas de milhões de dólares)", disse a jornalistas na quarta-feira o diretor do CBI, P. Kandaswamy.
A CBI disse que as prisões vieram coroar uma investigação que levou um ano e foi realizada em cinco cidades da Índia.
Mas o governo em Délhi buscou minimizar o escândalo, dizendo que foi um incidente isolado.
"É muito pequeno, no que diz respeito ao sistema bancário como um todo. Acho que nossos bancos são muito bem regulamentados", disse Montek Singh Ahluwalia, o poderoso vice da Comissão de Planejamento indiana.
O CBI disse que os presos incluem funcionários de alto escalão do Banco Central da Índia, do Banco Nacional Punjab e do Banco da Índia, todos bancos importantes, com operações em todo o país.
Os executivos detidos ainda não comentaram as acusações, mas todas as empresas envolvidas negaram ter conhecimento de qualquer irregularidade e disseram que vão rever sua regulamentação interna.
A Life Insurance Corporation of India (LIC), maior seguradora do país e empresa-mãe da LIC Housing Finance, disse que vai nomear um novo executivo-chefe para sua unidade de financiamento habitacional.