Novas negociações do clima tentam superar COP15
Paris - As negociações sobre o clima patrocinadas pela ONU serão reiniciadas nesta sexta-feira, na Alemanha, pouco mais de 100 dias depois da Cúpula do Clima de Copenhague (COP15), cujo fracasso foi diretamente proporcional às expectativas que gerou. Os representantes dos 194 países da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) se […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Paris - As negociações sobre o clima patrocinadas pela ONU serão reiniciadas nesta sexta-feira, na Alemanha, pouco mais de 100 dias depois da Cúpula do Clima de Copenhague (COP15), cujo fracasso foi diretamente proporcional às expectativas que gerou.
Os representantes dos 194 países da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) se reúnem em Bonn de sexta a domingo para fixar um progrma de trabalho até a próxima grande cúpula sobre o clima, prevista para o início de dezembro no México.
"A reunião de Bonn será crucial para reconstruir a confiança no processo, demonstrar que será aberto e transparente", resumiu Yvo de Boer, secretário executivo da CMNUCC.
Negociado de último minuto por 20 chefes de Estado, o Acordo de Copenhague, que fixa como objetivo limitar a elevação da temperatura do planeta a dois graus, mas se mantém evasivo sobre os meios para conseguir isso, está no centro do debate.
Quase 100 países países indicaram oficialmente que apoiavam o projeto, e 75 deles anunciaram seu compromisso para reduzir ou limitar o aumento de suas emissões de gás-estufa até 2020.
Compromissos cifrados que, no entanto, a esse nível, são insuficientes para alcançar o objetivo de dividir por dois as emissões mundiais até 2050, na esperança de se manter abaixo do nível dos dois graus.
De qualquer maneira, resta uma questão delicada: como integrar às negociações da ONU o texto de duas páginas e meia do qual os países do planeta se limitaram a "tomar nota" ao término de uma última noite de caóticas transações em Copenhague?
"É complicado, mas não fazê-lo seria pior ainda", resume Brice Lalonde, embaixador francês para o clima.
Além deste assunto, que pode provocar discussões intensas, os delegados dos 194 países também devem debater as maneiras de levar adiante as negociações no futuro.
Neste contexto, devem tentar preencher o vazio - flagrante nas últimas horas de Copenhague - entre os negociadores de um lado, que administram códigos e hábitos geralmente incompreensíveis, e os líderes políticos do outro.
Também está cada vez mais claro que as negociações sobre o clima não poderão se resumir a discursos na ONU, com uma multiplicação de reuniões sob outros formatos.
No início de março, uma conferência internacional reuniu em Paris os representantes dos países das principais bacias florestais do planeta: Amazônia, Congo e Papua-Nova Guiné.
Três semanas mais tarde, em Londres, aconteceu a primeira reunião do Grupo Consultivo sobre o Financiamento da Luta contra o Aquecimento, co-presidida pelo primeiro-ministro britânico Gordon Brown e o colega etíope Meles Zenawi.
"Há um pós-Copenhague que sem dúvidas está marcado por mais pragmatismo com a ideia de acumular os avanços tema por tema", explicou Brice Lalonge.
"Depois será preciso tentar orquestrar tudo isto."