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Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2013 às 20h07.
Nova York - Nova York elegeu nesta terça-feira por esmagadora maioria o democrata Bill de Blasio como novo prefeito, para suceder o magnata Michael Bloomberg, em uma forte guinada para a esquerda, após 20 anos de domínio conservador na "Big Apple".
Além de Nova York, o dia de eleição nos Estados Unidos incluiu votações para governador na Virginia e Nova Jersey, assim como pleitos para as prefeituras de Boston (Massachusetts) e Seattle (Washington), entre outras cidades.
Em NY, De Blasio, de 52 anos e atual defensor do povo, derrotou por ampla margem o republicano Joe Lhota, segundo as projeções da CNN e do New York Times com base em pesquisas de boca de urna.
Os resultados oficiais deram a De Blasio 73,3% dos votos contra 24,3% de Lhota, de 58 anos e ex-presidente da Autoridade de Transporte Metropolitano.
Mas um dado importante na eleição foi a baixa participação dos eleitores, que ficou em torno dos 22%. De qualquer maneira, Nova York não se caracteriza por uma grande mobilização do eleitorado na votação municipal.
"Nova York escolheu o caminho progressista", disse Blasio em perfeito espanhol. Durante a campanha, o democrata se apresentou como a antítese de Bloomberg, um independente de passado republicano que deixará o cargo em dezembro após três mandatos.
"Meus concidadãos hoje se manifestaram com voz forte e clara por um novo caminho para nossa cidade, unida pela crença de que não deve deixar para trás nenhum nova-iorquino", completou De Blasio, ao lado da esposa Chirlane e dos filhos Dante (16 anos) e Chiara (18).
Nova York, a maior cidade americana, com 8,3 milhões de habitantes, é majoritariamente democrata e abriga uma população multiétnica, com 33,3% de brancos, 25,5% de negros, 28,6% de hispânicos e 12,7% de asiáticos.
Mas nos últimos 20 anos a cidade foi governada pelo republicano Rudolph Giuliani (1994-2001) e por Bloomberg (2002-2013), que exibe como uma de suas grandes conquistas ter transformado Nova York na "mais segura das grandes cidades americanas", com a menor taxa de assassinatos em meio século.
Casado com uma afro-americana ex-lésbica seis anos mais velha do que ele e pai de dois adolescentes, De Blasio encarna o multiculturalismo de Nova York.
Entre suas propostas, está aumentar os impostos para os nova-iorquinos ricos para financiar um jardim de infância para crianças a partir dos 4 anos, a construção de 200 mil casas populares e a manutenção dos hospitais comunitários.
De Blasio fez das desigualdades sua grande bandeira eleitoral. Embora Nova York seja uma das cidades com mais multimilionários no mundo, 21% da população vive abaixo da linha da pobreza. Isso equivale, segundo índice da prefeitura, a uma renda de US$ 30.944 anuais para uma família de quatro membros.
Para os 2,3 milhões de hispânicos que vivem em Nova York, a chegada de De Blasio à prefeitura deve ser benéfica, já que se trata de um político com sensibilidade para a América Latina, que fala espanhol e conhece a região.
Na juventude, De Blasio foi um admirador da revolução lançada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) nicaraguense, que derrubou o regime ditatorial de Anastasio Somoza, em 1979. Embora seu passado "sandinista" tenha causado certo sobressalto quando foi revelado pela imprensa no final de setembro, longe de negá-lo, De Blasio fez questão de defendê-lo.
Em Nova Jersey, o popular governador republicano Chris Christie foi reeleito com ampla maioria e reforçou seu nome como um dos políticos com possibilidades de chegar à Casa Branca em 2016.
Christie, de 51 anos e governador do estado vizinho a Nova York desde 2010, tinha quase 60% dos votos contra menos de 40% da rival democrata, a senadora Barbara Buono, após a apuração de 97% das urnas.
"Felicitações ao governador Christie por sua impactante vitória de reeleição esta noite", disse o presidente do Comitê Nacional Republicano (RNC), Reince Priebus.
Em 2009, Christie venceu as eleições com 48,5% dos votos, contra 44,9% de Jon Corzine.
Após a contundente vitória, o carismático governador afirmou que disputou a reeleição com o objetivo de "terminar o trabalho" iniciado em 2010 e não pensando na Casa Branca.
"Não busquei o segundo mandato para fazer coisas pequenas. Busquei um segundo mandato para terminar o trabalho. Agora observem", afirmou.
Na Virginia, o democrata Terry McAuliffe vencia a disputa para o governo estadual por pequena margem, com 47,2% dos votos, contra 46% do republicano Ken Cuccinelli, atual procurador-geral do estado e apoiado pelo movimento conservador Tea Party, após a apuração de 95% das urnas.