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Nova rodada de negociações entre EUA e Afeganistão começa em Doha

As tratativas abrem caminho para o possível encerramento de uma ocupação que já dura 18 anos

Tropas norte-americanas estão há 18 anos no Afeganistão (Parwiz/Reuters)

Tropas norte-americanas estão há 18 anos no Afeganistão (Parwiz/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de agosto de 2019 às 10h14.

Representantes do governo dos Estados Unidos e dos talibãs afegãos retomaram neste sábado, 03, em Doha, as negociações que visam um acordo que abriria o caminho para uma retirada das tropas americanas do Afeganistão após 18 anos de intervenção, uma promessa de campanha de Donald Trump.

Esta é a oitava rodada de negociações em Doha entre os insurgentes afegãos e o governo dos Estados Unidos, representado por seu emissário Zalmay Khalilzad.

Washington tenta alcançar um acordo político com os talibãs antes das eleições presidenciais afegãs, previstas para 28 de setembro.

"Fizemos muitos progressos. Estamos conversando", declarou na sexta-feira o presidente americano.

Em troca de uma retirada militar, Washington exige que os talibãs se comprometam com um cessar-fogo e cortem todos os vínculos com a Al-Qaeda.

O jornal Washington Post informou que a proposta de acordo que está sobre a mesa prevê a redução do número de soldados americanos no Afeganistão de 14.000 a 8.000.

O governo dos Estados Unidos, com a ajuda de aliados da Otan, iniciou uma operação militar no Afeganistão em 7 de outubro de 2001, menos de um mês depois de sofrer os atentados de 11 de setembro, para atacar a Al-Qaeda e seu líder Osama bin Laden, que recebiam refúgio dos talibãs.

Expulsos do poder por esta intervenção, os talibãs lideram desde então uma insurreição violenta no país.

"Buscamos um acordo de paz, não um acordo de retirada (das tropas): um acordo de paz que permita a retirada", recordou na sexta-feira no Twitter Zalmay Khalilzad.

"Nossa presença no Afeganistão está submetida a condições e qualquer retirada estará submetida a condições", completou, após uma reunião com o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, em Islamabad.

O acordo entre Washington e os talibãs abriria o caminho para um diálogo "interafegão" entre os insurgentes e uma delegação governamental. Este deve acontecer ainda em agosto em Oslo, segundo fontes diplomáticas

Até o momento, os talibãs se negaram a discutir com o governo, que consideram ilegítimo, com exceção de uma recente reunião em e Doha da qual participaram representantes governamentais "a título pessoal".

O encontro, no início de julho, terminou com a promessa de um "mapa do caminho para a paz", que incluía o retorno dos deslocados e mencionava os direitos das mulheres no Afeganistão - muitas delas temem ser sacrificadas em um eventual compromisso com os insurgentes.

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