Donald Trump: propostas elevariam a taxa de desemprego para 7% e a renda média por lar descontada a inflação se estagnaria. (Kevin Lamarque / Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2016 às 18h27.
Washington - A Moody's Analytics, subsidiária da agência de classificação de risco Moody's, afirmou nesta segunda-feira que, se o virtual candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, ganhar as eleições de novembro e realizar seu plano econômico, o país entrará em "uma prolongada recessão".
Em um relatório publicado hoje e intitulado "As consequências macroeconômicas das políticas econômicas de Trump", a Moody's Analytics repassou as propostas do magnata imobiliário em matéria fiscal, financeira, migratória e comercial e, com base nelas, projetou o possível rumo da economia americana.
"No cenário em que todas as políticas que (Trump) defende se transformem em lei como as propôs, a economia sofreria uma prolongada recessão e seria menor no final de seu mandato de quatro anos que quando ele chegou à presidência", garantiu o relatório.
Segundo as projeções da Moody's, no final do mandato do republicano haveria 3,5 milhões de empregos a menos nos EUA; a taxa de desemprego subiria do 5% atual a 7%; a renda média por lar descontada a inflação se estagnaria; e os mercados imobiliário e da bolsa perderiam valor.
No entanto, a subsidiária da agência de qualificação também contemplou outros cenários, como por exemplo um no qual o Congresso (fosse sob controle republicano ou democrata) limitasse bastante a capacidade de Trump para implementar as políticas que defende em campanha, uma possibilidade que admitiu como "a mais provável".
Se o multimilionário se visse limitado em suas propostas pelo Congresso, a Moody's sustenta que a economia "não sofreria tanto", mas mesmo assim "minguaria a respeito do que poderia ter sido sem uma mudança nas políticas econômicas".
De acordo com as projeções, os que sairiam mais beneficiados com o programa econômico de Trump seriam as famílias com altas rendas, já que, entre outras coisas, seriam as que mais teriam redução de impostos, enquanto os lares de renda média ou baixa se veriam afetados pela perda de empregos derivada de suas demais políticas econômicas.
A Moody's admitiu que quantificar os resultados sobre a economia de uma hipotética presidência de Trump é complicado pela "falta de especificidade de suas propostas", mas, apesar disso, se atreveu a aventurar que, em geral, o peso dos EUA na economia global se reduziria e que o governo federal aumentaria seu déficit e sua dívida.
A projeção de Moody's vai na mesma linha da opinião do presidente e diretor-executivo do American College of Financial Services, Bob Johnson, que nesta semana disse à Agência Efe que os investidores se debatem entre duas opções que não gostam (Hillary Clinton e Trump), embora o "consenso" em Wall Street seja que a ex-secretária de Estado é uma escolha "melhor e mais segura".
"Há um velho provérbio nos mercados financeiros, 'os mercados não gostam de incerteza', e Trump traz consigo um nível sem precedentes de incerteza, tanto à eleição como aos mercados", opinou Johnson. EFE