Manifestante anti-governo na Ucrânia: confrontos começaram logo antes do horário marcado para uma reunião de três ministros europeus de Relações Exteriores com Yanukovich (Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2014 às 10h35.
Kiev - Pelo menos 21 civis morreram em novos confrontos na quinta-feira em Kiev, interrompendo a trégua declarada na véspera pelo presidente Viktor Yanukovich. A Presidência ucraniana disse que vários policiais também morreram ou ficaram feridos.
Ativistas que atiravam bombas incendiárias e pedras do calçamento encurralaram a polícia num canto da praça da Independência, conhecida como Maidan, no centro da capital, e aparentemente capturaram vários agentes. A polícia reagiu com bombas de efeito moral.
Os confrontos começaram logo antes do horário marcado para uma reunião de três ministros europeus de Relações Exteriores com Yanukovich, na busca por um acordo entre o presidente, aliado da Rússia, e seus opositores, partidários de uma aproximação com a Europa. A reunião foi adiada por motivos de segurança, mas começou uma hora mais tarde.
Um fotógrafo da Reuters contou 21 corpos à paisana em três lugares da praça, a algumas centenas de metros da sede da Presidência. Desde terça-feira, já houve pelo menos 43 mortos, no que é disparadamente o período mais violento em 22 anos de história independente da Ucrânia.
Em nota, a Presidência disse que os manifestantes "partiram para a ofensiva". "Eles estão trabalhando em grupos organizados, estão usando armas de fogo, inclusive rifles de franco-atiradores. Estão atirando para matar. O número de mortos e feridos entre os agentes policiais é de dúzias." Logo depois das 9h (4h em Brasília) os manifestantes avançaram para uma linha mais próxima da presidência e do Parlamento. A TV mostrou ativistas em trajes de combate levando vários policiais capturados para o outro lado da praça.
Ambos os lados se acusam mutuamente de usarem munição real.
Os ministros de Relações Exteriores da Alemanha, França e Polônia devem apresentar a Yanukovich uma mistura de ameaças de sanções e ofertas de estímulos para chegar a um acordo entre governo e oposição.
"Fumaça preta, manifestações e tiros ao redor do palácio presidencial... Autoridades em pânico", tuitou o chanceler polonês, Radoslaw Sikorski, explicando o atraso na reunião.
Ativistas pró-UE mantêm uma vigília na praça desde que Yanukovich decidiu, em novembro, rejeitar um acordo comercial com a UE, aceitando em seu lugar uma ajuda financeira da Rússia.